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quarta-feira, 12 de abril de 2017

A RENÚNCIA


Pois, chegou a hora da renúncia. Sua Excelência Reverendíssima o Bispo do Funchal (deveria ser da Diocese da Madeira, ou não?) fica dependente da vontade do Papa Francisco. Sinceramente, gostaria que o Papa aceitasse a renúncia. Seria bom para a Madeira. Na esteira de Francisco, os cristãos desta Região precisam que a Palavra também aqui chegue, acutilante, sem rococós, sem lengalengas gastas e desprovidas de sentido, capaz de colocar o dedo onde socialmente sangra. Sempre que oiço Francisco renova-se-me a ESPERANÇA e sempre que oiço Carrilho invade-me a tristeza, a decepção, o desapontamento. 


Quando o Senhor Bispo aqui chegou lembro-me de ter escrito um artigo no DN-Madeira sob o título "Carrilhar é preciso". Passados dez anos, olho de trás para a frente e sintetizo: o comboio da Palavra descarrilhou. Completamente. Como bem disse o Bispo Manuel Martins "há uma diferença entre os que acreditam no que dizem e os que são meros funcionários da Igreja.' O Bispo Carrilho foi um funcionário, nunca o Homem da Palavra que não precisa de estender o tapete ao poder político (por omissão) para credibilizá-la e expandi-la enquanto necessidade de uma sociedade onde continuam a persistir mais direitos que justiça social.
Os problemas não se resolvem com fé e caridade, palavras sempre presentes no discurso do Bispo Carrilho. Porque isso corresponde à manutenção do círculo vicioso da pobreza. Os dramas sociais, na esteira do Papa Francisco, têm causas e essas só se atenuam ou resolvem com a PALAVRA contextualizada, com um Bispo presente onde o povo está, na rua, nos becos, impasses, veredas, nos bairros e no associativismo, transportando o EXEMPLO, com a acutilância política de Cristo que foi um político de primeira água. E há tanto "vendilhão" por aí! 
Foram dez anos de toca e foge, de silêncios cúmplices, dez anos virados para dentro e não para o povo de um Cristo que morre pela libertação. Este Povo precisa da Palavra NÃO partidária mas, seguramente, política. Porque o silêncio, em função das circunstâncias regionais, é, claramente, partidário. Prova disso é a suspensão "a divinis" do Padre José Martins Júnior. Nem mandou julgá-lo em Tribunal Eclesiástico nem lhe pediu perdão. Absolutamente revoltante, pelo menos para mim que sigo uma Mensagem de paz, justiça, amor e tolerância, todas estas palavras na sua dimensão maior.
Boa Páscoa, Senhor Bispo, sem ovos, coelhos e chocolates, mas com um novo olhar sobre a realidade que não deve quedar-se pelos rituais.
Ilustração: Google Imagens.

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