FACTO
"(...) não precisamos que venham de fora apregoar o que é preciso fazer cá dentro" - Deputado José Prada, PSD, Assembleia Legislativa da Madeira. Fonte: DN-Madeira.
COMENTÁRIO
Paleio político de entretenimento. "Paroles". Em um Mundo globalizado, seja qual for o contexto, político, económico, financeiro, social e cultural, o isolamento, para mais em uma região insulana, é causa de atraso e de distanciamento relativamente ao conhecimento. Todos precisamos de ouvir os outros, os que mais sabem, não com a ideia de ditarem ordens, mas na lógica de uma percepção das várias hipóteses que se colocam aos problemas. Apregoar a globalização e, simultaneamente, fechar-se na sua concha ou em uma "torre de marfim", é absolutamente disparatado. Na escola e na vida aprendemos na relação com os outros, no diálogo com os demais, no cruzamento das experiências vividas.
O mal tem sido esse, o de levar o povo a pensar que é "superior", que não existe mais mundo para além da Ponta de S. Lourenço. O erro tem sido o de, com humildade, não chamar ou, então, visitar países e sistemas importantes para rasgar horizontes. Por aí se ganha mundo. Uma coisa é ser autónomo, outra a bacoca auto-suficiência no conhecimento. Por isso se fazem "brainstormings", qual "chuva de ideias", com pessoas de várias formações e origens para aprender como fazer. Por isso, cada vez mais, trabalha-se em rede, utilizando o "benchmarking", técnica de imitar ou mesmo copiar processos que conduzem à excelência. É por aí que se pode ser criativo e inovador.
No processo gestionário li muito de Peter Drucker (1909/2005). Fui à estante e peguei alguns dos seus livros. A páginas tantas, porque está marcado, dei com esta: "Se você quer algo novo, você precisa parar de fazer algo velho"; em um outro, "gerir é substituir músculos por pensamentos, folclore e superstição por conhecimento, e força por cooperação". Duas mensagens: parar de fazer algo velho e o desígnio da cooperação. E, para isso, repito, seja em que contexto for, porque aprendemos uns com os outros, constitui um complexo de inferioridade assumir que os outros nada têm a dizer sobre o nosso futuro colectivo, o que significa ter medo de assumir as próprias fragilidades.
Ilustração: Google Imagens
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