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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ESCOLA PÚBLICA E ESCOLA PRIVADA



Eu defendo que a EDUCAÇÃO deve ser pública, de investimento público, mas não nego a existência do privado, no quadro do direito de escolha das famílias. Não posso é aceitar carências no sector público para financiar o privado. A Escola Pública tem de ter qualidade, deve conduzir à excelência, destina-se a TODOS, com rigor e disciplina. A Escola Privada constitui uma outra opção e deve ser enquadrada, exactamente, no quadro do interesse PRIVADO.

 
O Presidente do Governo foi hoje almoçar à Escola Salesiana de Artes e Ofícios. E claro, lá veio a propósito a política educativa e o ataque cerrado ao Partido Socialista. Falou de coisas que não domina em toda a sua extensão. Mas, no essencial percebo a sua preocupação: com 33% das escolas no quadro do ensino "teoricamente" privado, por erros conceptuais cometidos durante trinta e tal anos, parece-me óbvio que tivesse de fazer as declarações que fez. São privadas de nome, mas públicas, de facto, porque faltando o financiamento, onde parariam elas! Afinal, onde reside a diferença?
Eu defendo que a EDUCAÇÃO deve ser pública, de investimento público, mas não nego a existência do privado, no quadro do direito de escolha das famílias. Não posso é aceitar carências no sector público para financiar o privado. A Escola Pública tem de ter qualidade, deve conduzir à excelência, destina-se a TODOS, com rigor e disciplina. A Escola Privada constitui uma outra opção e deve ser enquadrada, exactamente, no quadro do interesse PRIVADO.
Deixo aqui o capítulo VIII do Regime Jurídico que o PS apresentou na Assembleia e que foi chumbado pelo PSD:
CAPÍTULO VIII
Ensino particular e cooperativo
Artigo 52º
Especificidade
1.  É reconhecido pela Região o valor do ensino particular, cooperativo e doméstico como uma expressão concreta da liberdade de aprender e ensinar e do direito da família a orientar a educação dos filhos.
2.  O ensino particular e cooperativo rege-se por legislação e estatuto próprios e autónomos.
Artigo 53º
Articulação com a rede escolar
1.  Os estabelecimentos do ensino particular e cooperativo que se enquadrem nos princípios gerais, finalidades, estruturas e objectivos do sistema educativo, por protocolo, poderão ser considerados parte integrante da rede escolar.
2.  No alargamento ou no ajustamento da rede, a Região terá também em consideração as iniciativas e os estabelecimentos particulares e cooperativos, numa perspectiva de racionalização de meios, de aproveitamento de recursos e de garantia de qualidade.
3.  Os estabelecimentos de educação e de ensino particular e cooperativo poderão estabelecer contratos-programa com a Secretaria Regional da Educação e Cultura, apenas no que diz respeito ao melhoramento das infra-estruturas.
Artigo 54º
Funcionamento de estabelecimentos e cursos
1.  As instituições de ensino particular e cooperativo podem, no exercício da liberdade de ensinar e aprender, seguir os planos curriculares e conteúdos programáticos da matriz essencial do ensino a cargo da Região ou adoptar planos e programas próprios, salvaguardadas as disposições constantes do nº 1 do artigo anterior.
2.  Quando o ensino particular e cooperativo adoptar planos e programas próprios, o seu reconhecimento oficial é concedido caso a caso, mediante avaliação positiva resultante da análise dos respectivos currículos e das condições pedagógicas da realização do ensino, segundo normas a estabelecer por Decreto Legislativo Regional.
3.  No ensino particular e cooperativo, a aprovação dos respectivos planos de estudos e o reconhecimento oficial dos correspondentes diplomas, faz-se, caso a caso, por Decreto Legislativo Regional.
Artigo 55º
Pessoal docente
1.  A docência nos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo, integrados na rede escolar requer, para cada nível de educação e ensino, a qualificação académica e a formação profissional estabelecidas no presente regime jurídico.
2.  O recrutamento dos docentes no ensino particular e cooperativo é da exclusiva iniciativa dos respectivos estabelecimentos de educação e ensino.
3.  Para além do consignado no ponto 3 do artigo 53º, os apoios públicos da Região ao nível do ensino particular e cooperativo circunscrevem-se, ainda, à formação contínua dos docentes em exercício nos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo que se integram na rede escolar.
Artigo 56º
Intervenção da Região
1.  A Região fiscaliza e apoia pedagógica e tecnicamente o ensino particular e cooperativo.
2.  A Região apoia financeiramente as iniciativas e os estabelecimentos de ensino particular e cooperativo apenas quando, no desempenho efectivo de uma função de interesse público, se integrem no plano de desenvolvimento da educação, fiscalizando a aplicação das verbas concedidas.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O "VELHO" INCAPAZ DE GERAR O NOVO


E o que a Região precisa não é de correcções marginais, antes necessita de mudanças profundas, sensatas, escalonadas no tempo, através de novas políticas que só outros políticos o poderão fazer com eficácia. Maquilhar não chega, pois retirando-a fica a realidade. A História dos processos políticos diz-nos que não são possíveis mudanças através do mesmo quadro ideológico, fundamentalmente porque as pessoas seguem posicionamentos idênticos, ficam amarradas pela mentalidade, pelos interesses e pelas pressões. As mudanças operam-se sempre de fora para dentro, porque é aí que reside a inovação, a criatividade e o entusiasmo pela transformação.

Fazer crescer a planta da alternativa política
A Região Autónoma da Madeira encontra-se, todos sabem, portanto, não constitui novidade para ninguém, pelo menos para aqueles que acompanham o dia-a-dia político, numa situação de eminente catástrofe social. Já aqui equacionei um conjunto de preocupações na sequência das leituras que faço aos indicadores sociais.
Tais indicadores são a consequência de anos a fio de uma política megalómana, contrária e desproporcional à realidade e ao sentido dos princípios que devem nortear o desenvolvimento. Pelo menos estes: o da responsabilidade do Estado, o da teleologia funcional, o da auto-determinação, o da prioridade estrutural, o da auto-sustentação, o da transformação graduada, o da continuidade funcional, o da interacção e da integração, o da flexibilidade, o da optimização dos meios e o da participação. Todos estes princípios foram subvertidos ou esquecidos em todos os sectores que sustentam o desenvolvimento e, portanto, o resultado é aquele que temos aí. Ignoraram que o desenvolvimento integra três dimensões inter-relacionadas: a Económica, ligada à produção e distribuição dos bens; a Social, que tem a ver com as condições de vida e com as desigualdades; e a Cultural, ligada, fundamentalmente, ao património num sentido lato do termo.
E quem assim não soube interpretar o desenvolvimento, parece-me óbvio que não está em condições de arquitectar e de operacionalizar outras respostas que não aquelas que temos vindo a assistir. Há trinta e tal anos que o registo é sempre o mesmo, daí que não se possa esperar novos caminhos de quem apenas sabe repetir o passado, apenas com alguns "acertos" meramente marginais, quer ao nível dos conceitos quer ao nível dos actores políticos desses conceitos.
E o que a Região precisa não é de correcções marginais, antes necessita de mudanças profundas, sensatas, escalonadas no tempo, através de novas políticas que só outros políticos o poderão fazer com eficácia. Maquilhar não chega, pois retirando-a fica a realidade. A História dos processos políticos diz-nos que não são possíveis mudanças através do mesmo quadro ideológico, fundamentalmente porque as pessoas seguem posicionamentos idênticos, ficam amarradas pela mentalidade, pelos interesses e pelas pressões. As mudanças operam-se sempre de fora para dentro, porque é aí que reside a inovação, a criatividade e o entusiasmo pela transformação. Quem está por dentro acomoda-se, ganha raízes, deixa andar, desenvolve mecanismos da sua afirmação pessoal e de grupo, enreda-se em laços e compromissos e, portanto, fica sem hipóteses de gerar o novo portador de futuro.
Charles Handy explica-nos isso através da Curva Sigmóide. Dir-se-á que o PSD-Madeira (e o seu governo) passou pela fase de implantação, cresceu, maturou e encontra-se, hoje, na zona de turbulência (entre A e B), onde os seus processos já não respondem aos problemas com os quais se confronta. A saída para este quadro político está na construção de uma nova Curva Sigmóide (alternativa política) sob pena de declínio e morte para a qual arrastará todos os madeirenses e porto-santenses.
Ilustração: Google Imagens (1)

sábado, 29 de janeiro de 2011

O PROBLEMA DAS LONGAS LIDERANÇAS


Na Tunísia, país liderado pelo ditador Ben Ali, durante 23 anos, o líder "sucumbiu" à vaga de manifestações da população. No Egito, país de 70 milhões de habitantes, liderado por Hosni Mubarak, há 30 anos, o povo também veio para a rua e de forma muito violenta. Povos, com um traço comum, fartos de homens ditos providenciais e ditatoriais...

São, naturalmente, situações diferentes. Não podemos transportar a realidade egípicia, tunisina ou turca para a Europa e, particularmente, para Portugal ou, no plano regional, para a Madeira. Não domino um conjunto de variáveis de tal processo e, por isso, abstenho-me de ir longe nesta matéria. Mas há aqui um traço comum, isto é, processos longos de governação acabam por desencadear revoltas, por vezes, repentinas. Inesperadamente, pelo menos para os que não acompanham o dia-a-dia da política internacional, na Turquia, depois, na Tunísia, e agora no Egito, a população veio para a rua e com evidente violência. Na Tunísia, país liderado pelo ditador Ben Ali, durante 23 anos, o líder "sucumbiu" à vaga de manifestações da população. No Egito, país de 70 milhões de habitantes, liderado por Hosni Mubarak, há 30 anos, o povo também saltou para a rua e de forma muito violenta. Povos (à excepção da Turquia), com um traço comum, fartos de homens ditos providenciais e ditatoriais, homens de mão-de-ferro, políticos que espezinham para se manterem no poder.
É, por isso mesmo, por esse traço comum que as longas lideranças desencadeiam, que, um dia, as pessoas, cansadas de tanta pressão, de tanto controlo efectivo ou dissimulado, dizem basta, invadem as ruas e colocam os políticos a léguas de distância. São exemplos que a História não pára de nos oferecer. Mesmo na Turquia, por razões diversas, as manifestações de estudantes em Ancara e em Istambul contra o governo conservador de Recep Tayyip Erdogan, puseram a nu o desemprego e as carências sociais mais primárias. Há aqui, genericamente, um quadro que merece aturada reflexão. 
O povo, muitas vezes parecendo sereno, "fiel" a determinadas condutas políticas, de um momento para o outro enche, passa à acção e leva tudo à sua frente. Sinceramente, não sei quando esses ambientes contagiarão outras paragens, mas um olhar para o que se está a passar um pouco por aí fora, seria prudente. Não desejo a instabilidade e o confronto, antes prefiro as mudanças serenas, democráticas e com elevação. Mas também sei, porque está aos olhos de todos, repito, que longas lideranças acabam em tragédia. O Povo tem o dever de evitá-la.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

INQUÉRITO À COMUNICAÇÃO SOCIAL... ESTÁ A FICAR LINDO! (II)


"O JORNAL DA MADEIRA é um Diário de perspectiva cristã aberta a um são pluralismo ideológico, na fidelidade ao Evangelho e no amor da Verdade, visando a formação humana plena, que desperte os Homens para as suas responsabilidades e para a sua participação na construção do mundo contemporâneo, pelo que não está enfeudado a qualquer partido político, antes desenvolvendo uma visão crítica das realidades".
Muito interessante! Se fosse verdade...
Esta parte do Estatuto Editorial do Jornal da Madeira não deixa de ser interessante. Pergunto: mas qual pluralismo ideológico? Então o Jornal não está enfeudado à política de Governo e à política do PSD-M? Obviamente, que sim. Esta questão, ainda esta tarde, equacionei-a junto do Secretário dos Recursos Humanos no decorrer de uma audição parlamentar no quadro do Inquérito à Comunicação Social. Tal como na parte da manhã, com o Administrador do Jornal da Madeira, esta audição, do meu ponto de vista, acabou por constituir-se um "vira o disco e toca o mesmo", isto é, uma audição para justificar o injustificável, melhor, ainda, uma clara fuga àquilo que constitui o cerne da questão: as empresas devem estar no mercado em igualdade de circunstâncias e nunca estarão quando uma recebe apoios do erário público e as outras não!  
Deixo aqui as questões que coloquei ao Secretário dos Recursos Humanos:
1. O Srº Michael Blandy, há dias, disse-nos, no decorrer da audição, que houve reuniões (quatro, se não estou em erro) na Secretaria dos Recursos Humanos, entre representantes do GR, Diocese e Diário de Noticias. Tinham tudo acertado para uma solução mas que, até hoje, não sabia porque não resultou essa negociação. Gostaria que esclarecesse.
2. A Diocese é quem escolhe o Director do JM, logo a política editorial diz-lhes respeito segundo a Lei de Imprensa. Correcto, Senhor Secretário? Então podemos entender que a falta de cumprimento do Estatuto Editorial do JM é da responsabilidade da Diocese. Pergunto: a Diocese, tendo essa responsabilidade, acompanha, em sua opinião, o esforço dos contribuintes madeirenses com injecções anuais de capital ou é só o Governo com os nossos impostos? E não acha que havendo carências sociais, o papel da Igreja deveria ser outro?
3. Concorda com o Estatuto Editorial do Jornal da Madeira? Acha que esse Estatuto é cumprido? A ERC na sua deliberação mandou actualizá-lo. Vão proceder dessa forma?
E sobre o Estatuto Editorial, é óbvio que quem paga impõe as regras. Se o Governo entrega três milhões por ano, obviamente que o Jornal cumpre o que o seu dono impõe. Que leitura faz do Estatuto do Jornal da Madeira, mormente, ao número dois que tem esta redacção: "O JORNAL DA MADEIRA é um Diário de perspectiva cristã aberta a um são pluralismo ideológico, na fidelidade ao Evangelho e no amor da Verdade, visando a formação humana plena, que desperte os Homens para as suas responsabilidades e para a sua participação na construção do mundo contemporâneo, pelo que não está enfeudado a qualquer partido político, antes desenvolvendo uma visão crítica das realidades".
4. Como justifica que uma empresa totalmente falida tenha dois gerentes pagos e, como se isso não bastasse, ainda pague a alguns colaboradores da página de Opinião? Que medidas, o Governo defende para equilibrar os resultados do JM que há mais de 30 anos apresenta, anualmente, prejuízos?
5. Porque razão a sua Secretaria, há mais de dois anos, não paga às Rádios, estando essa verba cabimentada? Para onde vai essa verba? Para o Jornal da Madeira? Como e quando pensa acertar as contas com as rádios? Não é que eu esteja de acordo com os subsídios, mas compromissos, são compromissos!  
6. A Diocese tem, neste momento, o Posto Emissor do Funchal, tem a rádio Jornal da Madeira bem como o Jornal da Madeira. Senhor Secretário, não acha que seria útil ouvirmos o Senhor Bispo do Funchal para nos poder elucidar quanto aos conteúdos destes órgãos de Comunicação Social?
7. Senhor Secretário, o que está aqui em causa é uma questão de financiamento imoral. Peço-lhe que se abstraia do Jornal, do Diário e de todos os outros órgãos. Imagine que nós, individualmente, temos, por exemplo, um salão de cabeleireiro. Que eu recebo, 3 milhões por ano, com o compromisso de todos os funcionários públicos cortarem o cabelo na minha empresa, e de borla. Como aceitaria esta situação enquanto empresário. Achava bem ou reagiria?
NOTA:
A Audição iniciou-se com uma longa exposição (documento lido) do Secretário dos Recursos Humanos com a tutela da Comunicação Social. No final solicitei uma cópia do documento que o Secretário não quis fotocopiar. Um documento lido durante uns 25', de ataque ao Diário de Notícias da Madeira e restantes órgãos de comunicação social e de defesa do Jornal da Madeira. Tarde ou cedo, essa intervenção será anexa ao relatório da Comissão e, nessa altura, estudá-lo-ei em pormenor.
Ilustração: Google Imagens.

INQUÉRITO À COMUNICAÇÃO SOCIAL... ESTÁ A FICAR LINDO!


"O mercado estava adormecido", assume o Administrador do Jornal da Madeira.
Adormecido, nunca esteve! O que justifica 4 milhões/ano de apoio, pagos com os impostos dos madeirenses e retirados dos sectores prioritários, é a intencional distorção do mercado e a propaganda política do "Único Importante".

Esta manhã teve lugar na Assembleia Legislativa da Madeira, uma audição ao Administrador do Jornal da Madeira, no âmbito da Comissão de Inquérito à Comunicação Social. Coloquei dezassete questões:
1ª O Governo Regional já gastou, sob a forma de suprimentos e subsídios, mais de 40 milhões de euros no Jornal. Não considera isto um escândalo? O que tem sido feito para a sua rendibilização?
2ª O Jornal arrecada cerca de um milhão e seiscentos mil euros de receitas de publicidade (ano de 2009). Deixou de ter receitas da venda de jornais e assinaturas a partir de 2008. Tem cerca de 80 trabalhadores. As receitas não chegam para pagar o pessoal, o papel, a impressão e todos os outros custos de produção. Sabendo-se que assim é, como é admissível manter a actual "estratégia"? O que se esconde por detrás dela? Apresentam, o orçamento à "tutela" que lhes paga? E essa "tutela" (sócio maioritário - Governo) aprova os prejuízos sempre superiores a três milhões de euros?
3ª O Jornal tem um preço de capa de € 0,10. No entanto, é distribuído de borla. Considera ou não um logro e um claro desvirtuamento do mercado?
4ª Em 2009 foram despedidos 17 trabalhadores, no entanto, ao contrário do DN (1), o Jornal tem dois administradores em full-time. Como justifica esta situação?
5ª Consta que os colaboradores são pagos, pergunto-lhe, esses colaboradores das páginas de "opinião" colaboram gratuitamente ou são pagos?
6ª A passagem do JM, pago, a Jornal de distribuição oferecida, valeu em termos económicos? Isto é, o que perderam nas vendas de jornais foi compensado no aumento das receitas de publicidade? Estudei todas as receitas e conclui que não, mas gostaria de conhecer a sua opinião, quando se sabe que distorceram as regras de mercado através de preços substancialmente abaixo das tabelas normais aplicadas na comunicação social.
7ª O JM está há vários anos em incumprimento com o artigo 35º das sociedades comerciais. É o que deduzo dos relatórios de contas. Isto significa que o JM está em falência técnica? Que não tem viabilidade? Qual a sua posição sobre esta matéria?
8ª Enquanto presidente do conselho de gerência vê alguma solução? O Jornal é viável sem os apoios do Governo Regional? 
9ª Concorda ou não que o comportamento do JM afecta a concorrência e sobretudo a Lei da Concorrência? O Senhor, segundo julgo saber, é também Administrador do C. S. Marítimo, aceitaria que o Nacional recebesse mais 4 milhões por ano que o seu clube?
10ª Relativamente ao pluralismo, se eu, hoje, remeter um artigo de opinião para o Jornal da Madeira, garante-me que ele será publicado?
As respostas, quase uma a uma, foram sendo dadas, do meu ponto de vista, sem uma justificação plausível, inclusive, no quadro do que sublinham os Relatórios da Entidade da Concorrência e a Entidade Reguladora da Comunicação Social. Porque a questão central que se coloca é a de saber se as empresas de Comunicação Social devem ou não estar no mercado em igualdade de circunstâncias, independentemente dos seus Estatutos Editoriais, ou se a vocação do governo é a de utilizar o dinheiro que é de todos os contribuintes para promover a sua propaganda.
Esta questão central e muitas outras ficaram sem resposta. Dir-se-á que teriam de ficar, uma vez que pela prática e pelas declarações oficiais, parece-me claro, a paulatina intenção de gerar as condições que conduzam os outros concorrentes do mercado, o DIÁRIO, a uma situação muito complexa de sobrevivência. Ficaria, então, o JORNAL como "altifalante" da "causa"!
Continuo a dizer que esta Comissão poderá fazer história, uma vez que, à medida que os dias passam e os relatórios chegam ou as personalidades são ouvidas na Comissão, mais o processo se apresenta nebuloso, complexo e sem capacidade do PSD fugir às evidências dos números e das declarações produzidas. Espero que a Comissão cumpra o seu dever de imparcialidade.
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

FRASES QUE MARCAM




"Perderei a minha utilidade no dia em que abafar a voz da consciência em mim".
Mahatma Gandhi

PELA DEFINIÇÃO DOS CAMPOS DE ACTUAÇÃO POLÍTICA


(...) se os partidos de direita, por definição, favorecem o sistema capitalista e se o principal partido de esquerda faz o mesmo ou ainda mais, onde está a esquerda democrática no nosso País?


Acabo de ler uma entrevista do Professor Freitas do Amaral publicada na edição desta semana da revista FOCUS. A páginas tantas assume: "PS e PSD competem para ver quem governa mais à direita". Mas esta declaração tem um enquadramento: "(...) se os partidos de direita, por definição, favorecem o sistema capitalista e se o principal partido de esquerda faz o mesmo ou ainda mais, onde está a esquerda democrática no nosso País? Deixou de existir e isso é mau para o equilíbrio da política portuguesa. Se a alternância que existe é entre o PSD e o PS, que ambos competem para saber qual consegue governar mais à direita, pergunto, com que partidos é que as pessoas menos favorecidas podem identificar-se (...)".
Esta questão, ou melhor, esta síntese produzida pelo Professor, persegue-me desde há muito tempo. Por razões várias que, certamente, os visitantes compreenderão, nunca abordei esta questão central do meu pensamento político. Por um lado, porque tenho uma leitura do Mundo e dos Senhores do Mundo, do que querem e da sua agenda oculta meticulosa e pacientemente elaborada; por outro, porque as minhas mais profundas convicções da vida, dos direitos do Homem e da correspondente solidariedade, não se coadunam com esta marcha lenta, silenciosa, porque muitos não se apercebem, no sentido da espoliação dos mais elementares princípios e valores que devem reger o sentido humanista das governações. Finalmente, porque sou militante de um partido e não gosto de o criticar publicamente.
O Professor Freitas do Amaral, um Homem posicionado no centro-direita, toca no ponto nevrálgico, de resto, sentido pela população que, cada vez mais, experimenta dificuldades em saber quem é quem, que princípios e valores defende, qual o grau de seriedade e de honestidade, o que propõe e que grau de exequibilidade apresenta nas propostas. Há um mix de interesses e de calculismos que me incomodam, como se a política fosse um tabuleiro de xadrez onde as peças se movem em função de um qualquer xeque-mate. Ora, o exercício da política não é isso, não se conjuga com indefinições, com sombras e silêncios, com pressões e percursos pessoais. Um partido político sem ideologia é uma agremiação de bairro. A sua existência só se justifica no sentido de governar, tendo como objecto central da sua acção um projecto de sociedade conducente ao bem-estar da população. E isto exige a definição de posicionamentos muito claros, sensatos, fundamentados e compreensíveis por parte do todo social. Quando tudo parece estar dentro do mesmo saco, obviamente que isso só gera a desconfiança e o descrédito das instituições. É o que se está a passar na sociedade portuguesa e que eu lamento. Para esse peditório, sinceramente, não dou, porque prezo muito os valores que me animam na vida e porque sempre neguei fazer do exercício da política uma "profissão".
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

PARA REFLECTIR



O recurso humano, habilmente, passou a ser considerado como uma mercadoria económica. Melhor dizendo, direitos a um canto, porque o que interessa é o rendimento do Homem ao serviço da economia.

Em Outubro de 2000, vai a caminho de onze anos, li, no Le Monde Diplomatique, um excelente artigo assinado por Riccardo Petrella, então Conselheiro na Comissão Europeia e Professor na Universidade Católica de Louvain (Bélgica). Falava o autor das cinco armadilhas para a educação e de uma cultura de guerra, a saber: 
1.   Primeira armadilha:A crescente instrumentalização da educação ao serviço da formação dos recursos humanos”. Isto é, o recurso humano, habilmente, passou a ser considerado como uma mercadoria económica. Melhor dizendo, direitos a um canto, porque o que interessa é o rendimento do Homem ao serviço da economia;
2.  Segunda armadilha:A passagem da educação do campo do não mercador para o do mercador”. É a educação considerada como um grande mercado. Não é por acaso que, nos Estados Unidos, por exemplo, se fala em mercado dos produtos e serviços pedagógicos, em business da educação, em mercado dos professores e alunos;
3.   Terceira armadilha: a educação “é apresentada como um instrumento-chave da sobrevivência de cada indivíduo” (...) nesta era de competitividade mundial. No essencial, dir-se-á que a escola está transformada no lugar onde, subtilmente, se aprende uma cultura de guerra;
4.   Quarta armadilha: a da “subordinação da educação à tecnologia”. Ora, a mundialização é filha do processo tecnológico pelo que resta à educação fornecer os instrumentos de adaptação ao pensamento único;
5.   Quinta armadilha:a utilização do sistema educativo enquanto meio de legitimação de novas formas de divisão social”, isto é, uma sociedade dividida entre qualificados e não qualificados, entre os que dominam o conhecimento e os excluídos desse acesso.
Pois bem, a par da tal nobreza de princípios da Declaração de Bolonha, por exemplo, questiono-me se todos estes ingredientes, não estarão a conduzir a um campo minado e a uma cultura de guerra? E se esse é o campo que interessa a uma Educação onde o conhecimento rigoroso, exigente e profundo se compagine com os princípios e os valores, a disciplina, a partilha, a aprendizagem da solidariedade e com os direitos de cidadania?
Ilustração: Google Imagens.

UM POUCO DE RIGOR


Daí que, falar por falar, como se à mesa do café estivessem, em um "bate-papo" inconsistente, sem humildade, negando outras verdades com se a sua constituísse certeza absoluta, chega a ser chocante, pois não só denigre a classe e quem por esses caminhos se aventura, como a instituição que os acolhe.

Um dos pressupostos necessários a quem se aventura em uma abordagem de um qualquer tema, no mínimo, é ter a consciência tranquila que o estudou. Quem escuta deve ficar com a certeza que o transmissor fez esse esforço no domínio das variáveis em debate. Em uma aproximação a Ortega y Gasset, in A Rebelião das Massas, pág. 85, o filósofo clarifica: "(…) ter uma ideia é crer que se tem as razões dela (…) para que as ideias não sejam "apetites com palavras".
Galileu Galilei
Daí que, falar por falar, como se à mesa do café estivessem, em um "bate-papo" inconsistente, sem humildade, negando outras verdades com se a sua constituísse certeza absoluta, chega a ser chocante, pois não só denigre a classe e quem por esses caminhos se aventura, como a instituição que os acolhe. Recordo-me, há uns anos, um professor ter citado Woodrow Wilson, ex-presidente dos Estados Unidos: "Se eu for falar dez minutos, preciso de uma semana de preparação (…)". Isto significa que há um tempo necessário de ponderação sob pena de ligeireza discursiva, na lógica do que registei algures: "os mais arrojados em falar são, ordinariamente, os menos profundos em saber". Galileu Galilei (1564/1642), há tantos séculos (!), sublinhou que "falar obscuramente, qualquer um sabe; com clareza, raríssimos".
Bom, isto para dizer que somos bombardeados, até com discursos com traços de algum rancor, que só demonstra a inferioridade de quem os produz. Deveriam seguir aquilo que um professor deve ter presente quando ensina: ensinar a duvidar aquilo que está a ensinar.
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

INCONSTITUCIONALIDADE DO ORÇAMENTO DE ESTADO!

ESCOLA DE TALENTOS


O desafio é repensar a cultura de Escola, os seus mitos, o modo de organizar o currículo, a pedagogia, a avaliação. Reforma após reforma, permanece no sistema educativo tudo o que na escola é convenção, ritual, de acordo com lógicas herdadas, numa tirania de senso comum adquirido.

A Drª Júlia Caré assina, na edição de hoje do DN, um notável artigo de opinião, sobre Educação, causa há muitos anos por ela abraçada. Vale a pena ler e reflectir. Identifico-me, totalmente, com a sua leitura ao processo educativo, onde falta coragem para abandonar rotinas e estruturas retrógradas, coragem para abandonar a Escola fechada sobre si própria que relega os valores da iniciativa, da criatividade e da responsabilidade, abandonar a Escola   burocratizada, da legislação em catadupa, que subsiste no meio de papéis inúmeros, coragem para abandonar a Escola das iniciativas que caem em cascata, onde pouco interessa o porquê e para quê, a Escola traduzida nos projectos disto e daquilo, a Escola, enfim, incapaz de romper com os seus muros para interagir com os restantes sistemas. Esta Escola que temos é a escola da desmotivação e da entropia. Por isso, o artigo da Drª Júlia Caré assume particular importância. Aqui fica um excerto: 
"(...) Habituámo-nos a esta organização linear da escola em saberes e tempos compartimentados pré-definidos e iguais para todos, alunos alinhados por idades - a linha de montagem fabril - pautados por pausas regulares para medir conhecimentos e comparar produtos. O desafio é repensar a cultura de Escola, os seus mitos, o modo de organizar o currículo, a pedagogia, a avaliação. Reforma após reforma, permanece no sistema educativo tudo o que na escola é convenção, ritual, de acordo com lógicas herdadas, numa tirania de senso comum adquirido "established": a escola da conformidade, formatada, "fast-food", de que fala Ken Robinson. Que ao invés de potenciar talentos, muitas vezes castra dons, subalterniza percursos educativos, empobrece e desgasta energias".
Ilustração: Google Imagens.

FAMÍLIAS À RASCA


É evidente que, ao nível da família, há necessidade de educar para a poupança, educar para o não consumo do supérfluo, mas, pergunto, como pode uma família poupar quando o dinheiro é cada vez mais escasso ou não existe? Quando tudo está pelas pontas, como soe dizer-se? É nestas circunstâncias que a sensibilidade política social dos políticos deve ser notada.

Da edição do DN de hoje retiro o título "Famílias à rasca". Obviamente que sim. Mas há quanto tempo, na Assembleia Legislativa da Madeira este assunto é equacionado? Quantas propostas deram ali entrada, através de diversos partidos políticos, no sentido de colmatar as carências, inclusive, as mais primárias, sentidas por 30% da população? E quantos "chumbos" foram dados a essas propostas? E com que falaciosos argumentos? Quantos cêntimos saíram do Orçamento Regional para ajudar a combater os dramas que por aí andam? Quantas propostas de substancial alteração do modelo económico, potenciadoras de emprego, foram apresentadas e, sistematicamente, mandadas para o "caixote do lixo" parlamentar?
Ora, "Famílias à Rasca", na Região, obviamente que sim. E tendencialmente será pior. Os 402 milhões de crédito vencido são o espelho da realidade que alguns tentam abafar. É evidente que, ao nível da família, há necessidade de educar para a poupança, educar para o não consumo do supérfluo, mas, pergunto, como pode uma família poupar quando o dinheiro é cada vez mais escasso ou não existe? Quando tudo está pelas pontas, como soe dizer-se? É nestas circunstâncias que a sensibilidade social dos políticos deve ser notada. E não tem sido, por parte de quem tem a responsabilidade de governar. Há aqui uma tendência para esconder a pobreza, como se ela pudesse ser embrulhada em papel de "Jornal" e remetida para uma qualquer prateleira do arquivo dos Assuntos Sociais. Por exemplo, há dias, aqui divulguei a triste e esfarrapada posição do PSD relativamente ao "Banco Alimentar Contra a Fome". A sua existência na Região poderia significar um tácito reconhecimento da pobreza, por isso, o PSD votou contra. Esta manhã, ajudei a debater um Projecto de Resolução denominado por "Plano Regional para a Erradicação da Fome e pelo Direito à Alimentação", projecto apresentado pelo PCP. Após a conhecida lengalenga do partido maioritário, no essencial, que as pessoas sabem onde se dirigir, que há uma rede de apoios, que a Segurança Social não fecha a porta a ninguém, etc. etc., o projecto foi chumbado. Curiosamente, instantes antes, uma "majoração do abono de família", sob a forma de Projecto de Lei, a ser debatido na Assembleia da República, e, se aprovado, a pagar pela Segurança Social Nacional, teve voto favorável. Todavia, aqui, para estudar quem são os pobres, onde estão e quantos são, como vivem e que prioridades apresentam, no sentido de criar um plano assistencial devidamente coordenado, isso não. Já existe a Cáritas, as associações de beneficiência, as paróquias, as parcerias, etc, portanto, alto e parem o baile porque isso é ir longe demais! Por aqui fico, porque este assunto da solidariedade social mexe comigo e não quero ser deselegante com ninguém. 
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

RESULTADOS PARA PENSAR E MUITO... (II)


No essencial, que leitura política é possível e que repercussões podem acontecer, a partir de 46.247 votos (39,01%) depositados no candidato José Manuel Coelho. As leituras deste processo não podem ser levianas. Deverão ser, meticulosamente, estudadas, até como pressuposto de tornar esta situação de clara fraqueza da restante oposição, particularmente do PS-Madeira, numa grande oportunidade. E pode constituir uma oportunidade.


A partir da reeleição do Professor Cavaco Silva vários cenários são possíveis. Refiro-me à República, mas também e sobretudo ao contexto político na Região Autónoma da Madeira. Desde logo, um certo azedume no discurso de vitória do Presidente da República, deixa antever doravante uma crispação entre Belém e S. Bento. Penso que será inevitável. O Professor Cavaco convive mal com a crítica, e isso ficou bem patente ao longo da campanha, onde procurou fugir a todas as questões embaraçosas. Ainda esta manhã, o Senhor Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, produziu, de forma contundente, uma leitura semelhante à que aqui faço, portanto, não estarei longe da realidade se admitir que o Professor Cavaco Silva, de orgulho ferido e pressionado pelos influentes do seu partido de origem, ávidos de poder, conduza todo este processo no sentido da marcação de eleições antecipadas. Muito dificilmente não o fará, aliás, a avaliar pela maré eleitoral que concede ao PSD significativa vantagem. As suas palavras de ontem, pedindo a denúncia daqueles que o confrontaram com diversas situações, prognosticam que alguma coisa irá acontecer. As palavras ditas não são neutras, envolvem um significado e uma tensão que devem ser consideradas.
E a acontecer qualquer decisão, obviamente que se repercutirá na condução política da Região Autónoma da Madeira. Se, porventura, este mandato socialista for interrompido, restará saber, em um tempo tão curto, como reagirão os eleitores em função do seu sentido de voto quer para a República quer para as regionais de Outubro. No essencial, que leitura política é possível e que repercussões podem acontecer, a partir de 46.247 votos (39,01%) depositados no candidato José Manuel Coelho. As leituras deste processo não podem ser levianas. Deverão ser, meticulosamente, estudadas, até como pressuposto de tornar esta situação de clara fraqueza da restante oposição, particularmente do PS-Madeira, numa grande oportunidade. E pode constituir uma oportunidade. Mas, dir-se-á que o tempo corre contra quem tem a obrigação de apresentar um alternativa credível, até porque o quadro, inclusive, sociológico, é extremamente complexo e exigente. Os cenários a delinear são vários, não bastando, de forma apriorística, como ainda ontem aqui fiz, sublinhar que os resultados espelham a consequência de 34 anos de jardinismo. Temos de ir mais longe e traçar três cenários fundamentais que consubstanciem a resposta a três outras perguntas: o que fazer caso o Presidente da República dissolva o Parlamento? O que fazer, caso o resultado do PND, na eventualidade de eleições legislativas nacionais, for expressivo, enquanto continuidade do protesto?  O que fazer, nos próximos seis meses, para romper com 36 anos de governo PSD, independentemente das situações anteriores?
Tratam-se de três cenários (existirão outros ou a reformulação destes) que aqui deixo ao correr do pensamento, apenas para dizer que há uma absoluta necessidade de rever tudo, colocar tudo em causa e partir de forma estruturada e muito reflectida. Não é fácil, sobretudo porque a engrenagem nesta terra embora velha está oleada, mas é possível com inteligência, determinação e através da qualidade dos actores políticos. Espero não ficar desiludido!
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 23 de janeiro de 2011

RESULTADOS PARA PENSAR E MUITO... (I)


Este voto no candidato José Manuel Coelho constitui um claríssimo voto de protesto, uma demonstração que o rei vai nu.

39,01% dão muito que pensar.
O meu candidato, Manuel Alegre, perdeu. Oxalá, coisa que, a avaliar pelo seu comportamento anterior, será muito difícil, o Presidente da República eleito, consiga cumprir e fazer cumprir a Constituição, sobretudo no que à Região Autónoma diz respeito.
Os resultados apurados na Região Autónoma da Madeira permitem e exigem várias leituras e necessárias análises. A posição atingida pelo Deputado e candidato José Manuel Coelho, mais votado no Funchal (41,45%) e com uma percentagem global (Madeira) muito significativa (39,01%), determina que os partidos, na Madeira, tenham muito a repensar. Há aqui um claro sinal de descontentamento da população. Manuel Alegre perdeu e Cavaco Silva ganhou. Devo saudar o vencedor, mas, politicamente, o grande derrotado chama-se Alberto João Jardim e os 34 anos de correspondente jardinismo. Porque este voto no candidato José Manuel Coelho constitui um claríssimo voto de protesto, uma demonstração de que o rei vai nu. Dirão alguns, pois, não se deve comparar actos eleitorais distintos. No plano dos princípios é verdade, todavia, na prática, olhando para a expressão dos resultados à luz do que tem sido a postura política do candidato apoiado pelo PND, a percentagem apurada exige uma reflexão muito profunda e abrangente. Regressarei a este assunto, como é óbvio.
Ilustração: Google Imagens.

HOJE DIA MUNDIAL DA LIBERDADE

sábado, 22 de janeiro de 2011

O DESPRESTÍGIO DA POLÍTICA


O PSD meteu-se em um beco sem saída possível. Ou melhor, poderá ter saída, a de empurrar esta Comissão até ao final da Legislatura e ela própria cair sem qualquer conclusão. Simplesmente porque os números fornecidos pelas várias entidades, quando somados e relacionados possibiltam um quadro demonstrativo da utilização do erário público para o exercício da propaganda e de outros fins politicamente muito pouco correctos. Mas, a seu tempo, tudo será descortinado. A procissão ainda vai no adro.



Obviamente que não estou em reflexão. A minha decisão vem de longa data. Mas estou em reflexão por uma outra coisa, essa Comissão de Inquérito à Comunicação Social, "imposta" pelo PSD-M em sede de Assembleia Legislativa da Madeira. Ontem assisti a duas audições: uma ao representante da RTP-M e outra ao Administrador do Diário de Notícias da Madeira, Sr. Richard Blandy. A primeira não teve história, demorou quinze minutos, porque os partidos políticos optaram por não fazer qualquer pergunta. O PSD solicitou um esclarecimento e por aí ficou. Um fracasso!
Na parte da tarde, durante duas horas e um quarto, o Senhor Richard Blandy respondeu às questões dos Deputados do PS, CDS, PCP e PSD. Em um tom sereno, de grande responsabilidade, de quem sabe que tem razão e, por isso, não precisa de andar à procura de justificações, o Administrador do DN encostou o PSD completamente às cordas, como vulgarmente se diz. Todos os aspectos relacionados com a liberdade de imprensa, mercado e competitividade empresarial foram ali, com teoria e com dados, escalpelizados, um a um, sem deixar quaisquer margens para possibilitar ao PSD a justificação do injustificável. No fundo, a grande questão que se coloca é o inexplicável apoio de quatro milhões por ano ao Jornal da Madeira, a distribuição "de borla" do seu produto e o exercício do "dumping" comercial. Sobre a política de preços deu um exemplo: uma participação necrológica custa, no DN, em média, cerca de € 150,00 e no Jornal € 25,00. E toda a publicidade é assim.
Se a intenção do PSD foi a de criar uma situação para provar a legitimidade dos apoios e o equilibrio dos mesmos pelos vários órgãos de comunicação social, as leituras e as sínteses que já produzi, das resmas de papel que me chegaram, leva-me a dizer que o tiro do PSD sairá pela culatra. Verifico uma disparidade nos números, situações absolutamente proteccionistas e muito graves à luz da própria Lei. O PSD meteu-se em um beco sem saída possível. Ou melhor, poderá ter saída, a de empurrar esta Comissão até ao final da Legislatura e ela própria cair sem qualquer conclusão. Simplesmente porque os números fornecidos pelas várias entidades, quando somados e relacionados, possibiltam um quadro demonstrativo da utilização do erário público para o exercício da propaganda e de outros fins politicamente muito pouco correctos. Mas, a seu tempo, tudo será descortinado. A procissão ainda vai no adro, pressuponho.
Defendi e continuarei a defender a existência do Jornal da Madeira. Não me custa nada aceitar a sua política editorial desde que cumpra as chamadas de atenção da Entidade Reguladora da Comunicação Social (o pluralismo, entre outros aspectos); desde que cumpra o que está assumido pela Autoridade da Concorrência, enfim, desde que entre no mercado em igualdade de circunstâncias com todas as outras empresas do ramo. O Governo Regional, esse não, esse não tem rigorosamente nada que retirar aos nossos impostos 4 milhões por ano para entregar a um Jornal que lhe faz a propaganda. É imoral e contraria a lógica em que deve assentar o mercado. Não posso aceitar que uma empresa, com 80 trabalhadores (DN), todos os dias tenha de criar as condições de êxito comercial, enquanto uma outra pode dar-se ao luxo de não se mexer porque o Governo lhe paga a factura. É imoral, repito. E nesta brincadeira já voaram dos nossos impostos 42 milhões de euros. Milhões que tanta falta fazem para combater o flagelo do desemprego e os necessários apoios sociais complementares, desde o abono de família, o complemento de pensão para os idosos, o apoio aos portadores de deficiência, o apoio às escolas para cumprirem os seus projectos educativos, enfim, um vasto leque de necessidades sentidas, face às quais o governo assobia para o lado como se nada estivesse a acontecer. 
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

MANUEL ALEGRE - A MINHA ESCOLHA


Portugal não precisa de quem diz mata quando outro diz esfola. Encontramo-nos em um momento de absoluta necessidade de gerar novos equilíbrios através do diálogo, de alguém com passado, com história, com vida e vivência política, com leitura do País e do Mundo.

Sempre tive uma grande admiração por Manuel Alegre. Desde o tempo das ondas da rádio vindas da Argélia, onde esteve exilado e de onde partiu o programa "Voz da Liberdade". Era eu muito jovem e lembro-me do meu pai sintonizar, em um velhinho RCA (que ainda o conservo), muito baixinho e quase com o ouvido colado à saída de som. Mais tarde percebi as razões de uma audição em reduzido volume de som, como também a mensagem que a telefonia irradiava. A minha consideração por Alegre vem daí, desse tempo, desses dez anos a emitir do exterior a necessidade de instauração da Democracia em Portugal.
Em 2008, quando Alegre revisitou as instalações da "Voz da Liberdade", lembro-me ter dito: "Não podemos separar a história da revolução portuguesa do papel desempenhado pela Argélia, que ajudou Portugal a instaurar a democracia e ajudou outros movimentos de libertação, sem pedir nada em troca, apenas com solidariedade para aqueles que se batiam pela liberdade". Foram tempos de resistência à ditadura e o que, para mim, constitui referência e motivo de grande consideração é que Alegre, de 1974 para cá, ao contrário de muito boa gente, não vendeu a sua consciência, os princípios e os valores que o animam. Apesar de estar COM o PS, em vários momentos, ele soube estar CONTRA. Naquilo que é essencial, Alegre funcionou muitas vezes como o contraponto, o abanar da consciência partidária interna, o alerta para os erros de percurso. E eu sei quão difícil é percorrer esse caminho dentro de um partido. Mas fê-lo com os riscos que as tomadas de posição implicam e face aos olhos enviesados que crescem em redor. Não se vendeu e não se deixou corromper pelas teorias económicas balofas de uma sociedade que caminha para a sua auto-destruição. A sua posição de intransigência contra esta maré de desvinculação e destruição dos direitos laborais, essa onda contra a escola pública, contra a mercantilização da saúde, essa subtil e paulatina destruição do estado social, entre muitos outros aspectos, leva-me cada vez mais a considerá-lo como o Homem que Portugal precisa na Presidência da República.
Portugal precisa, urgentemente, com este ou qualquer outro governo de uma figura que faça o necessário contraponto. Portugal não precisa de quem diz mata quando outro diz esfola. Encontramo-nos em um momento de absoluta necessidade de gerar novos equilíbrios através do diálogo, de alguém com passado, com história, com vida e vivência política, com leitura do País e do Mundo. Portugal dispensa o bem vestido mas oco, por dentro, nas concepções que defende. Pelo contrário, Alegre o que expõe na "montra" é o que tem no "armazém" da sua consciência política.
Existem outros candidatos, pois é evidente que sim. Não é isso que está em causa. Esta é a minha opção com o respeito pelas restantes candidaturas. O que me parece defensável é, neste quadro sociológico, perceber qual o melhor caminho para romper com uma candidatura da direita que, ao longo dos últimos cinco anos, com tanta sabedoria económica enunciada, não se lhe reconhece qualquer atitude pública no sentido de esbater as consequências da crise internacional. Mais, ainda. Tenho presente o que foi o candidato Cavaco Silva, enquanto Primeiro-Ministro. Hoje, fala como se tivesse na mão a solução de todos os problemas, mas não esqueço que, durante dez anos, não soube lançar as bases de um futuro promissor para Portugal. Se, há 25 anos, com tanta sabedoria apregoada, o tivesse feito, hoje, Portugal, certamente, seria diferente em todos os sectores e áreas da governação. Não o fez, portanto, considero que é um candidato que Portugal pode dispensar. Eu votarei Manuel Alegre. Votarei na esquerda por um Portugal moderno e solidário.
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

SE A DEMOCRACIA TEM CUSTOS...




O candidato Professor Cavaco Silva disse hoje que os portugueses não devem "(...) arrastar esta campanha mais três semanas, por desviar as atenções daquilo que é essencial", pois "lançaria custos acrescidos sobre todos os cidadãos portugueses (...) os custos seriam muito elevados para o país".
Bom, eu posso perceber a aflição de quem sente que cada dia que se passa pior se tornar a sua imagem. Só que aquela declaração, do meu ponto de vista, é inconcebível, desde logo porque constitui uma "violência" sobre o Povo que é soberano na escolha do candidato; depois, se a Democracia tem custos, piores são os da ditadura.
Bastaria que olhasse para o processo nos Estados Unidos. O candidato Cavaco Silva parece-me que ainda não percebeu que a Constituição prevê um segundo sufrágio se um candidato não obtiver mais de 50% dos votos. A segunda volta é legítima e importante, precisamente porque visa, em um naipe de seis candidatos, LEGITIMAR um entre dois mais votados. Tão simples e tão compreensível.

DIA 23 DE JANEIRO: DIA MUNDIAL DA LIBERDADE


Olho para um Povo que sofre e nele não vislumbro a reacção que, de resto, seria natural; olho para a confortável maioria parlamentar a tocar um tambor velho e gasto, mas que produz, ainda, o som necessário para cobrir as vozes da razão; olho para a sociedade mais qualificada e vejo-a subserviente, acomodada, de nariz colado ao joelho; olho para o discurso político e nele, facilmente, descubro a meia-verdade (...)

Confesso, já aqui o referi em um outro texto de desabafo, que tenho andado, eu não diria de braços caídos, mas com alguma angústia a invadir os sentimentos pelas causas que considero importantes. Olho para um Povo que sofre e nele não vislumbro a reacção que, de resto, seria natural; olho para a confortável maioria parlamentar a tocar um tambor velho e gasto, mas que produz, ainda, o som necessário para cobrir as vozes da razão; olho para a sociedade mais qualificada e vejo-a subserviente, acomodada, de nariz colado ao joelho; olho para o discurso político e nele, facilmente, descubro a meia-verdade, a proposta que confunde, o fait-divers, a inversão das prioridades, a ausência de sentido de responsabilidade na condução dos processos políticos, a negação e corrupção dos princípios e dos valores que deveriam enformar a Res pública, por aí fora, e tudo isto leva a que me interrogue, com alguma frequência, sobre o mundo de enganos em que o exercício da política se transformou. Sou, quanto todos os outros, mero observador e também actor de processos para os quais a intervenção está condicionada, muito limitada, feita de equilíbrios em um trapézio no mor das vezes sem rede. E o que acontece, porém, pela falta de dados contextuais e condicionamentos culturais, esse Povo sofredor nem conta dá que há muitos por aí que são a voz dos seus problemas. Daí o sentimento de uma luta que conduz à interrogação ao jeito de E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, a canção que inspirou o 25 de Abril:  
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Sinto, de facto, que o retorno da voz do Povo não chega, pletórica de energia. Anda por aí, em decibéis muito baixos, comentando as agruras, conduzindo a cruz como sempre lhe ensinaram. Mas ao mesmo tempo que isto constato e que me constrange, também existe uma outra energia interior que me leva a dizer, em alto e bom som, que a hora não é para desistências. Se querem manter a "guerra", então, vamos a ela. No dia 23, próximo Domingo, é Dia Mundial da Liberdade. É dia de eleições para a Presidência da República. Seria bom começar por aí!
Tudo isto a propósito de um comentário que V. D'A deixou neste blogue, que agradeço e aqui transcrevo, pela profundidade que o encerra e porque me tocou, profundamente, obrigando a nele reflectir. 
"Em momento de uma tão grande dor colectiva como aquela que vem atingindo este povo insular - obedientemente e em silêncio! - as palavras de VExa e o seu discurso assertivo refluem nas consciências morais como um estímulo à resiliência. Temo, porém, que à virtude enunciada se una uma eficácia estéril.
Com efeito, não podemos nunca esquecer o princípio básico que enforma a "democracia": (com grande infortúnio para nós) - uma cabeça um voto! Ora bem, sabemos que a maioria das cabeças votantes desta terra (ainda) vota de barrete de orelhas para proteger do frio; neste contexto, as vossas clarividentes opiniões - contra o regime que nos oprime - apenas acabam por caucionar o sombrio e amargo desalento que se infiltra nos espíritos superiores que consciencializam tal facto - nunca no povo vilhão e votante! É esse o vosso grande handicap.
Porém, do meio deste deperecimento moral que nos vem abatendo, eis que surge um verdadeiro grupo de irredutíveis, sincronizado todavia com os desafios e exigências do seu tempo, conhecido pelo "Grupo do Garajau", que de forma muito pouco ortodoxa vem procurando destapar as orelhas a um ou a outro vilhão mais vivaço. E, creiam-me, a fórmula vem funcionando até nos corações mais abatidos ou nos espíritos mais descrentes.
Concedo porém a vossa imensa dificuldade em ir por esses caminhos - a vossa matriz de estar e de actuar é outra: é conservadora - "straight" como dizem os ingleses - e epistemológica; mas numa época tumultuosa como a nossa urge aferir se é mais importante manter a inflexível austeridade do carácter ou prosseguir com a generosidade das coisas úteis.
Um abraço para Si.
V.D´A."
Ilustração: Google Imagens.