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segunda-feira, 16 de março de 2020

O VÍRUS E A CAMPAINHA DE ALARME


O meu tempo de vida permitiu seguir o melhor e o pior. Foram tantos, mas mesmo muitos os momentos de uma indescritível vivência e desfrute do que foi possível ao Homem, através da ciência, transformar e conquistar no sentido do seu relativo bem-estar; mas também muitos outros, incontáveis, de desesperança nesse Homem que tudo atropelou, gerando desencantos sem fim, provocadores de dolorosas guerras, de fome, de sucessiva degradação ambiental e de arrepiantes e persistentes assimetrias económicas, financeiras e sociais que muito fazem doer. 

E vem um vírus, sorrateiramente, silencioso e invisível, como que, simbolicamente, a questionar sobre o porquê de tanta desmedida ambição, sobre a suja luta pelo dinheiro fácil, sobre a mentira, sobre a corrupção a todos os níveis, sobre a perda do sentido da medida, sobre a desumanidade nos "Direitos do Homem", sobre o individualismo e o egoísmo, sobre a secundarização dos princípios e dos valores que deveriam nortear este tempo que deveria se constituir como consequência da inteligência e do bom senso do Homem. Um vírus que não necessita do enriquecimento de urânio para matar em larga escala. Ele é a "bomba atómica" que se fragmenta a todo o momento, colocando-nos o rótulo da fragilidade.
Não resisto a trazer à colação um pequeno texto do Padre Martins Júnior, publicado no seu blogue "Senso & Consenso":

"Envergonhem-se, parem, escondam-se!
Um breve espirro, saído do mais frágil ser humano, é mais poderoso que todos os vossos arsenais de guerra!!! 
“Vejam agora, ó sábios na Escritura
Que segredos são estes da Natura” - Luís Vaz de Camões
“Lembra-te, ó Homem: Hoje és pó erguido, amanhã serás pó caído” - Padre António Vieira. 

O arrepiante vírus, nos tempos que correm, deveria levar-nos a pensar os actos e a efemeridade da vida. Deveria funcionar como uma campainha de alarme para tanta correria inútil.
Mas este não é um tempo para equacionar, politicamente ou de qualquer outra forma, sobre os desconfortos que ocorrem debaixo dos nossos olhos de actores e observadores. É sobretudo tempo de reflexão, tempo de conceder espaço a outras prioridades e tempo de um rigoroso cumprimento do que recomendam as autoridades de saúde. Temos de vencê-lo e vamos vencê-lo, pelo lado do absoluto rigor e bom senso. Respeitemo-nos uns aos outros nesta luta desigual. Ah, e retiremos os necessários ensinamentos.
Por isso, porque não faz sentido escrever sobre assuntos não prioritários, tal como escreveu o meu Amigo Padre José Luís Rodrigues, "(...) Entro hoje em quarentena de facebook. Não há prazo. Esperemos que seja breve. Não quero contribuir para a intoxicação generalizada que estamos a viver. Coragem e descansem, vai correr tudo bem". 
Ilustração: Google Imagens.

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