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segunda-feira, 9 de julho de 2012

MOMENTOS CONTURBADOS NA RTP-MADEIRA?


A RTP-Madeira tem uma história e, hoje, é consequência de muitas situações obscuras e nunca esclarecidas, sobretudo, nos últimos anos, inclusive, em sede de Assembleia Legislativa. A RTP-Madeira é consequência de muitos interesses político-partidários, de relações de amor e ódio do poder, de subserviências, de distribuição de lugares, de "bons" telefones, de pressões e de promoções indevidas, de graves assimetrias nos salários, de perda de autonomia sem pio, enfim, um pouco de tudo isto. A RTP-Madeira é, no essencial, o espelho da Região onde o subsiste o medo. E quando ele existe tal não favorece uma informação livre e criativa, diária e não diária. O poder dela tem medo e quem lá desempenha funções tem medo do poder. Poucos, muito poucos, e eu conheço pelo menos um que afrontou o poder mantendo-o em respeito. Muitos deixaram-se ir ou engoliram em seco não só os constrangimentos como as pressões. E um dia resolveram ir à vida, resolveram dizer basta! Por outro lado, gerir uma televisão não é o mesmo que gerir um aviário ou um restaurante. A televisão implica um currículo, um passado de experiência no meio áudio-visual e da informação, capaz de possibilitar consistência nas opções através de um conhecimento que está muito para além dos actos gestionários. É difícil, ora se é. A independência dá trabalho e chatices, obviamente que sim. Só que pelo atalho por onde se meteram, têm ainda mais trabalho, chatices e cada vez menos independência. Por este caminho, tarde o cedo, ficará como uma pequena janela de um canal nacional.



Penso que se torna necessário conhecer todas as partes do filme, que tem já alguns anos, conhecer bem os contornos muito pouco transparentes que envolve gente de cá e gente de lá, clara e historicamente conluiada, para perceber o que se está a passar. Há uns que entraram no intervalo e, portanto, são capazes de não perceber todo o enredo deste filme a preto e branco; outros, adormeceram face aos cânticos do "vigia da quinta".
Ora, a RTP-Madeira tem uma história e, hoje, é consequência de muitas situações obscuras e nunca esclarecidas, sobretudo, nos últimos anos, inclusive, em sede de Assembleia Legislativa. A RTP-Madeira é consequência de muitos interesses político-partidários, de relações de amor e ódio do poder, de subserviências, de distribuição de lugares, de "bons" telefones, de pressões e de promoções indevidas, de graves assimetrias nos salários, de perda de autonomia sem pio, enfim, um pouco de tudo isto. A RTP-Madeira é, no essencial, o espelho da Região onde o subsiste o medo. E quando ele existe tal não favorece uma informação livre e criativa, diária e não diária. O poder dela tem medo e quem lá desempenha funções tem medo do poder. Poucos, muito poucos, e eu conheço pelo menos um que afrontou o poder e mantendo-o em respeito. Muitos deixaram-se ir ou engoliram em seco não só os constrangimentos como as pressões. E um dia resolveram ir à vida, resolveram dizer basta! Por outro lado, gerir uma televisão não é o mesmo que gerir um aviário ou um restaurante. A televisão implica um currículo, um passado de experiência no meio áudio-visual e da informação, capaz de possibilitar consistência nas opções através de um conhecimento que está muito para além dos actos gestionários.
Poderia aqui discorrer sobre as questões de fundo desta RTP-Madeira. Não o vou fazer, directamente. Deixo aqui, apenas, parte de um texto que aqui publiquei em 01 de Junho de 2010. Há dois anos! Entendam-no como quiserem, a partir da notícia de ontem do DN-Madeira que dá conta de alguma perturbação interna. 
"(...) E o problema disto não está nos seus trabalhadores em geral, desde administrativos até aos técnicos passando pelos jornalistas. O problema, como salientou H. Mintzberg, está no vértice estratégico e não no centro operacional. É do vértice que as orientações são emanadas, percorrendo toda a estrutura até ao centro operacional. O problema é esse, conjugado com a posição de P. Drucker quando observa que "finalidade e missão da empresa são tão raramente consideradas que talvez essa seja a principal causa de frustração e fracasso das empresas". Ou, então, na palavra de Andrew Campbell, no livro Sentido de Missão, por ausência de quatro elementos fundamentais: finalidade, estratégia, padrões e comportamentos. A televisão da Madeira não tem vértice estratégico, não tem finalidade, estratégia, padrões e comportamentos e, assim, só pode ser aquilo que é. E isto não é por culpa dos operacionais mas por culpa de quem tem a responsabilidade de criar o sentido de empresa num quadro de qualidade.
Se olharmos aos cinco níveis de turbulência desenhados por Igor Ansoff, no que concerne ao planeamento (estável, reactivo, antecipativo, exploratório e criativo) eu diria que esta televisão encontra-se no domínio estável (1900) com algumas preocupações reactivas (1930). Tem, por isso, um longo caminho a percorrer. Esta televisão da Madeira cumpre aquilo que Shiller, H., in The Mind Managers, sublinha: “(…) Os gestores dos media criam, processam, refinam e presidem à circulação de imagens e informações que determinam as crenças e atitudes e, em última instância, o comportamento”. De facto, quando produzem, deliberadamente, mensagens que não correspondem à realidade da existência social, os gestores dos media acabam por se tornar gestores das mentes. É o que a RTP-Madeira faz com o seu "exemplar" trabalho. Jorge de Campos, in A Caixa Negra, cita Jacques Piveteau: “o espectacular transformou-se numa droga cujos efeitos não podem acalmar-se senão através do consumo sempre acrescido de doses cada vez maiores”. É o que a RTP-Madeira faz ao promover uma e só uma verdade. E a este propósito, K. Popper e J. Condry, no livro Televisão – um perigo para a democracia, alertam para o facto da televisão ser, hoje, “incapaz de ensinar o que é necessário à sua evolução” (desenvolvimento). Por seu turno, Umberto Eco, in Apocalípticos e Integrados, adverte que a "civilização democrática salvar-se-á se da linguagem da imagem se fizer um estímulo à reflexão crítica e não um convite à hipnose". O que porém acontece é que, na linha de pensamento de Aor da Cunha, servem para “moldar, esticar ou comprimir imagens com textos que reproduzam a vida política, social, cultural e económica à sua maneira, conforme os critérios ideológicos e particulares do momento não só dos jornalistas, mas também segundo os "proprietários" dos emissores (…)".
Deveria, pela essência de tudo isto e muito mais, a RTP-Madeira repensar a sua atitude, a sua independência, os seus princípios e valores, a sua missão e, por extensão, a qualidade do serviço que presta, no sentido de tornar-se em um serviço público no qual todos possam ter interesse e orgulho. A televisão é sobretudo imagem, movimento, dinamismo, investigação e qualidade dos textos. A televisão não deve ser, apenas, a "televisão dos sentados" (programas de estúdio). A RTP-Madeira não é uma televisão de bairro, transmitindo em circuito fechado. Tem responsabilidades na sua programação, tem de ter noção que não pode nem deve competir com outros canais, que tem de ser referência nos momentos mais nobres, deve assumir que a informação diária deve ser gerida de dentro para fora e não ao contrário, que todas as peças dos serviços de informação têm de ser enquadradas (não podem ser do tipo entra aqui e corta acolá), porque o espectador tem o direito à informação perceptível, tem de assumir que as perguntas óbvias todos as dominam e conhecem as respostas e, portanto, as questões complexas é que devem ter primazia, seja com quem for a entrevista ou seja qual for o comentador.
É difícil, ora se é. A independência dá trabalho e chatices, obviamente que sim. Só que pelo atalho por onde se meteram, têm ainda mais trabalho, chatices e cada vez menos independência. Por este caminho, tarde o cedo, ficará como uma pequena janela de um canal nacional. E isso desde já lamento, porque há excelentes profissionais na Região em todas as áreas, o problema é de conhecer o caminho, dar as mãos e (re)construir um serviço que tem andado ao serviço do poder regional que, quer aquilo assim... como está!
Ilustração: Google Imagens.

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