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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

CALDO ENTORNADO...


De um lado o Senhor Farinha, do outro o Dr. Sousa. E assim ficará a comunicação social da Madeira no que concerne aos jornais diários. O círculo fechou-se apesar das promessas que tudo continuará igual no plano dos "princípios" editoriais, salientou o Dr. Luís Miguel  Sousa. Trata-se, apenas, de paleio de circunstância. Não há imprensa livre quando um dos accionistas consegue 77% do capital de uma empresa. No contexto político da Região, quem paga, manda! E ninguém se atreverá a analisar e criticar o patrão! 



O que se passa nos bastidores da vida política da Região será, no futuro, caso de estudo. Do meu ponto de vista o grupo Blandy, agora com 12%, rendeu-se depois de várias gerações terem feito do DIÁRIO um órgão regional de excelência, que lhes valeram prémios, apesar de todas as dificuldades empresariais pelas quais passaram. Tiveram indiscutível mérito. A luta, agora, é outra. O apetite é muito mais do que empresarial no espaço da comunicação social. O que está em jogo é o controlo da informação relativamente a tudo o que não interessa que se saiba. E há tanto assunto que prejudica a Região.
Já existe uma mãozinha invisível (ou talvez descarada) sobre a televisão e, doravante, os dois jornais ficam nas mãos de senhores que dominam uma grande parte da economia. Para mim, não é que constitua uma novidade, pois sempre foi uma uma questão de tempo, porque quando existem indícios do chão estar a fugir, refiro-me aos actos eleitorais, a tendência é a de apertar o controlo. Chegou o momento. Hoje estão ao serviço de uns e dos seus interesses, amanhã, de outros desde que salvaguardem as suas conveniências. E povo que se dane. Aliás, tenho presente uma foto de um almoço de elementos que se dizem da oposição com o agora patrão do DN. É atribuída a Confúcio (552/479 aC), a frase "mais vale uma imagem do que mil palavras". 
O problema é sempre de oportunidade, visão em função das vantagens e de compra de consciências. Nada mais. O resto é fumo. O drama é que não vejo quem seja capaz de relegar o que está na frente dos olhos. Se esperam que o povo tome consciência e se canse, melhor será se sentarem. Quem tem a comunicação social nas mãos fica na esfera da maioria absoluta. 
Seja lá por quem for, curvo-me perante o sucesso empresarial, quando estão em causa postos de trabalho e desde que toda a actividade seja rigorosamente transparente. Que não exista pelo meio partes sombrias, negócios políticos, bloqueios directos e indirectos à vida, vivência e convivência democráticas, que as mais subtis e legítimas iniciativas não tragam no seu bojo a manobra que visa o controlo absoluto da sociedade, embora por meios doces e ditos "democráticos". Portanto, se já é difícil respirar a liberdade e a democracia, doravante, com o controlo da comunicação social, será uma questão de tempo e ela, tendencialmente, funcionará como um funil: mais aberto em alguns períodos, estreitando-se nos momentos cruciais da decisão onde o voto acontece. 
Pela minha parte, porque deixei de acreditar e pela consideração que me merecem tantos com quem nutro amizade e simpatia, deixei de ser assinante. Vale o que vale, mas trata-se de um acto de respeito por mim próprio e por várias gerações que, apesar de muitas críticas, fizeram do DIÁRIO uma referência.

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