FACTO
O ex-presidente do governo da Madeira, Dr. Alberto João Jardim será agraciado com a mais alta insígnia da Região Autónoma da Madeira, depois de quase quatro décadas à frente do executivo. A proposta partiu do PSD e contou com o apoio do actual governo. A proposta foi aprovada na comissão permanente da Assembleia Legislativa da Madeira com os votos favoráveis do PSD, PS e CDS-PP. O Bloco de Esquerda e o Partido Trabalhista Português votaram contra e o Juntos Pelo Povo absteve-se. Segundo a comunicação social o PCP não esteve presente.
COMENTÁRIO
O voto favorável do Partido Socialista é inenarrável. Que o PSD queira distinguir um dos seus, porque tem maioria parlamentar ou porque dá jeito no confronto interno, enfim, é compreensível. Já o sentido de voto do PS é muito estranho. Em breves instantes, escrevo no plano da análise POLÍTICA, deu-se o mais completo apagão em uma memória de 40 anos, feita de ofensas muito graves a dirigentes e simpatizantes, de ataques políticos miseráveis e muitos com natureza ordinária, de aviltamento de pessoas credíveis e socialmente reconhecidas, de perseguições a variadíssimos níveis, para não falar das atitudes musculadas, do autoritarismo, da violação dos deveres de neutralidade, da exclusão de pessoas dos espaços que deveriam primar pela representação democrática, da ausência de debate, do desrespeito pelos órgãos da República, da dívida contraída, dos "monopólios" gerados, das públicas cumplicidades, da utilização do Jornal da Madeira, das ofensas à comunicação social, da criação de uma sociedade assimétrica, enfim, é longo, muito extenso o historial. E o PS-Madeira pegou no apagador e em um ápice fez desaparecer tudo o que durante anos criticou e, POLITICAMENTE, deu o seu voto favorável. Um completo apagão, quando o PS sempre disse que, com o mesmo dinheiro disponível teria feito muito mais e melhor. Trata-se de uma contradição insanável, quando o "reconhecimento" tem uma natureza política. Nem presente tiveram o que um dia foi dito e que explica muita coisa: "temos de ser uma máfia no bom sentido e ajudar-nos sempre uns aos outros".
Ora bem, no exercício da política, como em tudo na vida, é necessário dar-se ao respeito, até porque "quem não se sente, não é filho e boa gente". Só falta agora, no dia da cerimónia, o PS aplaudir e abraçar, POLITICAMENTE, o condecorado, na lógica de "quanto mais me bates, mais eu gosto de ti".
Nunca imaginei, confesso!
Finalmente, talvez agora compreenda o que o Dr. Jardim disse, em 10 de Abril de 2012: "(...) os amigos dos meus inimigos, meus inimigos são, os inimigos dos meus inimigos meus amigos são". Fico por aqui.
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