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quinta-feira, 23 de maio de 2019

CENSURA, NÃO!





FACTO

"A percentagem de idiotas na nossa sociedade é um sinal mais do que evidente nas redes sociais e temos de combater esse tipo de situação que não pode impedir o desenvolvimento da nossa região" - Secretário Regional da Saúde.

COMENTÁRIO

Começo por deixar aqui a parte da Constituição da República a que se refere a liberdade de expressão:

Artigo 37.º
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações. 
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura. 
3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal, sendo a sua apreciação da competência dos tribunais judiciais. 
4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos.

Nas sucessivas maiorias absolutas do partido a que pertence o Senhor secretário incluem-se, também, parece-me óbvio, os "idiotas na nossa sociedade". Atingi-los desta maneira não é muito curial, porque foram esses que possibilitaram uma posterior nomeação para secretário. Adiante.
Depois, combatê-los, significa atentar contra a liberdade de expressão, em última instância, caminhar em um sentido de regresso a um passado pidesco e de censura repudiado por todos os democratas.
Acresce, ainda, que aqueles que têm uma posição diferente não estão a "impedir o desenvolvimento da nossa região". Pelo contrário, com as suas posições, desde que sérias e fundamentadas, estão a ajudar a construir uma Região melhor. Se isso faz confusão, lamento!
Eu, como muitos, senti-me no grupo dos "idiotas" (mantenho uma página na rede social Facebook) porque assumo, quase diariamente, posições distintas que não correspondem às políticas vigentes. Segundo o Senhor secretário, sou, como todos os outros visados, uma "pessoa sem inteligência, discernimento ou bom senso, ignorante, que diz tolices ou coisas sem nexo, tolo e estúpido". Como por aí se diz, "fica-se assim"... mas saiba que, da minha parte, continuarei, porque prezo a liberdade de expressão, gosto de analisar os factos políticos, como sempre fiz, sem baixar o nível de uma posição CIVILIZADA. Prefiro ser eu a um "idiota útil".
Finalmente, o Senhor secretário tem um remédio: não leia. Se não ler, não ofende. Ou, então, seleccione os sítios das redes sociais onde apenas tem a certeza que está limpo de "idiotas". 
Ilustração: Google Imagens.

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