Acabo de ler o livro do meu Amigo Dr. António Trancoso com o título de capa Se não tivesse sido assim... Uma deliciosa história de vida, desde o nascimento até ao seu "quadro de honra" que ostenta, neste momento, 4x20! É obra. São oitenta anos de história pessoal com muitas e muitas peripécias que me levam a concluir que só poderia ter sido assim. Porque, conhecendo-o há muitos anos, nunca nele vi o Homem portador de uma coluna de plasticina. Foi inteiro, foi ele próprio. E pagou por isso, só que a consciência tranquiliza-o e transmite-lhe, estou certo, que voltaria a viver os mesmos momentos, onde se misturaram a irreverência com o sentido de justiça.
A páginas tantas acabei por recuar no tempo, aquando da sua descrição no "paraíso de Macaloge" em Moçambique, para onde foi destacado na estúpida guerra colonial. Algumas passagens permitiram-me trazer à memória a constrangedora Guilége (Guiné-Bissau), por onde passei e onde nada existia, ou melhor, apenas o medo de não regressar. Trancoso conta as peripécias de uma guerra criada "por um regime deliberadamente criminoso" onde narra uma série de episódios de sacrifício e morte.
Depois, o regresso, a docência e a análise ao exercício da política, onde escalpeliza inúmeras situações de "lucrativos negócios e de rendosos lugares", da participação da Igreja, situações que deixaram um rasto de milhares de milhões ainda em pagamento e subtis perseguições que, ainda hoje, marcam um certo medo ou receio das represálias do poder.
Caríssimo Amigo e Colega António Trancoso, este seu testemunho contado na primeira pessoa, deu-me prazer em toda a extensão das 264 páginas de leitura. Apenas junto um pormenor: o facto de me ter sido grato recordar o Professor Capitão Robalo Gouveia de quem também fui aluno, pela sua exigência, rigor e mestria na arte de formar ginastas.
Parabéns Amigo Trancoso.
Ilustração: Fotos publicadas no livro.
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