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sexta-feira, 19 de junho de 2020

A escola do insulto


Como é possível? Quarenta e seis anos depois de Abril os representantes do povo (?) abrirem a boca e deixarem sair as maiores alarvidades! Senhores deputados, não foi para isto que o povo vos elegeu. Estão aí sentados para discutir, na diferença, os problemas que a todos afecta. Estão aí para fiscalizarem a actividade do governo, para recomendar e para legislar no sentido do crescimento e  do desenvolvimento da Região. Não foram eleitos para darem nota ao povo de quem é capaz de dizer o maior e mais aleivoso e acintoso disparate. 


É uma história com dezenas de anos. Que fez escola! Há gente que entende que é com a arma da ofensa, com um arsenal de palavras impróprias, com um constante metralhar no sentido da desvalorização dos outros que se tornam credíveis. Pobre gente que segue tal caminho! Procedem assim porque lhes falta capacidade técnica, científica e política para o debate; falta-lhes humor e a fina ironia no combate político. Essas insuficiências, aliadas ao carácter, conduzem ao mais fácil: à desconversa, ao insulto, à injúria e a exageros no sentido da diminuição e aviltamento das figuras face às quais exista uma posição política distinta.

Um pouco, também, por isto, os eleitores afastam-se das urnas, metem todos dentro do mesmo saco, porque não sentem que valha a pena apostar na sua representação no primeiro órgão de governo próprio. Sempre foi assim, bastando uma paciente leitura do "Diário das Sessões". A agressividade dos últimos tempos e certas cenas de "bolinha vermelha" acabam por ser mimos quando comparados com as ofensas frontais e reles constantes das actas. Nem dão conta que a ofensa corresponde a uma clara defesa de quem a produz e a um fracasso pessoal e institucional.

Há uma crónica ausência de dignidade ou, melhor dizendo, de saber estar e, portanto, já não se trata de "uma casa de loucos" como já foi apelidada, mas de um órgão que perdeu o respeito por si próprio. Podem alguns vender a consciência, esquecer-se do que ontem disseram, manipular as situações em função dos seus interesses de vida ou de grupo, porém, no mínimo, não ultrajem nem transgridam relativamente à fronteira da boa educação. Porque a má educação redunda sempre em maus exemplos para a sociedade.
Ilustração: Google Imagens.

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