"Considero que há uma agenda política partidária que tem como prioridade prejudicar a Madeira, no sentido de tentar em 2019 o assalto ao poder regional. Isso nós não vamos admitir (...)". Esta declaração é do presidente do governo regional da Madeira, Dr. Miguel Albuquerque. Ora bem, a posição do presidente do governo, a dois anos de eleições legislativas, denuncia sintomas de pânico, porventura a partir de uma aproximação do PS, em função das sondagens que têm sido publicadas. Não há outra justificação. Porque as perguntas, naturalmente, surgem: quais os traços e fundamentos dessa hipotética "agenda partidária"? E como é possível esse tal "assalto ao poder" regional, quando é o povo que, soberanamente, decide? Julgo que o problema do Dr. Miguel Albuquerque reside nestas duas linhas do gráfico: o azul que se aproxima da laranja!
Prejudicar a Madeira como? Será que quem está a criar sérios problemas aos madeirenses é a oposição política ou o próprio governo da Madeira? Pois, entendo, tudo a propósito do novo hospital. Mas quem é que, sucessivamente, desde o ano 2001, anda a empurrar o problema? Terá sido a oposição ou os vários governos da Região? Para que tenhamos presente, pela enésima vez, reproduzo o essencial do processo:
"(...) Em 2001, a ex-Secretária dos Assuntos Sociais e Saúde, Drª Conceição Estudante, declarava que a opção vai para um novo hospital; em 2003, o Presidente do Governo assumiu que o vai construir em sete anos e que é prioritário; em 2004, o presidente do governo disse que, se for eleito, gostaria de inaugurar o novo hospital até 2008; em 2005, o presidente do Conselho de Administração do HCF assumiu que o actual hospital estava fora de prazo e em Dezembro foi anunciado o concurso público e, logo a seguir, que oito consórcios mostraram-se interessados; em 2006 foi dito que a obra avançava no final de 2008; em 2007, o actual secretário assumiu que a construção do novo hospital estava decidida, definitiva e irrevogavelmente. A partir de 2008, o PSD começou a oferecer sinais de dúvida, com o Deputado Jaime Ramos a dizer que o novo hospital não era uma necessidade urgente e básica; no entanto o presidente do governo continuou a sublinhar que a prioridade era um novo hospital. Daí para cá constata-se o recuo, todavia, de trapalhada em trabalhada. Entre muitas a das expropriações e até a possibilidade de aumento do actual hospital para terrenos contíguos."
Perante isto a oposição é que é a culpada? Mais, ainda, se os terrenos, neste momento, apenas estão parcialmente adquiridos, se não foi lançado o concurso público internacional da responsabilidade do governo da Região, se não se sabe, por isso, quanto custará o hospital, tampouco se existirão ou não outros financiamentos, como pode o governo da República avançar com os 50% assumidos e que são da sua responsabilidade? O Estado não funciona em regime de pré-pagamento! O que me leva a dizer que para o Dr. Miguel Albuquerque não está em causa a fragilidade política do seu governo, mas sim o Dr. António Costa que deseja um "assalto ao poder regional". Dizem os brasileiros... "só contaram p'ra você!"
O governo que faça o favor de governar e de resolver os problemas dos madeirenses. E são muitos. Os eleitores só pedem isso e, lá para 2019, o julgamento será feito. Mas atenção, o problema da Madeira e do Porto Santo não está na loucura das obras que, tudo leva a crer, regressarão em força. Lembro aos governantes, tem poucos anos esta história com pitada de humor, a Região parecia um estaleiro tal o volume de obras em curso, porém, a população não foi em cantigas. O PSD venceu as eleições, é certo, mas o susto ficou. Hoje, colocam-se outras questões e outras necessidades. E a propósito, lembro-me de um político da maioria que, na Assembleia, passava todo o tempo a falar da "obra feita". E a páginas tantas, um deputado da oposição começou a sua intervenção dizendo-lhe: "vossa excelência, muito obra". Cuidado, há obras e obras!
Ilustração: Google Imagens.
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