"A Autonomia não é algo que seja irreversível" (...) a nossa Autonomia está sempre sob ameaça porque vocês vivem num Estado que é centralista que quer voltar a mandar na Madeira". Palavras do presidente do governo da Madeira, dirigida aos alunos na Escola Secundária Bispo D. Manuel Ferreira Cabral, em Santana.
Este é o síndrome que explica desnorte, não ter nada de importante para dizer, fraqueza política, superficialidade, seguidismo passadista, concomitantemente, a manutenção daquela falida ideia que tenta espalhar o medo junto da população. Os inimigos de lá que andam sempre à espreita de tramar a Madeira, são capazes, até, a qualquer momento, de rasgar a Constituição da República para garantir a hegemonia do Estado! Ora, isto não tem qualquer sentido e acaba por ser muito grave quando dito frente a jovens em formação. Mas a música é sempre a mesma, aprenderam-na e repetem-na, com um coro afinado (tem dias) que vem falar, através de alguns "historiadores do reino", das centenas de anos de secundarização dos insulanos. Foi, mas já não é assim. Aliás, quem anda sempre a olhar para o passado não tem nada para oferecer para o futuro. Do meu ponto de vista, é perda de tempo desenterrar tais períodos, alguns muito cinzentos, porque os contextos e as realidades actuais são sobremaneira diferentes. As regiões são autónomas, dispõem de órgãos de governo próprio, existe um povo (600.000 nas duas regiões e muito mais do que isso nas comunidades) e existe um permanente escrutínio de vários partidos políticos e da comunicação social, para além do Presidente da República e das instituições europeias. Logo, é gratuito dizer que a Autonomia é reversível. Nem que a República virasse Monarquia, tal a simpatia já demonstrada pelo presidente do governo!
O presidente do governo deveria centrar-se na governação, afastar tais espantalhos e explicar aos jovens a Região que somos, os graves erros cometidos ao longo de 40 anos e a responsabilidade que todos os jovens têm no sentido de criarmos uma terra onde, no futuro, exista mais justiça do que direitos. Deveria ter explicado as razões da colossal dívida contraída, a necessidade de todos trabalharem no sentido de superar as desigualdades sociais e a pobreza que atinge quase 30% da população (vide edição de ontem do DN-Madeira, página 3, que explica que a Madeira tem mais 10% em risco de pobreza que a média nacional), taxa em linha com os estudos do falecido Professor Doutor Alfredo Bruto da Costa que foi um dos grandes especialistas mundiais nos estudos sobre a pobreza. E deveria ter aproveitado aquele momento para dizer aos estudantes que existe uma relação directa entre a formação académica e a pobreza. Tudo o resto são delírios políticos.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Lamentável a utilização do nome do Prof. Bruto da Costa, quando todos os partidos se esqueceram dele na ALRAM, nem um voto de pesar pela sua morte. Ao menos, o PS, tinha essa obrigação,ele que desempenhou funcoes, curiosamente indicadas pelo PS.
Certamente que o lamento não é para mim. Ele faleceu em 2016 e eu saí da Assembleia em 2011. De resto não tenho, neste momento, nada a ver com o PS. Obrigado pelo seu comentário.
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