Obviamente que não é de bom senso colocar em causa quem, legitimamente, ganhou as eleições legislativas regionais e que, por força dessa circunstância, governa. Outra coisa é a apreciação ao comportamento da governação. Pessoalmente, nunca tive grandes expectativas, porque apesar da palavra "renovação" a matriz consolidada ao longo de quarenta anos muito dificilmente poderia ser alterada. E não foi. E tanto assim é que, nas últimas semanas, por um lado, os sinais de descontrolo, consubstanciado no tom agressivo com a República, por outro, a atitude musculada na relação com as instituições regionais parceiras, transmitem que a tal matriz deu cabo da tal pretensa "renovação".
Tenho presente as sistemáticas declarações, com palavras muitas vezes azedas, por parte do presidente do governo regional, relativamente ao tal Terreiro do Paço, atitude que, se nunca constituiu boa estratégia, hoje, está definitivamente condenada. Por exemplo, a próxima reunião com o Primeiro-Ministro ser realizada no Palácio de S. Lourenço ou em qualquer outro lugar, deveria ser acertada pelos canais internos, através de um simples telefonema, nunca através de atitudes de alguma grosseria que a nada conduzem; como tenho presente o contínuo desacerto do secretário da Educação que conseguiu atingir o patamar da ex-ministra de má memória, Maria de Lurdes Rodrigues, tal a fúria existente entre professores e sindicatos. Ainda hoje uma carta do leitor, publicada no DN disso dá conta; como tenho presente as atitudes da secretária do Ambiente e Recursos Naturais, naquela trágica intenção de paralisar a Câmara do Funchal ou a de colocar a Câmara de Santa Cruz em Tribunal; como tenho presente o vice-presidente, entre várias histórias, como a mal contada do ferry (vide FB de Márcio Serrado Fernandes, em 10 de Maio, onde um cidadão coloca preto no branco); como tenho presente a secretária da Inclusão e Assuntos Sociais que, em um sector tão importante e complexo, nada se vê no quadro intergovernamental na perspectiva de políticas que possam ir de encontro aos desequilíbrios mais sentidos; como tenho presente o secretário da saúde, com os trágicos números que envergonham a Autonomia; como tenho presente os comunicados que saem da Rua dos Netos, qual tentativa de fazer do ataque a melhor defesa! São tantos os factos. A política, pelo menos para mim, é muito mais que isto.
Todos os dias os madeirenses são confrontados com situações que não abonam em favor de uma governação serena, de rigor, não casuística, portanto, apostada no futuro de uma Região que salte das assimetrias que a enforma. Fico com a ideia de um "vira o disco e toca o mesmo", onde não se antecipa o futuro nem se demonstram os passos para lá chegar. A comunicação social comanda a actividade política e não é o exercício da política que os trás a reboque. O que daqui resulta é o continuado desencanto, que, infelizmente, não fica pela governação. Há outros, em outros domínios, porventura tão ou mais graves, porque de Democracia se fala. Estão a "vender" fumo.
Ilustração: Google Imagens.
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