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segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

LÁ VAI O TEMPO DO QUERO, POSSO E MANDO...


"(...) Será sempre muito difícil dialogar com ele e com ele nunca dialogaremos, porque ele está envolvido politicamente, e como a OM é uma entidade que não pode estar envolvida politicamente, o SRS não vê motivos para se reunir com o Dr. António Pedro, a não ser que ele queira reunir connosco numa perspectiva política, representando um partido político diferente (...)" - Palavras do Dr. Pedro Ramos, secretário da Saúde, publicadas na edição de ontem do DN-Madeira, pág.28/29.

Fiquei estupefacto. Como é possível? Vou por partes. 
Desde logo, quer o Dr. Pedro Ramos quer o Dr. António Pedro são cidadãos investidos em determinadas funções da sociedade. Acresce um pormenor de alguma relevância: o Dr. António Pedro foi ELEITO pelos seus pares, enquanto que o Dr. Pedro Ramos foi NOMEADO pelos seus pares partidários. Legitimidades distintas. Logo, o Dr. Pedro Ramos, secretário, contrariamente ao que referiu, é um claríssimo adepto (não sei se militante) do PSD que governa a Região, enquanto o outro representa, na Madeira, a Ordem dos Médicos, instituição política mas não partidária.  O que dirá o Dr. Pedro Ramos do presidente da OM ao nível nacional, face às críticas que tem vindo a fazer? Portanto, não faz qualquer sentido que um governante assuma, publicamente, que não dialoga com o presidente da secção regional da OM, quando, por um lado, ambos são POLÍTICOS, por outro, só o secretário é, simultaneamente, político e PARTIDÁRIO. Isto significa que, pelo menos parece, que tudo estaria bem se o Dr. António Pedro fosse dirigente ou militante do PSD. Só que o pensamento único há muito acabou!
O Dr. Pedro Ramos esquece-se que a democracia não é aquilo que deixou transparecer, mas o regime que os cidadãos querem viver. E isso implica a luta entre pensamentos contrários (mesmo que não partidários) e não de julgamentos precipitados que leve a colocar os outros como os maus da fita. Em democracia podemos não estar de acordo, mas devemos aceitar as posições dos outros. E sendo política a matéria do sector da Saúde, porque a todos diz respeito, constitui um erro bloquear o debate com aqueles que não pensam da mesma forma que o secretário partidário.
Neste quadro, publicamente, nunca li, não escutei e nem me interessa o posicionamento partidário do presidente da Ordem dos Médicos, se é social-democrata, socialista, democrata-cristão, comunista, independente, enfim, seja o que for. Desejo é que ele e a sua equipa seja POLÍTICA, que defenda, com bom senso, os princípios que emanam da OM e que, sem contemplações ou cumplicidades, desbrave caminhos que possam conduzir à solução dos dramas que o sector da Saúde vive.
Todos os nossos actos são políticos, podem é não ser partidários. Daí que, a posição do secretário da Saúde seja completamente desadequada, até porque ofende todos os elementos da direcção da OM. As instituições devem discutir politicamente os assuntos, é para isso que existem, com todas as suas convicções e de forma sustentada, mas isso não significa que, no frente a frente, em primeiríssimo lugar, estejam separadas por razões ideológicas e partidárias. E o que o Dr. Pedro Ramos deixou transparecer, repito, é que "quem não está comigo, contra mim está". E isso não é aceitável, até porque os lugares não são eternos e, amanhã, poderá ter de negociar com qualquer outro colega que dele discorde. É por estas e muitas outras que o sector da Saúde está como está.
Ilustração: Google Imagens.

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