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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Política carroceira


Escutei e mudei de canal. Falava um advogado/deputado com uma lengalenga tão repetitiva e gasta que não dava para continuar. No dia seguinte, oiço um deputado na Assembleia Legislativa e zás, "aldrabão", "mentiroso", enfim, a continuidade de um tipo de discurso cansativo e arrepiante. Mudei de estação. Não se trata apenas da forma discursiva, mas sobretudo do conteúdo. Eu diria que se criou uma mentalidade no Parlamento que fez escola. Passa de uns para os outros, como se falar alto e grosso e dissertar através de palavras grosseiras e, vezes sem conta, ofensivas, para alguns é sinal de pujança política. Quanto enganados estão! O discurso subtil, acutilante e argumentativo, até fazendo apelo à finura do humor corrosivo, tem outra elegância e resultados que não a baixeza da vergasta lesiva da dignidade dos outros e da pessoa que profere os dislates.


A Assembleia Legislativa precisa de uma tomada de consciência, de que o povo não gosta e está farto de um registo que teve o seu tempo, infelizmente. Oiço, a cada passo, desabafos descredibilizadores, certamente, também, os próprios que por lá têm assento. Curiosamente, não é só no hemiciclo. A recente treta em redor do "Mercadinho de Natal", sobretudo a forma como um governante se posicionou, diz bem de uma lógica de poder de "quero, posso e mando" absolutamente desadequado. Seja lá entre quem for, tenham as cores partidárias que tiverem, o exercício da política carece de diálogo sereno e jamais de posturas de tom totalitário, ao jeito de quem estando a perder, porque é dono da bola, resolve acabar com o jogo.
É tempo de acabar com este tipo de política nauseabunda, geradora de repulsa, feita de ataques internos e daqui para fora, até porque estão a dar sinais às novas gerações que esse é o caminho. Pobre daquele que assim actua. Ser vigoroso na defesa dos seus pontos de vista é uma coisa, debitar a ofensa, a má-criação, uma altivez sem sentido que não repetem nos corredores e na vida social, só demonstra a fragilidade de quem foi eleito para dar exemplos de dignidade. E fico por aqui.
Ilustração: Google Imagens.

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