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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

DA TROIKA DA DESTRUIÇÃO (FMI/COMISSÃO EUROPEIA/BCE) À TROIKA DA SALVAÇÃO (PS/BE/PCP)


Não é difícil compreender certos posicionamentos políticos. Mor das vezes basta andar com a fita do tempo para trás, cruzar o que disseram e fizeram com as respectivas consequências e, tal como um puzzle, peça a peça, pacientemente, montar o quadro. Esta manhã ouvi um deputado do CDS, na Assembleia da República, a debitar o seu discurso, cheio de incoerências, intervenção que resumo a um sim ao descongelamento das carreiras profissionais, com contagem desse tempo para efeitos futuros e, simultaneamente, um não ao descongelamento das mesmas. Uma indisfarçável ambiguidade. Percebi a dificuldade do deputado em assumir a questão central e essencial, que o caminho escolhido para Portugal pelo governo PSD/CDS, o percurso da austeridade cega e o da extorsão quase diária de direitos, alguns até constitucionais, não tinham proporcionado bons resultados. E se nele continuássemos, à luz do que hoje se conhece, Portugal, país com limitações várias, provavelmente estaria em uma situação extremamente delicada, desde as pessoas ao sistema empresarial.

É preciso ter memória...

Se, em um determinado momento, face aos sinais e, depois, à eclosão de uma crise externa, ela própria fabricada (quantos com ela ganharam!) e que arrasou as economias europeias e não só, sobretudo as mais vulneráveis, são compreensíveis algumas medidas constrangedoras da nossa vida colectiva, a sua manutenção ad aeternum pressupõe uma arrepiante ausência de princípios e de valores políticos e sobretudo sociais. É como se um político, por outras palavras, dissesse: eu estou bem, os meus não são os vossos direitos e interesses, por isso, comam, calem-se e vivam na sua pobreza ou limitações. Nada, aliás, que não estejamos habituados a ler, ver ou escutar. Ora, a definição de um outro caminho, o da troika da salvação, refiro-me ao acordo de base parlamentar entre o PS, o BE e o PCP/Verdes, por mais que a alguns custe aceitar, demonstrou que era possível recuperar o País sem gerar uma dramática destruição do tecido social. A prova está nas políticas seguidas desde há dois anos por António Costa, em contraponto com a selvática política de roubo e de intencional empobrecimento. Aliás, a este propósito, por uma questão de enquadramento, talvez valha a pena recuperar o que disse o economista João Vieira Pereira (Expresso), em 2016. 
Mas, para certas figuras, como é o caso do Dr. Passos Coelho, no seu artigo de opinião de hoje, as evidências não interessam, o povo sentir que está um pouco melhor não é relevante, daí que continue a designar de "demagogia e populismo" as recentes negociações para a recuperação do tempo de serviço efectivamente prestado pelos trabalhadores da função pública para efeitos de progressão na carreira. Nesse texto, Passos Coelho assume, também, o discurso da ambiguidade, ao defender que "esta não é uma questão de estar a favor ou contra as pretensões (...) mas quanto custa a medida "quer em termos de despesa permanente em salários quer futuramente em pensões". Sempre o raio da austeridade que levou, até, Angela Merkel considerara "lamentável" a atitude de Passos Coelho, nesse tempo, ao mandar chumbar o PEC IV (acordo entre Portugal/UE/BCE e com o acordo da Alemanha, aliás, como preferiu a Espanha). Passos Coelho preferiu a troika da destruição e, ao que parece, continua, irracionalmente, a defendê-la. Ao serviço de quem, não sei. Normalmente, segue-se um lugar ao Sol!
Declaração de Merkel:
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Ilustração: Google Imagens.

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