Nos recentes debates políticos, uma grande parte das vezes, face ao que dizem os painéis de comentadores, fico com a ideia que eu e eles não vimos o mesmo debate. Não apenas sobre o que dizem, mas pelas famigeradas notas que atribuem. Ainda não percebi se, para uns, a escala é de 0 a 10, para outros, é de 0 a 20! No mesmo debate e painel, um pode atribuir a nota 5 e outro 15 ou mais. Uma disparidade que, depois, converte-se em comentários diametralmente opostos.
O problema é que, aos olhos dos menos bem informados, essas notas e apreciações acabam por afectar e moldar posteriores decisões individuais. Hoje, a influência que exercem em redor do debate político já não é, sequer, subtil ou invisível, é descarada e está a tornar-se numa poderosa força que, no essencial, visa gerar a dúvida ou mesmo transportar a consciência para aquilo que desejam que o povo seja e não aquilo que as convicções e apreciações individuais ditam. Matam o sentido crítico e perde-se a autonomia de pensamento, sobretudo se esta não está alicerçada em princípios e valores estruturados. Concomitantemente, a consequência conduz a um nocivo efeito de rebanho, pela insistência e pela persuasão.
É óbvio que ninguém está imune a influências de todos os tipos, daí que, neste contexto, especificamente ao jornalista ou ao comentador, não lhe peço a verdade, mas que seja honesto com a sua verdade. O problema está nas pontas soltas que deixam pelo caminho, nos pequenos deslizes, no tom de voz, na comunicação facial e postural, nas atitudes, nos enquadramentos e narrativas inquinados, onde se percebe, com relativa facilidade, onde querem chegar e ao serviço de quem estão. Preferia que assim não fosse, apenas, genericamente, autênticos e honestos na comunicação verbal e não verbal.
E quanto às notas... deixem isso para os espectadores e leitores, face à tamanha discrepância entre uns e outros.
Ilustração: Google Imagens.
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