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sábado, 25 de janeiro de 2025

Tal como os chapéus... malas há muitas!

 

A Democracia, a verdadeira, precisa de ir à revisão. Tal como nós necessitamos, periodicamente, de um "check-up", de um exame profundo desde análises a "ecos" disto e daquilo. Precisamos de desnudar o regime de uma ponta à outra. Sem contemplações de danos colaterais. Se tal é possível, perguntar-me-ão, penso que sim. Haja vontade, já não digo por parte dos que exercem a política, mas pela pressão oriunda da sociedade. Embora, também seja verdade, uma significativa parte da sociedade se encontre capturada pelo sistema político. Há muitas dependências, muita engrenagem geradora de silêncios. Porque interessa ou porque o medo tomou conta das consciências.



De uma forma paulatina mas consistente, o regime produziu e fomentou monstrinhos, pessoas e instituições, que se espalharam de forma interligada e alinhados na obediência e na subordinação. Não existe patamar de intervenção política que não reflicta este sentimento.

Infelizmente o digo, entre um extenso rol de casos, tenhamos presente o esquisito jogo de influências diversas que, alegadamente, envolve o Senhor Presidente da República, refiro-me ao "caso das gémeas", o (a)normal número de arguidos no governo da Madeira até o último caso protagonizado por um deputado da Nação, suspeito de surrupiar malas em aeroportos nacionais. E no meio de tudo subsistem os conflitos de interesse que se tornaram normais, os alegados negócios onde, também alegadamente, sobra sempre para alguém, a economia paralela numa espécie de salve-se quem puder, os sistemas de saúde e de educação que soçobram, até a singularidade de indivíduos condenados e presos regressarem à actividade política como se nada tivesse acontecido.

Sem qualquer dramatismo ou sentimento de bota-abaixismo, até porque acredito na recomposição e regeneração dos processos, temos de assumir que resvalámos, deixámo-nos ir numa onda de muitos "falsos prestígios", de excelências medíocres e ausência de escrúpulos. Verdade, também, talvez para disfarce de culpas institucionais, a investigação criminal escuta de forma quase indiscriminada e abusiva, prende sem culpa formada, deixa escapar para a comunicação social o resultado de investigações em segredo de justiça, arruinando a imagem pessoal e pública de quem, até, pode ser inocente, mas que deixa em "paz podre" outros que a evidência, pelo menos parece, demonstra culpabilidades várias. É o resvalar de um outro pilar, o da Justiça, para uns, tendencialmente rápida e, para outros, ao jeito das pilhas "duracell", onde se encontram, pasme-se, políticos, juízes e procuradores. Vive-se no país da "casa dos segredos", dos futebóis, da mentira, do subterfúgio, das novelas embrutecedoras promotoras de distração e de muitos comentadores de gritante fragilidade conceptual e histórica.

O país está em causa, a precisar de um "chech-up", é certo, mas também uma Europa e o Mundo que estão neste declínio de figuras inspiradoras e de políticas que tenham em consideração novos equilíbrios sociais, que expurguem a má-fé, a podridão e o pântano, porque muito do que se passa está entregue a gulosos, especuladores e vendedores de sonhos. As "malas" dos interesses são grandes e nela cabem muitas outras "malas" médias e pequenas que rolam no tapete da desgraça colectiva.

Ilustração: Google Imagens. 

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