Quase cinco décadas a escutar o mesmo vinil, as mesmas faixas, os mesmos temas e sons, os mesmos artistas, às vezes, em novos lançamentos com breves variações à guitarra e à viola, parece-me extremamente cansativo. A agulha há muito que riscou o disco!
Respeito quem goste, mas não faz o meu jeito de estar na vida. Aprecio a liberdade e rejeito amarras sejam elas quais forem; sempre me dei bem com o pensamento livre, colocando na borda do prato, na esteira de Régio, o convite dos que dizem, com olhos doces, "vem por aqui"; prezo o respeito pela democracia, intensamente vivida em toda a sua extensão, e distancio-me da ausência de rigor, dos subterfúgios, da mentira dita com tez de seriedade; não sinto qualquer atracção pela "moral de rebanho", sobre a qual falou Friedrich Nietzsche no quadro do mundo político.
A vida, a vivência e a convivência ensinaram-me isso. Colocaram-me nesse patamar. Voto em princípios e valores que estão para além das pessoas que encarnam a oferta política. Sempre com a noção que até posso vir a me sentir defraudado, porém, com a plena convicção que posso corrigir na próxima ronda.
O que detesto é observar que a cor, há 49 anos, seja mais importante que os princípios, valores e críticas abundantemente feitas, mesmo que em surdina. Sei da teia subtil e pacientemente engendrada, sei das cumplicidades, dos interesses, por ínfimos que sejam, conheço a lógica do cesto de cerejas, mas não me conformo que se reduza a democracia a um sentido obrigatório, quando são variados os pratos do menu.
Mais, o acto de votar devia ser obrigatório e sujeito a penalização. Se todos nós usufruímos de uma mancheia de direitos que o exercício da política nos concede, também temos o dever de participar, expressando o sentimento daquilo que consideramos ser, nesta conjuntura, o melhor para o país ou para a região.
Por isso, votem!
Ilustração: Google Imagens.
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