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sábado, 27 de junho de 2020

Andam a brincar com a água


FACTO

"(...) Que não haja dúvidas: a situação actual na Região Autónoma da Madeira (RAM) é extremamente grave e os números falam por si: apenas cerca de 30% da água que sai dos reservatórios para a rede é facturada aos consumidores, ou seja... 70% de perdas! Para que se tenha uma noção da magnitude deste valor atente-se que, por exemplo em Portugal Continental, as perdas são de, aproximadamente, 30% (quase 2,5 vezes menores)" - Ricardo Silva Ramos, artigo de opinião hoje publicado no Dnotícias.

COMENTÁRIO

Não é que constitua um facto novo. Desde há muitos anos que se sabe do desperdício deste que é um recurso escasso, embora pareça abundante e inesgotável. O autor do artigo traz este assunto à colação, nesta primeira abordagem, em tom de sensibilização, facto só por si extremamente importante. Parafraseando, eu diria que o articulista jogou com o aforismo: "água mole em pedra dura ...". Oxalá!

Mas há uma segunda leitura, de natureza política, que se circunscreve a uma pergunta simples e directa: afinal, o que andaram os vários governos a fazer perante tão grave problema?

Coexistem dois problemas para que se tivesse chegado a esta dramática situação: primeiro, este tipo de obra é "invisível", porque o lançamento ou substituição de condutas faz-se, normalmente, no subsolo. Não dá oportunidade para inaugurar com pompa e circunstância. Sabem que são obras importantes, mas não garantem a visibilidade de um túnel, de um edifício ou de uma rotunda, com banda e comes-e-bebes; em segundo lugar, constata-se o eterno jogo do empurra: o governo atira a responsabilidade para as autarquias e estas para o governo. 
Podia o governo, no quadro do principio da subsidiariedade, delegar essa responsabilidade nas Câmaras Municipais, acompanhada do correspondente financiamento através de contratos-programa. Porém, não o tem feito de uma forma clara, contínua e absolutamente determinada. Por seu turno, as Câmaras Municipais, por limitações financeiras, encolhem-se e vão operando, aqui e ali, melhor dizendo, remendando aquilo que necessita de uma visão global. 
No essencial, trata-se de uma obra estratégica que não deve pertencer a esta ou àquela instituição. Tem de ser assumida com a responsabilidade de todos, sem amuos e críticas, quando os telhados de vidro são imensos. 
70% de perdas é inexplicável no quadro autonómico. Ademais, quando, amiudadas vezes, se fala de "incompetência"... dos outros!

Ilustração: Google Imagens.

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