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quinta-feira, 5 de julho de 2012

RELVA(S) SÓ A DO MEU QUINTAL!


Pergunto, como é que isto é possível? Por esta via, apenas a título de exemplo, o Comendador Joe Berardo, com um vastíssimo currículo no mundo financeiro e na cultura, hoje seria, do ponto de vista académico, doutorado e catedrático em Finanças ou em qualquer ramo das artes; ou, tanto empreiteiro por aí medalhado, teria a equivalência a engenheiro; e, Alberto João Jardim, outro exemplo, com 36 anos de chefia do governo regional, seria o quê(?), talvez, doutorado em "ciência política". Pergunto, uma vez mais, como é que isto é possível? Sem estudo, sem provas prestadas, sem exames, sem avaliações, um sujeito apresentar um diploma que depende da boa vontade e da subjectividade de quem analisa um conjunto de papéis? Se houvesse um mínimo de decência política, hoje mesmo, o ministro Relvas demitia-se. E se não se demitisse, o da Educação deveria solicitar o regresso à sua escola por não pactuar com situações desta natureza. Um ministro que impõe exames no quarto ano e no sexto, tem um colega de governo que é "licenciado" sem exames!


Conheço o essencial das notícias dos últimos dias relativamente à Licenciatura do Ministro Miguel Relvas. Após longos anos de matrículas em cursos sem sucesso académico, retive que o citado cidadão, a partir do seu currículo profissional (leia-se, político), conseguiu o diploma de licenciado em ciência política e relações internacionais, na Universidade Lusófona. Até melhor esclarecimento da situação, o dito juntou uns papéis e, em um ano, limpou trinta e tal cadeiras do curso. Questionado, o Primeiro-Ministro disse que este era "um não assunto" e ponto final. Não tenho essa opinião. 
Defendo a credibilização das instituições universitárias e seja qual for a personagem política (e mesmo que não seja), de ontem ou de hoje, assuntos desta natureza devem ser investigados. O que para mim é preocupante é o facto de, sem sentar o rabinho na sala de aula a ouvir os diversos docentes, um qualquer sujeito conseguir um título académico baseado em quatro exames e 32 equivalências, por créditos atribuídos ao seu currículo profissional. Leio no Jornal I de hoje:  "a avaliação das "competências adquiridas ao longo da vida" teve em conta os nove cargos que o ministro ocupou seja como membro da delegação portuguesa da NATO, entre 1999 a 2002 ou como secretário da direcção do grupo parlamentar do PSD entre 1987 e 2001. Os cargos políticos desempenhados, por seu turno, permitiram a Miguel Relvas obter equivalências a três disciplinas do 2.º ano e ainda a mais uma do 3.º ano. Por fim, a avaliação do "exercício de funções privadas, empresariais e de intervenção social e cultural" permitiram ao antigo aluno da Lusófona adquirir equivalências a mais 15 disciplinas". É obra! No final disto, onze de média! Como chegaram a este valor, que ponderações, que critérios foram utilizados? Simplesmente, aberrante.
Pergunto, como é que isto é possível? Por esta via, apenas a título de exemplo, o Comendador Joe Berardo, com um vastíssimo currículo no mundo financeiro e na cultura, digo-o, neste caso, por admiração, hoje seria, do ponto de vista académico, doutorado e catedrático em Finanças ou em qualquer ramo das artes; ou, tanto empreiteiro por aí medalhado, teria a equivalência a engenheiro; e, Alberto João Jardim, outro exemplo, com 36 anos de chefia do governo regional, seria o quê(?), talvez, doutorado em "ciência política". Pergunto, uma vez mais, como é que isto é possível? Sem estudo, sem provas prestadas, sem exames, sem avaliações, um sujeito apresentar um diploma que depende da boa vontade e da subjectividade de quem analisa um conjunto de papéis?
Percebo, qualquer pessoa percebe, o que está por detrás de tudo isto: um monumental jogo de interesses, do tipo, toma lá dá cá, com muitos contornos que a seu tempo serão esmiuçados. Os interesses internos de algumas instituições universitárias, os financiamentos, as dependências a que se submetem, as pressões políticas, a proximidade e conivências, enfim, um larguíssimo leque de situações que não dignificam nem os políticos nem as instituições universitárias. E o que dirá de tudo isto o Ministro da Educação e Ciência? Fará tudo isto parte do que já hoje é conhecido pelo "cratês"? Então, onde está o grau do rigor, a exigência do conhecimento provado que está muito para além de uma avaliação ao currículo profissional? Se houvesse um mínimo de decência política, hoje mesmo, o ministro Relvas demitia-se. E se não se demitisse, o da Educação deveria solicitar o regresso à sua escola por não pactuar com situações desta natureza. Um ministro que impõe exames no quarto ano e no sexto, tem um colega de governo que é "licenciado" sem exames!
Ilustração: Google Imagens.

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