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domingo, 29 de abril de 2018

AEROPORTO DA MADEIRA - UM PROBLEMA MUITO COMPLEXO DE RESOLVER



Ponto prévio: nada percebo de aviação e de condições de descolagem e aterragem. Apenas sei que, tal como todos, a segurança deve estar em primeiríssimo lugar. 
Posto isto, a resposta que procuro, até agora em vão, é saber, no caso específico do aeroporto, o que é entendido por SEGURANÇA. Leio que há equipamentos que já não respondem ao actual conhecimento, que os limites estabelecidos são ainda anteriores ao aumento da pista e que devem ser indicativos e não limitativos. As convicções do Senhor Comandante Timóteo Costa, madeirense com 25.500 horas de voo e cerca de 8 mil aterragens no Aeroporto da Madeira, são, pelo menos para mim, leitor, claras e persuasivas. Porém, depois de ver este arrepiante vídeo, questiono se não constituirá uma porta aberta para decisões de risco. Não sei. Certo é que, como utente, face, inclusive, ao agravamento das condições climáticas, factor que não é despiciendo, que o debate aconteça de forma idónea, científica e aberta. É que, neste momento, parece-me, duas coisas: primeiro, se existe debate, ele é muito circunscrito; segundo, fico com a ideia que ninguém quer arriscar, porque no caso de uma fatalidade, a responsabilidade seria de uma incalculável dimensão. Portanto, exige-se bom senso e, para já, custe o que custar, a dotação de melhores equipamentos para informações mais precisas por parte dos controladores de tráfego aéreo. O seu trabalho é, também, muito complexo.
Parabéns pelas excelentes imagens (devidamente identificadas) e pela notável capacidade técnica dos pilotos. Mas, sinceramente, não gostaria de estar na pele de passageiro.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

O BISPO ANTÓNIO CARRILHO NÃO DORME DESCANSADO


A entrevista ao Padre Martins Júnior, hoje publicada no DN-Madeira, à medida que a fui lendo, levou-me a ter que gerir um conjunto de emoções, pela profunda Amizade e respeito que nutro por esta figura da Igreja, pelos valores que transporta e transmite e, sobretudo, pela imbecilidade de uma hierarquia que o mantém "suspenso a divinis". Há dezenas de anos que nem o julgam em Tribunal Eclesiástico nem lhe pedem perdão, por essa vergonhosa atitude política, repito, política, perpetrada, há 41 anos, pelo então Bispo Francisco Santana. 


Li o livro "O 25 de Abril em Machico - Centro de Intervenção Popular 1974/75", publicado pelo seu irmão Dr. Bernardo Martins, livro editado na sequência da sua Dissertação de Mestrado e que teve o Professor Doutor Nelson Veríssimo como orientador do trabalho de investigação. Vezes várias voltei atrás para melhor compreender a relação entre factos, profusamente documentados em 715 notas de rodapé para além de inúmeros fac-símile que dão força ao texto e que entusiasmam a leitura. Nesse notável documento histórico fica clara a mentira vendida como verdade sobre os acontecimentos de 1974/75, em Machico. E na entrevista de hoje, Martins Júnior, ao assumir que é "naturalmente revolucionário", homem progressista, favorável a transformações no âmbito político e social, homem do povo e pelo povo, no essencial, acaba por explicar as razões de nunca lhe terem pedido perdão pela atitude, marcadamente política, de o afastarem. De facto, na prática, nunca conseguiram. E se aqui trago o livro, é por considerar que o actual Bispo António Carrilho deveria lê-lo com toda a atenção. Se já o leu, então, a sua cumplicidade política ainda é mais flagrante e grave. Seja como for, não devia, por amor à Igreja, melhor dizendo, aos paroquianos da Ribeira Seca, em particular, e ao povo da Madeira, em geral, onze anos depois de aqui ter chegado, acabar por confirmar aquilo que Martins Júnior, em 2012, assumiu em uma entrevista conduzida pelo jornalista Emanuel Silva: a Igreja não pode continuar a "(...) servir a dois Senhores. Ou se serve a Cristo ou se serve o Poder (...)". Ora, na esteira de Santana, Carrilho também escolheu o poder. Nessa entrevista, há seis anos, nas vésperas das "bodas de ouro de ordenação sacerdotal", tendo o Padre Martins falado ao Bispo António Carrilho na possibilidade da cerimónia realizar-se na Igreja Matriz de Machico, obteve como resposta: "(...) seria muito boa essa ideia mas se lhe entregasse as chaves desta igreja [Ribeira Seca]. Regredi a 1974. Francisco Santana também me disse que entregasse as chaves da igreja. Respondi 'Não'. A igreja está sempre aberta. Até de noite (...)". Esta não é, certamente, a Igreja de Cristo. É a igreja que fez e faz a opção pelo poder político. Lamento.
É, por isso, que a entrevista de hoje, feita com pinças, me trouxe outras memórias, sobretudo o livro e a entrevista de Emanuel Silva que guardo "religiosamente". Não resisto a um outro excerto. Pergunta o jornalista: "O seu 'crime', no início, foi ter sido político. Qual o 'crime' que lhe foi imputado? [Dom Francisco Santana] chamou-me ao Paço Episcopal e disse: "Martins, entrega-me as chaves da igreja da Ribeira Seca. Disse-lhe 'as chaves não são minhas, são do Povo. Mas porquê?'. 'Porque estás inscrito no Partido Comunista Português'. Ele atira-me esta. 'Até sei o teu número' [de inscrição no PCP]. Que artista! Nem a PIDE faria um serviço tão mal feito! Foi isto. Depois, disse que as catequistas da Ribeira Seca não poderiam mais ensinar Catequese. Porque eu tinha feito um catecismo (Deus no meio do Povo). Nesse catecismo eu relevava as figuras bíblicas libertadoras. Ensinava a linguagem bíblica libertadora. Sei que esse catecismo foi parar à mesa do brigadeiro Azeredo". 
Já não falo dos outros, mas deste, do Bispo António Carrilho. Presumo que não deve dormir descansado. "Na paz do Senhor", como vulgarmente se diz, quando tem um problema que indigna todos quantos seguem a Palavra. Trata-se de um comportamento que revolta, mas que confirma uma opção: servir o poder político, primeiro, depois, o Senhor. E sendo assim, questiono-me, como pode o Bispo Carrilho falar de "pecado"?
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 22 de abril de 2018

PRAIA DO PORTO SANTO - GOVERNO CORRE ATRÁS DO PREJUÍZO


"A verdade é como o azeite... vem sempre à tona". Ora, o trabalho da jornalista Maria Catarina Nunes (DN-Madeira), independente da oportunidade e importância, vem dar razão a vários especialistas, muito particularmente ao madeirense Engenheiro Doutor João Baptista que, desde 1966, tem equacionado, cientificamente, o drama da praia do Porto Santo. Salienta a jornalista: "Jóia mais antiga de Portugal em risco. Foi galardoada como uma das 7 Maravilhas do Mundo em 2012, um trabalho que a Natureza começou há milhões de anos. O Porto Santo não é só uma praia com reconhecidos poderes terapêuticos, é um tesouro português que guarda memórias da caminhada do planeta. E agora está em risco de se perder". Infelizmente, os múltiplos estudos e avaliações apresentados, programas e declarações públicas, muitas vezes conduziu a grotescos vilipêndios públicos, por parte de senhores que se julgavam e julgam, acima de qualquer crítica. Hoje, existindo documentação e factos, sublinha, com pena, o investigador que, "na prática, nada foi feito".


Como foi possível ignorar os trabalhos das equipas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e da Universidade de Aveiro, a partir do Centro de Investigação GEOBIOTEC, da Fundação para a Ciência e Tecnologia, quando, enaltece o Engenheiro João Baptista, a praia do Porto Santo "é um legado único"? 
O problema, sublinha o DN, começou há 38 anos, em 1980, quando as retroescavadoras começaram a roubar areias e materiais sólidos do paredão dunar para alimentar a construção do Porto de Abrigo: "(...) Tínhamos uma praia em equilíbrio dinâmico desde a sua formação até esta obra. A construção do Porto de Abrigo no extremo oriental da ilha veio perturbar esse equilíbrio". Ao contrário do que aconteceu quando se levantou a Ponte Cais, na primeira metade do século XX: "Está assente em pilares e nunca interferiu”, explica o investigador.
É caso para concluir que o governo regional  anda agora a correr atrás do prejuízo. Atente-se nesta parte do texto: "O resultado são milhares de euros gastos em dragagens do Porto de Abrigo (pelo menos três, entre 2001 e 2008, de acordo com os dados da Administração de Portos da Madeira, APRAM). E agora, como noticiou o DIÁRIO, vai arrancar nova operação de dragagem nos próximos meses. É que a navegabilidade das embarcações fica comprometida e, sobretudo as de grande dimensão, em risco durante as manobras de atracagem. Em 2016, João Baptista juntou-se ao Comandante João Bela, do Lobo Marinho, para avaliar a que distância o navio navegava das areias profundas: "No mínimo, exigem-se quatro metros de coluna de água entre a quilha do barco e o fundo da bacia portuária. Em 2016 estava a 1,9 metros e agora já está a 1,4 metros", revela o investigador. Solução: engordar a duna com areia do desassoreamento".
Sugiro a leitura de todo este trabalho, nas páginas 2 e 3 da edição de hoje, mas de tantas considerações que, a este propósito, me apeteciam fazer, apenas deixo uma pergunta final: e ninguém é responsabilizado? 
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

PELA BOCA MORRE O PEIXE OU COMO LER NÚMEROS E ESTATÍSTICAS



FACTO

"Centro (de saúde) do Bom Jesus parado por falta de pagamento (...) ia custar 4,9 milhões. Quatro anos depois, sem a obra, a previsão já vai em 5,4 milhões" - Fonte: DN-Madeira, edição de 10 de Abril de 2018.

COMENTÁRIO

Há dias gerou-se uma polémica entre os dois governos, regional e nacional, tendo o centro da questão se centrado entre quem tinha culpas no cartório no rigor das contas públicas. De forma célere e de crista levantada, o vice-presidente do governo regional veio dizer que "(...) desde 2013 que a Madeira não tem défice" (...) A Madeira, em termos de contabilidade nacional, a única que conta para a avaliação do défice apresentado à União Europeia, tem tido saldos positivos desde 2013". Muito bem! Independentemente do contexto que justificou a posição do primeiro-ministro, face à posição do vice-presidente do governo regional, qualquer cidadão coloca, obviamente, uma questão: de 2014 para cá, com saldos positivos, como se explica a falta de pagamento de uma obra há muito esperada por médicos, enfermeiros e restante pessoal técnico e administrativo?
Não tenho resposta. Apenas sei que, também na Câmara do Funchal, onde foi vereador com o pelouro das finanças, o actual vice-presidente do governo, enalteceu, vezes várias, que a Câmara apresentava saldos positivos. Mais tarde, confirmou-se uma dívida global superior a 100 milhões. 
Digo eu, depende de como alguns são capazes de olhar para as contas! 
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 8 de abril de 2018

BRASIL - O GOLPE DE ESTADO (consummatun est)


Por Carlos Esperança
07/04/2018

Primeiro usaram artifícios legais para expulsarem Dilma da presidência da República, depois seguiram os passos do Golpe, adrede preparado, até levarem Temer à presidência do Brasil. É um corrupto nas mãos de corruptos, boneco articulado com o grande capital e os latifundiários, que tudo fará para evitar a prisão e se manter no poder, apto a vender a Amazónia, os recursos mineiros, os rios e o mar, as indústrias e as comunicações, num regresso à ditadura dos coronéis à paisana.


Hoje, os coronéis usam toga, a comunicação social funciona a água benta evangélica e o poder é exercido com a repressão, a usura e o gangsterismo. No Brasil, a democracia foi confiscada por juízes e entregue aos 5% que detêm 90% da riqueza.
Ainda houve uns generais que, para não perderem o hábito, ameaçaram os juízes de que interviriam se acaso Lula da Silva não fosse preso. Talvez estivessem combinados. Uns e outros pertencem a esses 5% que acham um exagero os 10% da riqueza desperdiçados com 95% de desgraçados.
O crime de Lula e Dilma foi o de quererem corrigir exageros do capitalismo selvagem, talvez lembrados da dureza da guerrilha e da pobreza da fábrica, ou, quem sabe, moles com a miséria alheia, sem respeito pelos poderosos.
As palavras de um infame, ao votar a destituição de Dilma, ecoarão no futuro do Brasil e no desespero dos torturados de todo o mundo, como paradigma da torpeza: ‘voto em homenagem ao (nome do canalha) que torturou Dilma’, com a exultação da desforra e o rancor do sádico.
O apartamento foi um pretexto. O ódio de classe é o alimento da vingança contra o voto. A democracia é um obstáculo incómodo para os terratenentes, oligarcas, dignitários e banqueiros.
É preciso destruir a ex-guerrilheira e o ex-metalúrgico que se fez sindicalista e é amado pelo seu povo. A prisão de Lula não é o fim do Golpe, é o modo de acabar com ilusões democráticas.
O crime está consumado. As eleições serão a farsa para legalizar o poder de quem o tem e, finalmente, se vinga do inimigo que sonhou um país mais igual, justo e fraterno.
Prendem o homem para o destruir e, com ele, a esperança dos brasileiros. Talvez o mito devolva a esperança que ora se esfuma e, através das grades, brote a força necessária para devolver o poder a quem tem como arma o voto e como projeto a justiça.
Sem estes juízes.
Com a utopia renovada.

terça-feira, 3 de abril de 2018

NO EXERCÍCIO DA POLÍTICA EXIGE-SE PENSAMENTO COM FUTURO


Para tudo é preciso ter competência. No exercício da política, acrescento, jeito! Quando ambas falham, primeiro, começo a torcer o nariz e, depois, começo a interrogar-me. Vem isto a propósito da Senhora secretária regional da Inclusão e Assuntos Sociais. Vejo-a completamente perdida no labirinto do governo. Umas visitas aqui e outras ali, sobretudo de casa do povo em casa do povo, tendencialmente de sorriso aberto, e aquilo que é estrutural no domínio da verdadeira inclusão e dos assuntos sociais, onde há tanto e tanto para fazer, por mais que leia e acompanhe, não consigo descobrir onde quer chegar e que passos está a dar para lá chegar.


Trata-se de um sector muito sensível e de uma complexidade extrema. Por isso, não basta uma política de subsídios, uns discursos razoavelmente bem enfeitados sobre a igual de género, umas declarações sobre a diminuição do desemprego que, registe-se, tem outras causas que não suas, umas tertúlias e uns projectos para empreendedores, dinheiro e palavrinhas contra a violência doméstica, etc., ora  isto não chega para que a Senhora secretária caminhe, de passo firme e assertivo, no sentido de uma mudança sentida pela sociedade. É evidente que qualquer transformação não se opera com um simples estalido de dedos. Leva anos, sabe-se. Pior é não percebermos que caminho está ou quer tomar, mantendo-se na encruzilhada, marcando passo, olhando para os vários caminhos sem saber por onde optar. Enquanto cidadão é isso que me custa aceitar. 
Caminho pela ilha, contacto pessoas, observo-as nos seus estilos de vida e expectativas, reparo na pobreza e exclusão, nos queixumes, nas conversas sobre o nada, e facilmente descubro o quanto há a fazer pelo futuro, que não passa, obviamente, por visitinhas de circunstância. Ah, oiço e leio que o programa de governo está a ser cumprido! E o que é isso, questiono-me. Umas linhas de base eleitoralista, comicieiras, para consumo imediato e que não alteram a substância? Convenhamos que isso é pobre, muito pobre. No exercício da política exige-se mais, muito mais. Exige-se visão, compromisso, inteligência, decisões portadoras de futuro, rigor, absoluta definição de prioridades estruturais, capacidade para uma transformação graduada no tempo, sentido de auto-sustentação do sistema e de participação das comunidades locais, respeito pelos princípios da continuidade funcional, da interacção e da integração, noção da situação real e da configuração da situação ideal. Tudo isto não me parece existir. Vejo uma navegação pelas estrelas, secundarizando os instrumentos. E o tempo passa, célere. O que fica é a espuma dos dias. 

NOTA
Posição meramente política, até porque não conheço pessoalmente a secretária em causa, nem alguma vez com ela, circunstancialmente, me cruzei.
Ilustração: Google Imagens.