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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024
Escolha de sectores e tecnologias a apoiar
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024
Absolvição
A frase que fica: "Existem tragédias e fatalidades. Ocorreu uma queda de uma árvore como ocorreu o 20 de Fevereiro". Palavras da advogada de defesa, Drª Kátia Vieira, a propósito do acórdão que absolveu a Drª Idalina Perestrelo e o Engº Francisco Andrade no caso da queda da árvore (carvalho) que, no decorrer da festa do Monte, ceifou a vida a treze pessoas naquele maldito 15 de Agosto de 2017.
De facto, o acontecimento do Monte faz parte das tragédias, umas que podem ser evitadas ou atenuadas; outras, que acontecem sem uma responsabilidade directa do ser humano. Ali, pelo que acompanhei ao longo destes sete anos, não existiu incúria (vide as razões da absolvição, no Dnotícias de hoje, página 13). Da mesma forma que, em 2021, quase no mesmo local, outra árvore caiu desta feita sem consequências graves.
Neste processo, lamento o extenso rol de leituras e comentários abusivos, alguns pretensamente técnicos, no sentido da condenação dos arguidos. O Tribunal não os considerou e ainda bem.
Um abraço à Drª Idalina Perestrelo e ao Engº Francisco Andrade, figuras com um passado de luta em defesa do ambiente e que não mereciam passar por estes sete anos de "massacre" psicológico.
Ilustração: Google Imagens.
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
Estar para o poder como a lapa para rocha
Tudo isto está muito confuso. O que leio e ouço dá-me a entender que há políticos que transmitem a ideia que nem a si próprios se respeitam. Um dos casos é o do presidente do governo regional da Madeira, em gestão, que apresentou a sua demissão, por duas vezes, e que hoje volta a posicionar-se como candidato a presidente do governo, seja qual for a decisão do Senhor Presidente da República, em tempo constitucionalmente próprio.
Dirá o visado que leva trinta anos de exercício da política, durante os quais não corrompeu nem foi corrompido. Até conclusão do processo e trânsito em julgado, admito a sua total inocência. O "julgamento" popular pode ser um, a voz do Tribunal pode ser outra. Até aí tudo certo. O verdadeiro julgamento virá depois. O que já não me parece menos claro é, no plano político, a manifestação de uma postura que deixa passar uma tendencial ideia de estar agarrado ao poder. Há políticos que estão para o poder como a lapa para a rocha. Porquê, questiono! Quando o exercício da política constitui um serviço público à comunidade?
E isto faz-me trazer à colação o que, durante anos, escutei: a tal lengalenga que os quadros políticos e técnicos estavam apenas de um lado, capturados ou não pelas circunstâncias advindas de um poder "duracel". Afinal, o que se deduz é o vazio, uma espécie de orfandade, pela ausência de figuras que assumam uma alternativa interna. É, no mínimo, esquisito. Se a esta primeira conclusão chego é, desde logo, pelas posições públicas de gradas figuras partidárias que têm vindo a publicar o que pensam. Registei: "Fingir que nada mudou e criar bolhas de ilusão só farão com que o embate com a realidade seja mais doloroso (...)" - Augusta Aguiar, ex-secretária regional dos Assuntos Sociais, edição de hoje do Dnotícias, pág. 26.
Está tudo em polvorosa e, como se isto não bastasse, vá lá também saber-se o porquê, o presidente do segundo partido da coligação já declarou que está de saída. Outro que pegue no frágil leme.
Aliás, a percepção que tenho deste quadro corresponde a uma inevitabilidade de um qualquer poder que se arraste anos a fio pelos corredores. Neste caso são 48 anos consecutivos. Inevitável, porque as pessoas acomodam-se, disfrutam dos lugares atribuídos como se se tratasse de um emprego para a vida, directa ou indirectamente fazem parte do jogo, criam cumplicidades, respeitam a "voz do dono", fazem por ignorar as leviandades políticas, vivem ou sobrevivem nas águas pantanosas, apenas mantendo a lealdade expressa na bandeirinha eleitoral, mas sempre atentas às peças que deambulam no tabuleiro. Parece-me óbvio, com receio do futuro próximo.
A vida e vivência democráticas não são isto. Liberdade? Qual liberdade!
Pergunto-me, se estivesse em tal situação, de lugar secundário, convidado pelo líder da lista, o que faria? Não tenho a mínima dúvida que, no plano político, seria solidário com o convite que me tinha sido dirigido e, sugeriria uma renúncia em bloco. Não bastam as palavras de solidariedade, pois mais que as palavras valem as acções.
Ilustração: Google Imagens.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
O mundo agrícola europeu em convulsão
A União não pode continuar a colocar os impostos dos europeus na PAC, exigindo produção de alta qualidade, e deixar as portas abertas à entrada de produtos que não cumpram as regras da UE.
A França tem sido o epicentro da revolta dos agricultores na União Europeia. Mas outros países europeus, em dias ou semanas diferentes ou por vezes coincidindo, não deixaram de mostrar o seu profundo descontentamento nas ruas com tractores, bloqueando estradas e ocupando espaços predefinidos em cidades como Bruxelas.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024
"Lavagem cerebral"
Um grande Amigo, um dia, nos longos diálogos noite fora, abordando a esquerda e a direita política, disse-me: sabe, a esquerda política, aquela que defende princípios e valores democráticos, é muito idealista, sonhadora e vê o mundo e as pessoas impolutas, transparentes, raramente vê a trapaça do jogo e até, por isso mesmo, muitas vezes deixa-se encantar, resvalando de tolerância em tolerância; ao contrário da direita política que tem uma história milenar, que a tornou muito paciente, serena, matreira, encantadora e sedutora. Paciente porque sabe como desenhar o labirinto para chegar ao poder e como, onde e quando deixar bem disfarçados os alçapões.
Ainda ontem, o humorista Ricardo Araújo Pereira salientava o facto de atribuírem 12/13 minutos a cada candidato nos debates que estão a ocorrer, acrescentando que, logo de seguida, o espectador fica confrontado com intermináveis minutos de comentadores e jornalistas. Acrescento: que até atribuem notas à prestação daqueles que poderão vir a representar o Povo na Assembleia da República. Não deixa de ser curiosa esta ambiguidade de tratamento entre quem define estratégias políticas e os outros! Engana-se quem pensa que isto não tem um significado mais profundo e, subtilmente, escondido, onde dominam, também, os interesses empresariais.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024
A casa dos inúteis
A história do programa "Big Brother" tem, segundo li, cerca de vinte e quatro anos de emissão. Mais de 70 países, em todos os continentes, reproduzem o "reality show". Nunca me predispus a assistir a um episódio. Para mim é reles demais. Mas, esta semana, antes das notícias das 20 horas, espreitei uns quinze minutos, se tanto. De resto, inevitavelmente, todos os dias por lá passo, mas o controlo remoto livra-me daquele, para mim, desprezível espectáculo. Uma série de indivíduos numa casa-prisão de luxo, dizem que se trata da "mais vigiada do país", cuja função é alimentar-se, dizerem disparates, mor das vezes demonstrarem uma manifesta ignorância, incompatibilizarem-se, realizarem umas tarefas infantis e a tudo aquilo os mentores designam por "jogo". Talvez seja o jogo da inutilidade e da estupidificação em horário nobre.
Li esta manhã que um sujeito que por lá passou, a propósito da desistência de um concorrente, terá dito: "O melhor jogador de sempre acaba de desistir, porque Portugal não tem maturidade para enfrentar um jogador que dorme a pensar no que vai fazer no dia seguinte (…)". Está tudo dito.
Umberto Eco (1983) sobre "A transparência perdida" escreveu sobre a paleotelevisão e a neotelevisão, esta onde sobressaem a desregulação e a ausência de bom senso, tomando conta da televisão e influenciando o mapeamento dos formatos da oferta televisiva. Mas, a par do que se vê, entre a tristeza de um big brother e de outros programas das televisões generalistas, questiono-me sobre as substanciais diferenças. Sinto que se está a nivelar por baixo.
Ilustração: Google Imagens.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024
Por favor, não nos tratem por desmiolados
Deixo para depois as questões relacionadas com as investigações em curso. Se valer a pena, claro! Rejeito as opiniões a partir de uma mancheia de "achismos" que por aí andam. Entendo que o tempo ditará a complexidade das responsabilidades de cada um, directa ou indirectamente envolvidos. Poderá levar anos, sabe-se que, infelizmente, é assim, e, por isso, todo o tipo de especulações, como se fôssemos investigadores e profundos conhecedores do processo e até juízes, do meu ponto de vista deve assentar num redobrado cuidado na prudência das leituras.
Uma coisa foi a sistemática denúncia em sede de Assembleia Legislativa e autarquias, às quais se juntou a "vox populi" que, durante tantas dezenas de anos, alimentou a desconfiança na condução dos processos políticos; outra é, perante a realidade que se vive, tecer comentários específicos, julgando, antecipadamente, sem a correspondente prova, condenação e o trânsito em julgado. Não vou por aí. Prefiro que a Justiça faça o seu caminho, conjugado com o que (e bem) escreveu Miguel Sousa Tavares na edição de hoje do Expresso: