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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Indignação


Já me prenunciei sobre este assunto, mas regresso com indignação a partir do que tem sido publicado. E com uma pergunta tão simples quanto esta: serão necessários tantos para governar estas duas ilhas da Região da Madeira? Mais uma: justifica-se esta dança de cadeiras e de banquinhos? Qualquer pessoa minimamente atenta, mesmo os que, por convicção, fazem parte da família social-democrata, certamente que olha para isto com estupefacção. Os beneficiados, obviamente que não, tal como os que se encontram na fila. Mas há aqui, do ponto de vista institucional, um claro "Estado" dentro do Estado. Repito, serão necessárias tantas figuras para governar 250.000 pessoas? E o CDS/PP, que sempre esteve na oposição e criticou, não fica incomodado com esta claríssima ida ao pote? E que justificação é dada às mudanças de titulares de serviços? Mudam, porquê? Por incompetência, por inadaptação política ao lugar? Para não se dar conta de uma  hipotética incompetência? É que, caros senhores(as), maioria absoluta é uma coisa, poder absoluto é outra, e o dinheiro sempre foi um recurso escasso para além de sair do bolso dos contribuintes.


O drama disto, que potencia a minha indignação, é olhar para uma foto, por aí a circular, de representantes do maior partido da oposição em amena cavaqueira, durante um almoço, com uma figura de um grande grupo económico face à qual, diziam, em surdina, ser necessário colocar na linha. Eu nada tenho contra os grandes grupos, desde que prevaleça a honestidade, desde que paguem os seus impostos, desde que remunerem bem e atempadamente os seus colaboradores. Felicito-os pelo sentido de risco, por gerarem postos de trabalho e por serem motores da economia. Porém, devem ocupar o seu lugar. No exercício da política exige-se que os políticos não fiquem subordinados aos particulares interesses dos empresários e lóbis que prejudicam o desenvolvimento. E isso acontece. Não vejo quem pretenda ser poder a demarcar-se, repito, fazendo minhas as palavras de outros, colocando-os na linha. Neste caso, é óbvio que não existem almoços grátis! Exactamente como não são grátis quando elementos do governo almoçam com a "farinha de primeira" cá do burgo!

Ao longo dos 45 anos após o 25 de Abril nunca assisti a tanto descaramento como agora. Ao contrário de uma imagem de contenção, de rigor, de correcção de todos os processos que levaram a Região a um brutal e insustentável endividamento superior a seis mil milhões, a loucura continua como se não existisse amanhã. Multiplicam-se os lugares generosamente pagos; há gente que quase é chefe de si próprio; não é possível o reforço de verbas para os cuidados de saúde, mas existe dinheiro para "obras"; a Educação sobrevive em um mar de enganos; a pobreza, evidente ou escondida, fez disparar as associações que mitigam essa floresta de constrangimentos (81.000 estão em risco de pobreza), enfim, é sensível uma política de gastos que, em muitos casos, não tem nada de investimento portador de futuro, porque não diversifica a economia com criatividade e inovação, apenas assenta em uma continuada luta reivindicativa por mais e mais dinheiro. 

Junta-se, na decorrência disto, muitas vezes, o debate inútil de assuntos menores, daquilo que se pode considerar como "casos do dia". Na própria Assembleia!
Falta maturidade política, sentido de responsabilidade, mentalidade de estadista, respeito pelos contribuintes, independência, transparência nos actos políticos e planeamento, muito planeamento adequado às possibilidades do país e da região. Tarde ou cedo, por necessidade, toda a estrutura político-administrativa será revista e drasticamente reduzida àquilo que é manifestamente essencial ao funcionamento da Autonomia. Até como exemplo para o país. Não me restam dúvidas sobre estas questões, porque se assim não acontecer as ruas da cidade serão invadidas pelo descontentamento popular. Exemplos não faltam por esse mundo fora e sabemos que o madeirense, apesar de, historicamente, suportar, curvado, o "baile pesado", de quando em vez, desperta para a realidade e leva tudo à sua frente. Tal como as aluviões! Lembrem-se que a grande "obra" é no ser humano e essa está por fazer.
Ilustração: Google Imagens.

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