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quinta-feira, 31 de março de 2016

"O QUE NOS VALE É QUE HÁ MAIS CRISTO ALÉM DA MITRA"


O Padre Martins Júnior escreveu um texto no seu blogue Senso&Consenso que, no actual contexto, é notável. É directo e incisivo. Mordaz, até. Porque tem sido uma pessoa ofendida ao longo de muitos anos e, legitimamente, reage. Eu, Cristão, continuo sem perceber, ou se calhar percebo, o silêncio do Bispo do Funchal D. António Carrilho relativamente à suspensão "ad divinis" do Padre Martins. Não faz qualquer sentido que esteja nas tintas para a vergonha perpetrada sobre um membro da Igreja e sobre um povo que o abraça. Já não há paciência para suportar cumplicidades sujas, como se fosse desejável a manutenção de um cordão umbilical entre o Paço Episcopal e o poder político. O Padre Martins Júnior é uma vítima desse poder político e o Senhor Bispo um cúmplice de uma estratégia política há muito montada. Pela enésima vez, oiça Senhor Bispo, se o Padre é culpado de alguma coisa que o julguem em Tribunal Eclesiástico. Apresentem provas, dirimam os factos históricos, absolvam ou condenem, mas acabem com esta treta. E se for absolvido que tenham a HUMILDADE de pedir PERDÃO. Tão simples, na esteira deste Papa Francisco. Sinto-me revoltado quando a Igreja a que pertenço se apresenta, por clara omissão, contrária aos princípios e valores da Palavra. Deixo aqui o texto do Padre Martins Júnior... 


"Não era este o tema que reservei para terça-feira de Páscoa. Creiam, mesmo, que as mãos me pesam mais que noutros dias sobre este teclado de notas alfabéticas. A qual músico e a qual ouvinte agrada tocar ao piano repetidas dissonâncias ou escutar cacofónicas percussões? Por isso, quero ser breve. Desde logo, pela motivação circunstancial que amigos meus me trouxeram acerca de um incidente ocorrido numa das pacatas nortenhas paróquias da Madeira onde foi solicitada a PSP pelo respectivo jovem pároco. Perante a minha quase indiferença em relação à notícia (para mim, mais do mesmo) fiquei amarrado à “provocação” dos meus amigos interpelantes: “Então não reage? Vai fazer o mesmo que a diocese que se esconde sempre nos silêncios cúmplices?”
Aqui vai, pois, uma pequena amostra do que penso e sinto.
A Diocese, no feminino (em francês é masculino, le diocèse) é uma entidade abstracta, sobretudo entre nós, ilhéus. Não tem rosto, duvido que tenha alma, pelo menos, alma evangélica. Quando é chamada à colação, não reage. Usa uma arma secreta: o silêncio dos cemitérios. Entretanto, ela reconhece-se pelo corpo, nas suas estratégicas aparições, nas paradas espectaculares, nos jantares e inaugurações governamentais, nos arraialescos festejos de verão e nos partos litúrgicos pré-natais. De longe dá nas vistas pela anafada cinta vermelha e pelo régio brilho de uma cruz dourada, à imagem e semelhança dos brasonados oficiais do reino.
Falo do que se vê a olho nu. E de mais alguma coisa que vi, sobretudo, nos três últimos titulares madeirenses, de entre os sete que conheci como inquilinos do Paço. Confrange-me -.mas não afecta a minha fé no Cristo Nazareno, anti-sinagoga e anti-diocesano – sim, confrange-me olhar a paisagem. Numa ilha pequena, Madre das Cristandades de outrora, onde nos tempos mais recentes tem reinado a prepotência política, o favoritismo, a mediocridade e o nepotismo, esperava-se (e os madeirenses mereciam) um pastor verdadeiro, cuja mitra fosse cultura e talento e cujo báculo fosse “chicote no templo dos vendilhões” e, por outro lado, arrimo seguro para os mais débeis do seu rebanho, os proscritos dos poderes mundanos. Em vez disso, porém, coube-nos a sorte de uma diocese, corpo sem alma lá dentro. Diocese-Instituição. Há modestas autarquias rurais com melhor e mais responsável sentido de liderança, vigilante e humanista. Talvez até simples associações e colectividades de bairro, porque têm alma e dão o corpo às balas, em defesa da Verdade que professam.
Pelo que acabo de dizer, nada me espanta o “lavar-de-mãos na bacia de Pilatos” por parte da Mitra. Ê mais do mesmo. Um eclesiástico subalterno entende transgredir as mais elementares normas urbanísticas, outro espuma retaliação contra uma instituição centenária e exclui-a da igreja-mãe a que sempre deu colaboração; este chama a polícia, aquele abre-se aos apetites políticos de um governo que lhe faz obras faraónicas, inúteis – e onde está a Diocese? No retiro dos cenóbios ou na paz dos sepulcros. Um bispo toma conta de uma quinta, legado pio para abrigo dos sacerdotes na sua velhice – e que diz o hierarca diocesano? Zero!
Termino já, porque não me conforta nada pôr a secar na via pública o estendal de roupa esfarrapada que não aquece a nudez de ninguém.
Ficaria, porém, incompleta a mensagem aos meus amigos interpelantes deste dia 29, se não citasse a resposta da Diocese – a mesma entidade sem rosto, não se sabe quem responde, se o Chefe ou se o vice - que ofereceu como antídoto e consolo, no caso da paróquia nortenha, uma receita de “misericórdia” perante duas devotas que, a pedido do jovem pároco, a polícia devia expulsar da igreja.. Misericórdia! É o que está na moda neste ano de abrir de portas. Nem me apetece comentar. Seria uma boa deixa para Dante escrever uma outra versão da “divina comédia”, revista e actualizada.
Misericórdia! Não brinquem nem nos tomem por tolos. Terá sido por “misericórdia” que a Diocese deu aval ao Governo Regional para mandar 70 (setenta) polícias atacar e esvaziar a igreja da Ribeira Seca, em 1985?... Foi por “misericórdia” que cortou a essa igreja a venda das hóstias para a Eucaristia?... Foi também por Santa “misericórdia” que não deixou entrar nessa igreja, em 8 de Maio de 2010, a Imagem Peregrina?... E será por que carga “misericordiosa” os bispos da Madeira, há 42 anos, não têm força para administrar o sacramento do Crisma na igreja da Ribeira Seca?..
Misericórdia, Papa Francisco – dizemos nós. Quem tem ouvidos de ouvir, entenda. Quem tem olhos de ver, interprete os factos.
O que nos dá força é que há mais Vida além da Diocese. O que nos vale é que há mais Cristo além da Mitra." 
29.Mar.16
Martins Júnior

quarta-feira, 30 de março de 2016

PRIMEIRO ANO DE GOVERNO DA MADEIRA É UMA COMÉDIA DE ENGANOS


Quem acreditou, concedendo o voto, tem razões para sentir o desconforto. É que não está em causa o stop à “obra” pública ou as mal explicadas e polémicas substituições em cargos políticos, mas sim para onde caminha a Região. E isso ninguém sabe. O governo transmite a imagem de um departamento da função pública que abre e encerra, pontualmente, todos os dias. Cumpre o horário, despacha o normal e o anormal, comparece aos actos protocolares e autopromove-se através dos seus gabinetes. Políticas estruturantes de natureza económica, educativa, de saúde, de assuntos sociais, vectores fundamentais portadores de futuro, do crescimento e do desenvolvimento, não são perceptíveis. É sensível uma política de transmissão de uma imagem serena, feita de palcos e palavras, de sessões contínuas de filmes em cena há tantos anos, não de pensamento acerca do futuro.


A coisa vai funcionando, viciosamente, mas governar é muito mais do que isso. Alguém saberá como resolver o dramatismo da impagável dívida e as políticas económicas associadas, mormente as do desemprego que cresce descontroladamente? Alguém está interessado em gerar linhas orientadoras de um novo e basilar sistema educativo? E a saúde esgotar-se-á no debate em redor de um novo hospital? E a aflitiva pobreza, os imensos dramas vividos nas margens sociais e as questões da solidariedade resolvem-se com iniciativas folclóricas que nascem e morrem no mesmo dia?
Seria curial que, em função da gigantesca dívida herdada pelos confrades, emergisse sinceridade no discurso político, transmitindo à população as múltiplas impossibilidades e que, no mínimo, restassem as convicções de um percurso estruturado no bem-estar futuro. Nem isso acontece. Assiste-se a uma representação teatral, a uma comédia de enganos, que não consegue disfarçar uma certa impreparação para a complexidade do acto de governar. Ao contrário de transmitir uma imagem de grupo coeso, firme e posicionado na dianteira dos problemas, tem ficado o sentimento da desarticulação entre sectores e uma encenação que tenta disfarçar, inclusive, as tensões partidárias internas, o que tem sido provocador de uma corrida, permanentemente insensata, ziguezagueante e de promessas adiadas, sempre atrás das circunstâncias. O governo, muitas vezes, parece-me mais guiado pelo “Diário” e não por um eventual pensamento político. 
O problema é que há políticos deslumbrados, no governo e na Assembleia, para os quais parece mais valer o lugar que ocupam que a importância da função que desempenham. Resquícios do passado ou hereditariedade política, talvez. E isso é um problema que em nada ajuda na construção de uma região próspera. Ai, ai, se este quadro acontecesse no Continente, com a massa crítica exigente e implacável!
NOTA
Texto da minha autoria, publicado na edição de ontem do DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 29 de março de 2016

SUBSÍDIO DE MOBILIDADE E A INCAPACIDADE DE OUVIR OS UTENTES


O secretário regional da Economia, Turismo e Cultura continua a defender as vantagens do subsídio de mobilidade. Na sua opinião é tão fantástico que, agora, qual paradoxo, culpa o governo da República pelo atraso na revisão do modelo. Cheguei a pensar que o erro de avaliação seria meu, tanta foi a propaganda feita. Calei-me, até porque não tenho viajado com regularidade. Mas tenho seguido os comentários, as "cartas do leitor", as peças jornalísticas, os textos nas redes sociais e tantos desabafos com quem me cruzo, desde agentes de viagens a pessoas do meu círculo de amizade. Porém, o discurso já não é substancialmente o mesmo, o secretário que, em nome do governo, só via maravilhas, assumiu, hoje, que o regime é "francamente positivo". Parece que já não é indiscutível e, daí, toca a atirar a batata quente para Lisboa. Pergunto, então, por que não ouviu, atempada e serenamente, aqueles que duvidaram e colocaram em causa as fragilidades do regime em vigor? 


Governar implica ter uma enorme humildade e capacidade de auscultação. Não é que tudo o que por aí possam dizer seja correcto, até porque as pessoas não dominam todas as variáveis, mas existe uma vivência e conclusão derivada da utilização de tal regime. E essa é a melhor percepção que se pode ter. Parece-me muito pouco sensato insistir na defesa de uma posição quando, de forma generalizada, as queixas são muitas. As tarifas foram inflacionadas e a pouca-vergonha dos preços praticados em épocas festivas demonstram que, afinal, este regime deveria ter sido melhor pensado, quer na vertente dos custos para o utilizador, quer para o Estado. Ainda hoje um leitor deixou escrito no online do DN em resposta ao secretário: "(...) Positivo para quem? Para mim e para a maioria dos viajantes madeirenses de certeza que não foi. (...)" - Daimex
Mas este governo parece-me que segue peugadas do anterior. Diz-se dialogante, mas a prática é outra. Talvez seja por inexperiência política e governativa, porque por soberba talvez não seja. Concedo o benefício da dúvida.
Ilustração: Arquivo próprio.  

VERGONHA MUNDIAL: 27 MILHÕES DE ESCRAVOS!


Nos últimos dois anos, a fotógrafa Lisa Kristine viajou pelo mundo e documentou a realidade dura da escravatura nos tempos modernos. Lisa partilha imagens estonteantes — mineiros no Congo, pedreiros no Nepal — que revelam a situação das 27 milhões de almas escravizadas por todo o mundo. Uma vergonha para a HUMANIDADE. Vale a pena assistir a este vídeo realizado em Janeiro de 2012.

 

segunda-feira, 28 de março de 2016

TRANQUADA GOMES E IRENEU BARRETO UNIDOS NO REFRÃO "PAZ, PÃO..."


Que o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, partidariamente, faça um elogio à actual governação e um auto-elogio ao desempenho do primeiro órgão de governo próprio, compreendo. A família protege-se, como é óbvio, mesmo que, as palavras de elogio tenham sinais contraditórios. O Dr. Tranquada Gomes, viveu anos naquela Assembleia e nunca se ouviu a sua voz contra aquilo que hoje diz ser a necessidade de "credibilização das instituições, um melhor diálogo entre a República e a região" e "uma nova forma de fazer política". Será que está a fazer um mea culpa pelas sistemáticas alterações do "Regimento" sempre no sentido de limitar a palavra à oposição? Ora bem, vir agora assumir que "muita coisa mudou" e que se abriu "um novo ciclo" no arquipélago, constitui um paradoxo e uma pública desconsideração face a várias cumplicidades políticas passadas, até para quem o convidou para deputado! 


Mas o que é mais estranho e, politicamente, muito pouco sensato, são as declarações do Senhor Representante da República, Juiz Conselheiro Ireneu Barreto, que declarou que o mau relacionamento entre a região e a República nos mandatos do anterior Governo insular, liderado por Alberto João Jardim, "muitas vezes era mais aparente que real". Aparente? As ofensas dirigidas, os sistemáticos enxovalhos de figuras públicas e, por exemplo, o fantasma de um movimento independentista, pode considerar-se aparente? Questiono, pode o Senhor Representante assumir que, o essencial da política são os resultados e que "nós podemos dizer que, no tempo do dr. Alberto João Jardim, a região conseguiu alguns bons resultados"? Seis mil milhões de dívidas, facturas escondidas, valores não reportados, pobreza e desemprego galopante são bons resultados? O processo "Cuba Livre" espelha esse bons resultados? E quais são, apetece-me perguntar ao Senhor Representante, os resultados do último ano de governação para que possa dizer que "também tem dado bons resultados à região"? Diga, quais? Exemplifique, com factos e números. Ou será que o exercício da política se baseia em cosmética, dando a entender uma realidade que não existe? Uma coisa é o triângulo Palácio de S. Lourenço, Assembleia, Quinta Vigia, outra bem diferente é o que se passa no tecido familiar e empresarial. E aqui, insisto na pergunta, onde estão os "bons resultados"? Saberá o Senhor Representante o que se passa na Assembleia? 
Julgo que a ambos, ao Presidente da Assembleia e ao Representante da República, lhes falta sair dos gabinetes e andarem por onde está o povo, no interior e no litoral, nos locais mais recônditos até aos mais perto dos olhos, nas ruas, becos, travessas e impasses, nos bairros, nas escolas, nos hospitais, junto de todos que têm direitos, mas quase nula justiça social. Falta-lhes essa experiência, para sentirem o cheiro da pobreza, os desconfortos, a sina de quem nasceu pobre e como alguns políticos os atiraram para a margem! 
Finalmente, o Senhor Representante tem todo o direito de ter um posicionamento político-partidário, como tenho o meu, mas no quadro das suas funções de Estado, que, aliás, já deveriam ter terminado, deve ser comedido e distante. Que o Dr. Tranquada Gomes teça loas ao desempenho do seu partido, enfim, qualquer pessoa compreende, o Senhor Representante, não.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 27 de março de 2016

DOMINGO DE PÁSCOA



A todos quantos por aqui passarem desejo um Santo Domingo de Páscoa no seu significado mais puro e extenso, de passagem da morte para a vida. Simplesmente porque há muitos "mortos" entre os que vivem! Os que não querem ver e experimentar o amor, a paz, a solidariedade, a fraternidade e a irmandade entre povos e nações. Enalteceu o Papa Francisco na Sua mensagem: "(...) Paz para o mundo inteiro, ainda tão dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família – um egoísmo que faz continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século vinte e um. Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais. Paz para esta nossa Terra! (...)"
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 26 de março de 2016

KEUKENHOF - A PRIMAVERA E O ESPECTÁCULO DA FLOR



De 24 de Março a 16 de Maio, na Holanda, em Keukenhof, a 40 km de Amesterdão, vive-se a grande festa da flor. É muito difícil traduzir por palavras todas as emoções de um parque de 32 hectares.

sexta-feira, 25 de março de 2016

CENTRO INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS DA MADEIRA. E SE A EURODEPUTADA ANA GOMES ESTIVESSE CALADA?


É público que tempos houve de uma grande desconfiança que recaiu sobre as operações de algumas empresas vinculadas ao Centro Internacional de Negócios. Julgo que até correram, externamente, procedimentos judiciais. E há um livro "Suite 605" de João Pedro Martins que explica muita marosca passada. Portanto, uma coisa é investigar quem utiliza a praça para fins obscuros; outra, lançar uma generalizada desconfiança. Se há quem esteja a prevaricar, e isso, julgo eu, é sempre possível, pois que se denuncie, investigue e, provando-se, que se puna. Entendo que não é curial arrastar todos os outros que cumprem a Lei.


Se me perguntarem qual o meu posicionamento sobre as praças financeiras, em geral, eu diria que todas não deveriam ser autorizadas a operar. Por múltiplas razões. Mas se elas existem e estão legalmente enquadradas, pergunta-se, que razões subsistem para um comportamento diferente entre a madeirense e todas as outras? Não faz sentido. Faz sentido sim, na Madeira, entre outros procedimentos, tal como assumiu o Dr. Carlos Pereira, em Julho de 2012, que "(...) Podemos fazer bastante mais" (...) por exemplo, "não existe no mundo nenhum sistema de benefícios fiscais com interesse público que seja gerido por uma entidade privada. Podemos, por isso, exigir que o Governo Regional deixe de estar de cócoras perante a concessionária, altere o contrato de exploração que vigora há mais de 25 anos e assim garanta que seja traçada, urgentemente, uma estratégia de atracção de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) que inclua as vantagens que hoje o CINM já oferece em termos de benefícios fiscais mas que adicione sentido estratégico aos critérios a estabelecer para as empresas a atrair para a RAM".
Daí que, compaginando, se me afigure absolutamente correcta a posição do presidente do PS-Madeira, Dr. Carlos Pereira ao manifestar total discordância com a Eurodeputada Ana Gomes, anunciando que vai agir em várias frentes. Entre elas, está uma carta à Comissão Europeia “salientando a importância da ZFM/CINM para a Região Autónoma, mas também inquirindo se a Comissão está a adoptar igual procedimento inquisitório para as restantes praças financeiras com um regime fiscal preferencial existentes na União Europeia”.
Outra iniciativa anunciada passa por solicitar uma reunião de trabalho com os eurodeputados do PS “para esclarecer qualquer dúvida que ainda persista” neste dossier. Para o PS da Madeira, a "defesa da ZFM/CINM é primordial” na medida em que funciona como um “importante mecanismo para promover o desenvolvimento” da Região, ainda por cima quando a Madeira, por erros do passado, precisa de receitas como de pão para a boca.
Ler notícia neste endereço:

quinta-feira, 24 de março de 2016

QUINTA-FEIRA SANTA - "FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM... O QUE É ISTO?"


É esta uma noite ímpar, pela soma de contrastes que a vestem. Por um lado, os galopantes ventos cruzados que derrubam árvores e travam aeronaves. Por outro, a lua cheia, viajando fagueira “como a alma de um justo”, entra-nos em casa e na mente em acenos de paz e cânticos de Páscoa. Dormem no mesmo berço nocturno, as bombas suicido-assassinas dos aeroportos e os prenúncios de uma Ceia, em cuja mesa pão e vinho se misturam com o sabor do abraço e do perdão. E é nesta Ceia, chamada a Última, que debruço hoje o meu olhar para descobrir-lhe a ementa e desvendar-lhe o significado. Espero não ferir susceptibilidades e arquétipos interpretativos que sucessivas gerações nos transmitiram ao ritmo imponderado do tradicionalismo religioso.



No derradeiro adeus aos amigos mais próximos, J.Cristo pôs a mesa e sobre a toalha dispôs pão e vinho da terra, dizendo: “Isto é o Meu Corpo, Isto é o Meu Sangue”. E como quem acentua o núcleo ideológico daquela estranha despedida, mandatou-os com este aviso: “Fazei Isto em memória de Mim”. 
Que sentido maior terá o demonstrativo “Isto” no contexto da narrativa?
O conhecido e abalizado teólogo Bento Domingues refere, na sua crónica de domingo passado, que a Última Ceia fica toda iluminada com o gesto simultâneo de J.Cristo quando decidiu lavar os pés aos comensais, pescadores e pecadores, seus amigos desde a primeira hora – uma atitude de intensa carga afectiva e de partilha igualitária entre todos, sublinhando a moralidade global daquela Ceia: “Também é Isto que deveis fazer uns aos outros”. (Mt.26,26; Jo.13,1-17). 
Os primeiros cristãos traduziram à evidência o mandato do Mestre: “Partiam o pão em casa e comiam juntos com alegria e singeleza de coração…Tinham tudo em comum: até vendiam as suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, conforme as necessidades de cada um”.(Act.2, 44-46). Eis a genuína interpretação da Ceia do Senhor e do subsequente Lava-pés, fielmente vivenciada pelos que receberam em primeira mão a narrativa do Cenáculo. Para eles, interessavam menos os rituais do que as acções concretas de solidariedade no terreno, demonstração dinâmica da sua fé na Eucaristia – a “Boa Graça”, etimologicamente.
Assim não entenderam os séculos posteriores e os cristãos, doutrinados e dominados por uma hierarquia crescente em poder, luxo e majestade. Passou-se a privilegiar o rito em prejuízo da seiva interior que lhe dava sentido e actualização. Fechou-se a Ceia no círculo apertado do formalismo litúrgico da “Consagração”. Depois, ergueram-se camarins e baldaquinos, cinzelaram-se sacrários, âmbulas e custódias, algumas delas de ouro precioso (lembremo-nos da sumptuosa custódia do ourives quinhentista Mestre Gil Vicente) e guardou-se o “Senhor do Universo” numa perfeitinha hóstia circular, bem segura numa prisão que, por ser dourada, não deixa de ser prisão. E chegou-se a esta obtusa contradição: enquanto o Mestre e os primeiros cristãos tomavam o pão da Eucaristia para abrirem caminho ao exterior, aos que viviam nas periferias, a Igreja usa prioritariamente a Ceia do Senhor para prendê-lO nas áureas teias do solenes rituais.
Não está em causa o fenómeno da “transubstanciação” (um vocábulo dogmático que os crentes pouco entendem) mas a inversão dos factores-valores da equação entre os meios e os fins, entre o ritualismo e vida. Se alguém houve que repudiou o verniz dos cerimoniais e defendeu acerrimamente os valores da fé viva e actuante, esse alguém foi o nosso Líder e Mestre, atraindo, por isso, contra si a fúria dos sumos-sacerdotes sentinelas da religiosidade formalista oficial.
Em síntese, todo o equívoco resume-se à frágil distinção entre significante e significado. Quanto menos evoluído é um povo, mais necessidade tem de significantes - repetidos, redundantes, asfixiantes até. Pelo contrário, um povo de olhos límpidos, não afectados por sombrias cataratas ideológicas, depressa intui o significado essencial dos gestos e tradu-lo em expressões factuais, prova transparente da sua crença.
Quinta-feira Sã e Santa, porque criadora de solidariedades necessárias, dos perdões consensuais, embora tantas vezes doridos e sofridos, mas no fim sempre geradores de prazer e militância face ao futuro!
Não há Eucaristia sem Abraço!
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Seria “divertido” e produtivo se alguém quisesse desenvolver um tema que tivesse mais ou menos este título: “Ao fim de 50 anos de embargo a Cuba, o presidente adventista Obama visitou aquele Povo. Na Madeira, faltam só oito anos para a Diocese levantar o embargo decretado desde 1974 à comunidade cristã e católica, chamada Ribeira Seca”.
Viva Quinta Feira Sã, Saudável, Santa!
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23.Mar.16
Martins Júnior

NOTA:
Texto publicado pelo Padre Martins Júnior no seu blogue Senso e Consenso.
http://sensoconsenso.blogspot.pt/2016/03/o-que-e-isto-pao-e-vinho-sobre-mesaem.html#gpluscomments

quarta-feira, 23 de março de 2016

TUDO MUDO COMO EM OUTROS TEMPOS...

Já tinha visto esta foto. Agora, chegou-me, novamente, através de um amigo. Dá conta da revolta contra a austeridade manifestada por deputados no Parlamento Europeu. Curiosamente, ou talvez não, na imprensa portuguesa não constituiu matéria de interesse. Não é de estranhar. Os últimos quatro anos, esta é a minha leitura, serviram, também, para exercer um certo controlo sobre a informação publicada. Todos os dias tal é notório através de peças e dos comentários de muitos "avençados".  







terça-feira, 22 de março de 2016

QUE MUNDO TÃO PERIGOSO! UM DESABAFO AO INÍCIO DA MANHÃ


Agora, logo ao início da manhã, foi em Bruxelas, mas as tensões andam por todo o lado. O sentimento que cresce é que não estamos seguros em sítio algum. Viajar, por razões profissionais ou, simplesmente, pelo prazer de conhecer, está a tornar-se uma quase aventura. Dizem, uns, que é preciso ser determinado para denunciarmos que não temos medo, mas isso não passa de uma balela dita boca fora. Na realidade, fugimos com o receio de estarmos no sítio errado na hora errada. Acordamos ao som das explosões e deixamos o dia com as imagens e os comentários do desespero e da morte. Para quê tudo isto? 


Já não bastam as angústias provocadas pelos desequilíbrios económico-financeiros, já não basta olharmos para este Mundo de pobres, de sessenta milhões de refugiados, de seca, de analfabetismo, de continuada exploração do homem, de falência das instituições, de roubo aos mais vulneráveis para deleite dos ricos e muito ricos, de corrupção a todos os níveis, de clara insustentabilidade do planeta motivada pela ganância? Como se tudo isto não bastasse ou por causa disso mesmo, caminhamos, diariamente, com medo e em pânico, nesta curta passagem pela vida. 
Hoje, em Bruxelas, no coração das instituições europeias, aconteceu mais um sinal dos tempos. E nós, completamente impotentes e frágeis, condenados a conviver com a incerteza. Que Mundo tão perigoso! Onde estão as referências do ser humano, os Homens e Mulheres estadistas capazes de inverterem este doloroso caminho para o abismo, quando sabemos que o recurso à bomba não resolve...

segunda-feira, 21 de março de 2016

COMPLEXO BALNEAR DO LIDO. O QUE FOI E O QUE É!





Amanhã é inaugurado o Complexo Balnear do LIDO, depois de alguns anos de obras na sequência do estado em que ficou após o fatídico 20 de Fevereiro de 2010. Deixo aqui três fotos que pertencem à História. As duas primeiras de 1935, a terceira, já nos anos 60.
Na primeira foto podemos ver algumas particularidades: ao lado direito, os três andares de cabinas para mudança de roupa; no primeiro plano, dois campos, um de Madeira-Ball e outro de Deck-Tennis; na piscina, praticava-se a natação desportiva e o pólo aquático; no solário podemos ver dois postes com argolas (ginástica); à esquerda, os saltos para a água. 
Na segunda foto são visíveis as cabinas para mudança de roupa e, na piscina um jogo de pólo aquático que atraia centenas de espectadores.
Na terceira foto, uma partida para uma prova de natação.
As duas primeiras fotos pertencem à colecção Perestrellos (Museu Vicentes) e foram publicadas no livro "História Lúdico-Desportiva da Madeira, escrita pelo Dr. Francisco Santos (1989). A terceira foto pertence ao meu arquivo pessoal (sou o nadador do meio). 

domingo, 20 de março de 2016

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DA MADEIRA NEM APROVEITAR SABE OS BONS PROJECTOS


A docência foi a vida profissional que escolhi. Por vocação e não porque deu jeito. Vivi quarenta anos em concordância com essa vocação, o que me obrigou a um permanente estudo, formação contínua e muita leitura de outros que construíram as suas vida no âmbito da investigação produzindo pensamento. Talvez, por isso, porque não sou de aviário, cada vez mais me deixa apreensivo o rumo do sistema educativo na Região que, por ser Autónoma, poderia e deveria seguir o seu próprio caminho. Continuo a defender um país, três sistemas educativos, sem que isso coloque em causa a matriz identitária nacional. E esse caminho é possível, tal como um puzzle que necessita paciência, ou de um jogo de xadrez que obriga à reflexão e interligação das jogadas. Aliás, deixar-se conduzir-se pelos outros, no caso de permanecerem na asneira, apenas leva à repetição do erro. E eu, por essa estrada, não vou. 


Li um trabalho do jornalista Márcio Berenguer (Público) sobre a Escola Básica 123 do Curral das Freiras (Madeira). Apesar de eu não ser favorável à existência de ranking's não deixo de os analisar, enquanto mero indicador, no quadro, repito, do actual sistema. Aquela escola que se encontrava no lugar 1207 do ranking saltou, no último ano, para as da frente, com a melhor média entre os estabelecimentos públicos no exame nacional de 9.º ano. O interessante é que "tem 300 alunos, não tem campainha, nem trabalhos de casa e os horários das aulas batem certo com os do autocarro". Esta uma síntese, certamente, compaginada com muitas outras que tornaram possível um melhor conhecimento, apesar 92% dos alunos terem Acção Social Educativa (pobreza) e a internet não fazer parte das prioridades da maioria das famílias". Significa isto que o estabelecimento de educação e ensino procurou o seu próprio caminho, apesar das regras apertadas da hierarquia, sempre avessa a quaisquer mudanças, e, portanto, que é possível um outro paradigma que entusiasme as comunidades educativas para o sucesso. 
Enquanto isto acontece, a secretaria da Educação, promoveu uma conferência de imprensa, claramente, no quadro do combate POLÍTICO, para dizer às escolas da Madeira, enquanto recomendação, sublinhe-se, que "não deverão realizar as provas de aferição do 2º, 5º e 8º anos, bem como as provas finais do 4º e 6º anos que o Ministério da Educação tornou facultativas, no presente ano lectivo" (...) deixando, no entanto, "às escolas a decisão final no quadro da sua "autonomia". E porquê? Porque não quer provas de aferição feitas "em cima do joelho". Disse ainda o secretário que "o sistema educativo carece de elementos fiáveis de avaliação, cruzando o rendimento dos alunos com o desempenho dos professores e a avaliação das escolas". Isto é, recomenda que não é desejável, mas, no essencial, mostra-se como uma figura política que não consegue libertar-se das amarras do passado, através de uma posição estrutural para o futuro. Ao invés de aproveitar o momento para dizer, em alto e bom som, um rotundo NÃO a um sistema que vive da paranóia da avaliação e de um ambiente pedagógico retrógrado, que deixa os alunos no redemoinho do abandono e do insucesso, preferiu a insensatez do combate político com o ministério da Educação. Para quê, pergunto? Poderia e deveria ter aproveitado para se vangloriar do que acontece, por exemplo, no Curral das Freiras, ainda que de uma forma insipiente, abrindo espaço de incentivo a que outros façam o caminho pelo corredor da diferença e do sucesso, mas não, continua esta secretaria a demonstrar que a sua atitude face ao sistema educativo se encontra aí pelo Século XIX. Lastimo! Razão tem o director daquele estabelecimento de educação e ensino: "(...) Estes alunos têm sonhos, têm direito a ter todos os sonhos do mundo e cabe a nós ajudá-los”.
Ilustração: Google Imagens.

INTERVENÇÃO POLÍTICA DO PRESIDENTE DO PS-MADEIRA NO DECORRER DO CONGRESSO DO PS-AÇORES

sábado, 19 de março de 2016

SOLUÇÃO PARA A OPERAÇÃO PORTUÁRIA SÓ EM 2019? O SECRETÁRIO EDUARDO JESUS SÓ PODE ESTAR A BRINCAR COM OS MADEIRENSES


Há que anos os custos da operação portuária constituem assunto de debate político!!! Há que anos? Vir agora dizer, na abertura da conferência “A importância dos Portos em Economias Insulares”, que “(...) Estamos a trabalhar numa nova solução, que acima de tudo tenha como único objectivo reduzir a factura portuária, o que significa que a Madeira passará a ter maior competitividade, terá outra atractividade internacional e, simultaneamente, que a população da Madeira passe a despender de menos recursos para a sua actividade, que é maioritariamente dependente desta ligação marítima (...)”, é caso para dizer que o secretário regional da Economia, Dr. Eduardo Jesus, só pode estar a brincar com os madeirenses, quando arrasta, para o fim do mandato, uma solução para o problema de um descarado monopólio encapotado pela palavra concessão atribuída em 1991 (25 anos). 


Entre muitas e sobretudo o que consta do Diário das Sessões da Assembleia Legislativa, li uma peça do jornalista Miguel Fernandes Luís (DN-Madeira/2014): "(...) Algumas tarifas chegam mesmo a ser quase o triplo das praticadas em Ponta Delgada, o maior porto do outro arquipélago português. Por exemplo, a descarga e movimentação de um contentor de 20 pés cheio no porto açoriano pode custar 90 euros, quando no Caniçal a mesma operação custa 237 euros (177 euros para a OPM e 60 euros para a APRAM-Administração de Portos), ou seja, mais 163 por cento. Pela operação de um contentor de 40 pés cheio são cobrados 130 euros em Ponta Delgada e 303 euros (208 euros para a OPM e 95 euros para APRAM), o que representa um agravamento de 133 por cento".
O que deduzo é que são muitos os interesses em jogo e os madeirenses e portosantenses, na lógica do banqueiro, "ai aguentam, aguentam...". À trapalhada com as ligações aéreas no que concerne ao subsídio de mobilidade, junta-se, agora, a ausência de coragem política para colocar um basta em uma área que prejudica, seriamente, quem vive na Região Autónoma da Madeira. Já percebi... é a "renovação".
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 18 de março de 2016

E SE O ORÇAMENTO DE ESTADO FOR, INTEGRALMENTE, CUMPRIDO?



Ser contra apenas por ser contra constitui uma atitude de credibilidade reduzida. Há assuntos face aos quais o voto contra se justifica em toda a sua extensão. Em outros, embora não concordando, no mínimo, parece-me politicamente não comprometedor, a via da abstenção. Um país que foi sugado até ao tutano nos últimos anos, onde o desemprego é preocupante, onde meio milhão teve de fazer malas e emigrar, com jovens licenciados ou não com o credo na boca, com pobreza, idosos a pagar a factura, pensionistas que sentem que em cada mês há mais mês, pergunto, como se pode ser contra o complemento solidário para idosos, contra o rendimento social de inserção, contra o abono de família, contra o pavoroso IMI, etc.? Ser contra isto denuncia, publicamente, que se é contra o povo e que se apoia a pobreza. Respeito todas as outras posições político-partidárias, mas este não é o meu entendimento da democracia e sobre o que está em causa no plano interno e externo. Mais, ainda, porque se verificou que todos os constrangimentos impostos pela severa austeridade não se traduziram na palavra ESPERANÇA e no sentimento de que hoje estamos melhor! Pelo contrário, a situação piorou na relação entre a dívida e o PIB.

quinta-feira, 17 de março de 2016

ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2016. PSD-MADEIRA VOTOU CONTRA!

DEPOIS DE 40 ANOS DE GOVERNO ININTERRUPTO O GOVERNO DA MADEIRA, NO QUADRO DA AUTONOMIA, AINDA NÃO PERCEBEU ISTO?


"(...) só 11% dos rapazes e 14% das raparigas de 15 anos dizem que gostam muito da escola (...) se se tenta ensinar “nativos digitais” de uma forma semelhante àquela que “existia há 50 anos”, como acontece, dificilmente os "nativos digitais" gostarão muito das aulas (...) só 35% das raparigas e 50% dos rapazes consideram que têm bom desempenho escolar, quando a média dos 42 países é de 60% (...)"



Motivado pelo destaque que o Colega e Amigo Dr. Francisco Sidónio Figueira concedeu na sua página de FB, li o texto que muito me agradou. Saliento aqui, uma vez mais, o que um meu professor de Psicopedagogia (Doutor Paula Brito) nos disse no decorrer de uma aula (1969): "como pode uma escola sempre igual competir com a vida que é sempre diferente? O desencontro é inevitável". Pois é, o problema é que muitos ainda não perceberam que é um erro, como salientou Toffler, "(...) Velhas maneiras de pensar, velhas fórmulas, velhos dogmas e velhas ideologias, por muito queridos ou úteis que tenham sido no passado, já não se coadunam com os factos. (...) Não podemos meter à força o mundo embrionário de amanhã nos cubículos convencionais de ontem”.
E vem o secretário regional da Educação da Madeira, ainda ontem, que a "partilha", "parceria", “inovação” e a “criatividade” ajudarão a construir um "futuro de qualidade". Qual partilha e quais as parcerias e que inovação e criatividade são possíveis, se assobia para o lado quando tantos investigadores assumem que o "rei vai nu"? 
Não bastam frases feitas do tipo (...) “a vida é o que queres, aprende a querer”, porque as “opções conscientes” de cada aluno, “terão implicações no desempenho futuro”, uma vez que a “sociedade” é cada vez mais “competitiva e exigente”, e, assim sendo, há a necessidade de adquirir “novas ferramentas e novas competências” (DN-Madeira). Como? Com um sistema alicerçado nos princípios da Sociedade Industrial? Que,grosso modo, funciona com as mesmas lógicas de há dois séculos? Fico por aqui.
NOTA
Ler, neste endereço, o texto publicado no Público:

quarta-feira, 16 de março de 2016

DA "GUERRA TOTAL" DO SÉCULO XX, PASSÁMOS À "GUERRA DA INSEGURANÇA" NO SÉCULO XXI


É um sofrimento diário, já aqui escrevi. Assistir, pontualmente, às 20 horas, ao contínuo êxodo de muitos milhares, oriundos de países inseguros, martirizados pela guerra e pela fome, é assunto que constrange, dói e nos massacra pela impotência de uma solução. Olhar para aquelas tendas, para aquele chão enlameado, para a chuva que persiste, já não bastasse as doenças que proliferam entre adultos e crianças, parte qualquer coração, mesmo os mais insensíveis. Olhar para aquelas crianças, de olhar terno, muitas de colo, vê-las em um sofrimento permanente, com pais sem meios para a necessária assistência, todos estamos de acordo que é doloroso em pleno Século XXI. É a falência das instituições internacionais, dos políticos e das políticas que dizem desenvolver, no seu mundo feito de palavras e de poucas acções concretas.


Com que raio de políticos temos de lidar e aturar, com as suas posições muitas vezes contraditórias, claramente subjugados a uma mancheia de interesses, entre muitos, os geoestratégicos, os da droga e os do próprio negócio das armas que alimenta a guerra que, curiosamente, dizem negar. Diplomacia? Qual diplomacia? Confrontamo-nos, sim, com a falência das instituições internacionais, que funcionam, claramente, atrás dos problemas. Gente com acrescida responsabilidade que dorme bem face aos conflitos que por aí proliferam. 

A miséria anda à solta e ainda falam em direitos do Homem e, insistentemente, nos direitos da criança. Espantoso. Atentemos no texto de Matilde Pereira (Renascença): "O conflito na Síria, que dura há mais de cinco anos, já resultou em 2,4 milhões de crianças refugiadas, provocou a morte de muitas e levou ao recrutamento de crianças para o combate armado. Algumas destas crianças-soldado chegam a ter apenas sete anos, segundo o relatório da UNICEF divulgado esta segunda-feira.

Cerca de uma em cada três crianças sírias nasceram depois do início do conflito há cinco anos, o que significa que as suas vidas têm sido moldadas pela violência, pelo medo e pelas deslocações, descreve o relatório “No Place for Children” (Um local que não é para crianças). Este número inclui mais de 306 mil crianças nascidas como refugiadas desde 2011. A UNICEF estima que mais de 80% da população infantil síria esteja a ser afectada pelo conflito. “Na Síria, a violência tornou-se uma prática comum, atingindo casas, hospitais, escolas, centros de saúde, parques, jardins infantis e locais de culto”, afirma, no relatório, Peter Salama, director regional da UNICEF para o Médio Oriente e Norte de África. “Perto de sete milhões de crianças vivem na pobreza – uma infância marcada pela perda e pela privação.” Este relatório da UNICEF verificou 1.500 violações graves praticadas contra crianças, incluindo mais de 60 casos de morte e mutilação resultantes do uso de explosivos em zonas de habitação. Destas crianças, mais de um terço foram mortas na escola ou a caminho da escola".


Isto, na Síria. E nos outros 414 conflitos identificados, quarenta e cinco dos quais "altamente violentos"? Perante o drama mundial, os senhores(as) da aldeia global  engravatados ou com lenços Channel, pouco têm passado das palavras. O dramatismo é sensível e a impotência da Europa, do "Velho Continente", como a História catalogou, é um facto. Da "guerra total" do século XX, hoje vivemos a "guerra da insegurança" e do medo. O nuclear assusta, o conflito entre etnias e religiões tornou-se dramático, as ideologias xenófobas preocupam, a luta pelo domínio dos combustíveis é assustador, enfim, são tantas as razões que conduziram a mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo deslocadas devido aos conflitos armados e perseguições diversas. Que Mundo este!

Ilustração: Google Imagens e Folha de S. Paulo

terça-feira, 15 de março de 2016

ADN MADEIRENSE OU UMA VERSÃO DE "POVO SUPERIOR"?


Foram ontem empossados (reconduzidos) os Representantes da República para a Madeira e para os Açores. O presidente do Governo Regional açoriano, recebido pelo Presidente da República, deixou clara a extinção, após revisão constitucional, do cargo de representante. Já o Dr. Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, segundo o DN local, "pediu, publicamente, que o representante da República tivesse ADN madeirense e mostrou-se satisfeito pela continuidade de Ireneu Barreto". Ora bem, ADN madeirense? O que é isso? Uma versão de "povo superior"? Talvez. 


No plano estritamente político, ter ADN madeirense pode significar que os naturais da Região são diferentes, que se distinguem dos demais no Portugal do Minho ao Corvo. E daí a subtileza da chamada de atenção, cuidado Senhor Representante, Ireneu Barreto, não seja olheiro e fiscal da República, antes um madeirense que respeita e se curva aos dignitários das instituições regionais. Mesmo que as opções estejam erradas, dance, com flexão do tronco à frente, o tradicional "baile pesado".
Não existe ADN madeirense, como não existe ADN açoriano ou continental. Somos portugueses. O que existe é uma Autonomia perdida, por culpa de quem há quarenta anos governa. O que existe(iu) é uma guerra de palavras e de atitudes vãs, que denominaram por "contencioso das autonomias", que colocaram em situação de desconfiança as relações institucionais entre a Madeira e a República. O que existe é uma dívida pública impagável, pobreza, desemprego, abandono e insucesso escolar comprometedores do futuro colectivo. O que o presidente do governo da Madeira deveria salientar, embora com toda a delicadeza, é que os madeirenses, tal como os açorianos, entendem que este lugar institucional não faz sentido, deve terminar logo que possível, não apenas pelos seus encargos, mas porque as regiões não precisam de quem fiscalize as acções políticas. Para isso, existe o Tribunal de Contas e o Tribunal Constitucional e, quando à produção legislativa, a assessoria da Presidência da República pode verificar as eventuais ilegalidades ou inconstitucionalidades dos diplomas aprovados na Assembleia. Ir além disto, ou são palavras a mais ou disparates com segundo sentido.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 14 de março de 2016

AINDA A PROPÓSITO DOS CONTRATOS SWAP... QUE JUSTIFICAÇÃO TÃO ESFARRAPADA!


Ponto prévio: sou muito conservador nas minhas relações com a banca. Sempre fui. Nunca gostei de arriscar em função do cruzamento da informação que tento acompanhar. Prefiro não ganhar uns trocos do que perder o que foi conquistado. Considero prudente cortar nas despesas do que andar à espera que a banca me venha oferecer vantagens. Simplesmente porque a banca não se funda na premissa de dar "prendas" aos depositantes. A banca tem uma inteligência, muitas vezes, até, perversa. Quem nela embarca normalmente perde. A prova está nos lesados deste e daquele!


Ora, neste pressuposto, a justificação que é publicamente dada pelo ex-Vereador da Câmara do Funchal, Dr. Pedro Calado, relativamente aos contratos "swap" (2008) que originaram um prejuízo de 961 mil euros, do meu ponto de vista é esfarrapada. Até porque se aproximava uma crise à escala internacional. Assumiu: “(...) Não podemos ganhar sempre” (...) “É como jogar no Totoloto: umas vezes ganhamos, outras não”. Só que há aqui uma pequena grande diferença: no totoloto o cidadão investe com dinheiro próprio, enquanto, no caso do município, em um contrato "swap", o risco tem grandeza maior e envolve o dinheiro que é público. E aí, pergunto: foram ou não solicitados pareceres, devidamente fundamentados e credíveis, face a diversos cenários, desde os mais negros aos mais cor-de-rosa? E se existem, o que diziam?
Assume o Vereador da Câmara então liderada pelo Dr. Miguel Albuquerque: “(...) Sabíamos que a operação tinha um risco”. Face a tal exposição ao risco, questiono, não teria sido mais prudente cortar nas despesas correntes, onde sempre houve tanto por onde cortar? Assume, ainda: “(...) Pegámos em contratos de empréstimo de longo prazo e trocámos para uma taxa de juro fixa” (...) “Era o que toda a gente dizia para fazer e fazia”. Trata-se, aqui também, de uma posição gestionária que não acompanho, porque não fundamentada e muito próxima de "Maria-vai-com-as-outras"! E um gestor da coisa pública não deve ir por aí, defendo eu. 
Um exemplo: a contratualização de um empréstimo para habitação. No meu caso, podia ter contratualizado em função do preço do dinheiro (Euribor) a três ou seis meses. Preferi negociar uma taxa fixa, porque sou conservador, repito, tendo por base as minhas receitas e despesas fixas, baseadas no longo prazo, e, portanto, à não sujeição aos bons e aos maus humores do "mercado". Se isto é válido, saliento, em ambiente familiar, também o é no plano das finanças públicas, salvaguardadas as proporções. A Câmara deveria ter seguido, por segurança, a estratégia do que podia contar, relativamente ao labirinto que se esgota na lógica do totobola defendida pelo ex-Vereador. Aliás, o mercado do dinheiro sabe engodar para depois pescar de forma substancial. Foi o que aconteceu. Eles possuem uma informação e uma inteligência face à qual manda o bom senso que nos interroguemos: que razões substantivas levam a que proponham um contrato, alegadamente benéfico, quando eles, obviamente, estão ali para ganhar e distribuir dividendos pelos accionistas?
Finalmente, Senhor ex-Vereador, o Senhor foi responsável pelo pelouro das Finanças, mas sob a presidência do Dr. Miguel Albuquerque. Não é fazer "chacota política" trazer o nome do actual presidente do governo para esta situação. O Senhor pode assumir a sua "responsabilidade”, fica-lhe bem, mas a maior é a de quem liderou todo o processo municipal e deu o seu aval. É o meu ponto de vista enquanto cidadão. 
Ler neste endereço:

domingo, 13 de março de 2016

GOVERNO REGIONAL DA MADEIRA - A COERÊNCIA E A TRANSPARÊNCIA


Na edição de hoje do DN-Madeira duas peças destacam-se pela sua complementaridade. Por um lado, leio que o "Governo colocou ex-gestores do JM sob investigação (...) A gestão dos ex-administradores da Empresa Jornal da Madeira está a ser alvo de uma auditoria por parte da Inspecção Regional de Finanças e foi igualmente remetida para o Ministério Público, com o intuito de investigar uma situação denunciada por um dos administradores, Nuno Bazenga. Em causa está a contratação de 260 toneladas de papel e respectivos custos de transporte no valor de cerca de 165 mil euros, cujo procedimento concursal, liderado por Rui Nóbrega, suscitou dúvidas na óptica de Nuno Bazenga. (...)"; por outro, o PS-Madeira exige que o presidente do governo explique "os contratos swap feitos na Câmara do Funchal no tempo em que era o presidente da autarquia" porque, segundo o "semanário Expresso a CMF perdeu quase um milhão de euros com um contrato feito em 2008".


Avança o DIÁRIO que "de acordo com a notícia do Expresso, a Câmara do Funchal assinou em Novembro de 2008, contratos com o Barclays e o BES com base num empréstimo fictício e perdeu 961 mil euros nessas duas operações financeiras. Os contratos foram assinados dois meses depois da polémica falência do banco Lehman Brothers e terminaram em 2011. Foi uma auditoria do Tribunal de Contas à Câmara do Funchal, iniciada em Janeiro deste ano, que detectou o prejuízo. A actual vereação, presidida por Paulo Cafôfo, também quer saber mais deste negócio. O vereador com o pelouro das finanças, Miguel Silva Gouveia, disse ao semanário que a Câmara espera pela conclusão do relatório do Tribunal de Contas (...)".
Ora, quem manda investigar um caso de 165 mil euros (não fez mais do que o seu dever, independentemente das querelas partidárias) também, por coerência, para já, deve explicar, pormenorizadamente, decisões políticas que, segundo o Expresso, conduziram a um prejuízo de 961 mil euros. 
No exercício da política ninguém pode andar entre os pingos da chuva sem se molhar. Tudo tem de ser transparente. No caso em apreço, por dois motivos: primeiro, porque o que ficou na opinião pública sobre a anterior vereação social-democrata na Câmara do Funchal, presidida pelo Dr. Miguel Albuquerque, é que os últimos exercícios no município funchalense tinham gerado "lucro", quando a dívida apurada pela actual equipa, segundo o que foi divulgado, era superior a 100 milhões de euros: segundo, porque os eleitores da Madeira, em geral, e os do Funchal, em particular, têm o direito de saber todos os contornos dessa operação bancária, concretizada após falência do banco Lehman Brothers e do correspondente colapso financeiro de muitas economias. O presidente do Governo não pode fugir ao cabal esclarecimento desta situação. E o local próprio para, politicamente, se explicar é na Assembleia Legislativa. 
Entretanto, pasme-se, sob a capa de uma "reestruturação", continua o regabofe do financiamento ao Jornal da Madeira. Foram autorizados mais 927 mil euros para manter a propaganda do governo, enquanto, por exemplo, nos hospitais as insuficiências continuam gritantes e a Câmara do Funchal paga dívidas e vê-se limitada na consecução do seu projecto político!
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 12 de março de 2016

FALECEU O AMIGO E CAMARADA ÂNGELO PAULOS (PS)


Faleceu um Homem singular. Um Homem do Povo, defensor de causas muito nobres. Faleceu um Homem culto. Que mais dizer?


AFINAL, COMO É, DEPUTADOS DO PSD-M? VOTAR CONTRA O ORÇAMENTO DE ESTADO É VOTAR CONTRA OS INTERESSES DOS MADEIRENSES!


Respeito, obviamente, o sentido de voto. Lá saberão porquê. Só que, enquanto cidadão, não encontro resposta plausível para tal. Talvez o problema seja meu, mas gostaria de perceber. Será com receio de novas atitudes punitivas por parte da estrutura política nacional? Neste caso, onde se situa a defesa dos interesses do povo da Região da Madeira? E onde se situa o refrão da autonomia da estrutura regional relativamente aos órgãos partidários nacionais?

Deputado na Assembleia da República
e líder do PS-Madeira

Tenho como plenamente assumido que o exercício da política deve ser feito de coerência, de bom senso, de coluna bem vertical, olhos nos olhos, distante de interesses políticos comezinhos concretizados nas costas dos eleitores. Ora, quando o povo da Região Autónoma da Madeira passa por significativas dificuldades, enfrenta o desemprego, a pobreza e as famílias se debatem com tantos cortes nas suas receitas, pergunto, sendo a devolução de rendimentos ainda que muito limitada, que razões justificam um voto contra? 
Daí que, as perguntas que o Deputado do PS e presidente do PS-Madeira, Dr. Carlos Pereira, endereçou ao presidente do governo, Dr. Miguel Albuquerque, tenham toda a oportunidade e a merecerem um cabal esclarecimento. 
Ficam aqui as perguntas:
1 - Por que razão deu instruções para votar contra o OE, que introduz um aumento do rendimento das famílias?
2 - Apoia a redução dos rendimentos das famílias?
3 - Apoia os cortes nas pensões?
4 - Está de acordo com um IVA de valor insuportável na restauração?
5 - Mantém o apoio à manutenção da sobretaxa no IRS?
6 - Acha que se deve congelar do Salário Mínimo Nacional?
7 - Concorda com o aumento das prestações sociais para os mais desfavorecidos?
8 - Concorda com a cláusula travão para impedir aumentos descontrolados no IMI?
9 - Está ou não de acordo com a subida extra de 2% para a maternidade e paternidade para quem reside na Madeira?
10 - Concorda com as alterações ao Rendimento Social de Inserção que permitam alcançar mais pessoas pobres e crianças?
11 - Está de acordo com um novo sistema contributivo para a agricultura familiar?
Assume o Deputado socialista: "se concorda, deveria votar a favor do Orçamento de Estado e implementar decisões idênticas na Região" (DN).

quinta-feira, 10 de março de 2016

PAREM DE "BRINCAR" COM A SAÚDE. RESOLVAM OS PROBLEMAS. CHEGA!


Leio (DN): "falta material indispensável a médicos e enfermeiros, o programa de recuperação de cirurgias está suspenso; a Direcção de Enfermagem pede a demissão (...)". Parem de brincar com a saúde. Resolvam os problemas deste sector, direito Constitucional e prioridade absoluta da população. Já não há paciência. Passam governos, secretários, muito paleio e nada é resolvido. O dinheiro anda por aí, no supérfluo, aos milhões e milhões, e exemplos não faltam. Quando o princípio da prioridade estrutural não é respeitado, obviamente que falta onde é necessário. 


E a culpa não é dos profissionais de saúde. Nunca foi. A culpa é de quem governa. Basta ler as "cartas do leitor" para verificar os sucessivos agradecimentos de quem foi hospitalizado e tratado, com humanidade, por aqueles que lutam, diariamente, contra tanta e tanta carência. Basta falar com os profissionais para nos apercebermos do caos. Basta analisar como aqui chegámos. Ora, os culpados, genérica e historicamente, estão no exterior dos hospitais e dos centros de saúde. Parafraseando o que alguém disse relativamente ao sistema educativo (se a educação é cara, experimentem a ignorância): "se a saúde é cara, experimentem a doença". É isso que há muito a população experimenta.
Isto chegou a um ponto que necessário se torna que as pessoas se revoltem e peçam responsabilidades. A começar pelos profissionais de saúde, mas também pelos utentes. Porque o acto de governar é muito mais do que andar por aí a deixar transparecer aquilo que não é. O acto de governar é muito mais do que visitas, fotografia, propaganda, controlo biométrico (assiduidade) e "imposição" do silêncio. O exercício da governação implica rigor, transparência, total respeito do utente pelos serviços, mas também, por parte do serviço público, qualidade e compromisso com este direito basilar. Parem de brincar com a Saúde e com a Educação. Chega!
Ilustração: Google Imagens.

O "EMÉRITO COELHO"


"Em tempos, Santana Lopes, após ser PM, quando lhe perguntaram o que ia fazer, disse: vou andar por aí. Passos decidiu que, depois de ser PM, ia andar por todo o lado. Passos faz inaugurações, visita escolas, fábricas e exposições. O mesmo Passos que desapareceu dos cartazes de campanha nas legislativas, agora, é omnipresente. No fundo, Passos ainda se julga PM. O ex-primeiro-ministro parece a ex-namorada que ainda continua a ir visitar os "sogros". O pin de Portugal é o sinal do seu estado de loucura - acabou, filha, desanda. Passos vai ter de ser operado para remover o pin de Portugal. O uso do pin, com a nossa bandeira, tornou-se uma teimosia. Quanto mais insistirmos que é ridículo usar aquilo, mais ele o vai usar. Quem tem filhos adolescentes, sabe do que estou a falar. Aposto que o ex-PM nem tira o pin no banho. Pode sofrer mas não o vão apanhar sem o último símbolo do que já foi. Se, por acaso, lhe cai o pin, é como se lhe tivesse caído uma lente de contacto - "Ninguém se mexa! Caiu-me o pin. Não o pisem, a não ser que estejam descalços". 

João Quadros

Eu acho que Passos deve ter uma gaveta cheia de pins de Portugal. Não ia arriscar perder o que tem e, de manhã, ir para a rua sem ele. Não pode ter só aquele ou já estaria enferrujado e Passos podia picar-se, apanhar tétano e ficar com um sorriso forçado. 
Resumindo, o ex-líder do PàF vê-se como uma espécie de Dalai Lama, neoliberal, que continua a ser o líder do governo tibetano no exílio após a invasão do país pelos comunas da China. Ou um Bento XVI que não se confina a Castel Gandolfo e que usa aqueles sapatos vermelhos Prada, que só o verdadeiro Papa pode usar e que, quando pode, gama o Papamóbil para ir sair. Passos sente-se um PM emérito mas por pouco tempo. 
Pedro Passos Coelho
No fundo, Pedro tem esperanças em poder voltar ao Governo após intervenção de Marcelo. Sonha fazer o XXII Governo constitucional, chamar-lhe XX-B e voltar a empossar Calvão da Silva. Está por tudo. Reza à Comissão Europeia para que chumbem o OE. Admite assumir Governo sem se submeter a novas eleições, porque não é bom para o país andar sempre em eleições, meses depois de ter proposto alterar a Constituição para se poder ir outra vez a eleições. Na verdade, o ex-PM não consegue aceitar a realidade. A realidade e Passos sempre foram cão e gato.
Nota:
Texto da autoria de João Quadros publicado no "Negócios", a 04 de Março,
Ilustração: Google Imagens.