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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

"NUNCA DIGA MAL DE NINGUÉM..."


Já se torna insuportável acompanhar os debates na Assembleia Legislativa da Madeira. Pelo menos para mim! Não é sério, porque é marginal, isto é, como soe dizer-se, não vai ao osso, aos problemas que, de facto, interessam à população. Ainda ontem, circunstancialmente, segui uma parte na qual discursava o vice-presidente do governo. Nem estive cinco minutos e mudei de estação para outra música mais agradável. Cimentei na minha consciência política, desde há muitos anos, que a arruaça, os trocadilhos, o pegar nas palavras para atingir seja quem for, não traz qualquer dividendo político. Apenas afasta as pessoas. Um dia, não me lembro onde, durante uma campanha eleitoral, uma Senhora de avançada idade, segredou-me: "nunca diga mal de ninguém. O povo não gosta. Seja sereno e credível". Na fogosidade da idade, saía-me o que queria e o que depois me arrependia. Essa Senhora foi, posso dizê-lo, professora da minha conduta política. Aprendi a lição tão sábia, porque feita de experiência e de sentimento.

Isto não significa que o Parlamento deva ser constituído por meninos de coro! Obviamente que a emoção, o humor corrosivo e a acutilância na defesa das ideias terá de estar presente. Outra coisa é a repetida mentira, o enviesamento das questões, a algazarra e o chutar para outros as suas próprias responsabilidades. Esquecer-se dos telhados de vidro! 
Aliás, a manutenção do discurso do "inimigo externo" e o da "independência" foi chão que até poucas uvas deu. Hoje, esse alijar de responsabilidades é como uma mina exaurida. Nem para consumo interno, porque, seja qual for o tema, uma grande parte dos insulanos, pelo bulir dos beiços percebem onde querem chegar. Antes era Jardim, entretanto calado, agora surgiu um Calado, de baixa profundidade, mas feito metralhadora cuja bandoleira parece não chegar ao fim. Está em todas. Ontem, fez-me lembrar o meu tempo nas matas da Guiné, onde para nos sentirmos psicologicamente menos mal, a superioridade de fogo era determinante. Se atingia o alvo não se sabia, mas, paradoxalmente, o barulho concedia um certo descanso. Ali, o capitão quase só assiste, porque cada vez mais parece não ter jeito para liderar as tropas!
Mas o curioso disto é que não há um dia, uma só sessão, uma entrevista, um artigo, uma declaração qualquer, onde surja uma voz dizendo: errámos, vamos corrigir. Isso até concederia uma certa credibilidade. Mas não, a ideia que resta é a da infalibilidade, tudo o que está feito é obra nossa, tudo o que não foi realizado é por culpa dos outros, inclusive, da oposição. Eu que gosto do exercício da política, do debate das ideias, cheguei a um ponto, confesso, que perdi a paciência. Simplesmente não assisto, tenho mais do que me preocupar, prefiro outros canais de informação, pelo nível baixo, incoerente e porque nos tratam por analfabetos ou imbecis. E a população não é parola. Quem assim os considerar "está feito ao bife".
Ilustração: Google Imagens.

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