"A verdade é como o azeite... vem sempre à tona". Ora, o trabalho da jornalista Maria Catarina Nunes (DN-Madeira), independente da oportunidade e importância, vem dar razão a vários especialistas, muito particularmente ao madeirense Engenheiro Doutor João Baptista que, desde 1966, tem equacionado, cientificamente, o drama da praia do Porto Santo. Salienta a jornalista: "Jóia mais antiga de Portugal em risco. Foi galardoada como uma das 7 Maravilhas do Mundo em 2012, um trabalho que a Natureza começou há milhões de anos. O Porto Santo não é só uma praia com reconhecidos poderes terapêuticos, é um tesouro português que guarda memórias da caminhada do planeta. E agora está em risco de se perder". Infelizmente, os múltiplos estudos e avaliações apresentados, programas e declarações públicas, muitas vezes conduziu a grotescos vilipêndios públicos, por parte de senhores que se julgavam e julgam, acima de qualquer crítica. Hoje, existindo documentação e factos, sublinha, com pena, o investigador que, "na prática, nada foi feito".
Como foi possível ignorar os trabalhos das equipas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e da Universidade de Aveiro, a partir do Centro de Investigação GEOBIOTEC, da Fundação para a Ciência e Tecnologia, quando, enaltece o Engenheiro João Baptista, a praia do Porto Santo "é um legado único"?
O problema, sublinha o DN, começou há 38 anos, em 1980, quando as retroescavadoras começaram a roubar areias e materiais sólidos do paredão dunar para alimentar a construção do Porto de Abrigo: "(...) Tínhamos uma praia em equilíbrio dinâmico desde a sua formação até esta obra. A construção do Porto de Abrigo no extremo oriental da ilha veio perturbar esse equilíbrio". Ao contrário do que aconteceu quando se levantou a Ponte Cais, na primeira metade do século XX: "Está assente em pilares e nunca interferiu”, explica o investigador.
É caso para concluir que o governo regional anda agora a correr atrás do prejuízo. Atente-se nesta parte do texto: "O resultado são milhares de euros gastos em dragagens do Porto de Abrigo (pelo menos três, entre 2001 e 2008, de acordo com os dados da Administração de Portos da Madeira, APRAM). E agora, como noticiou o DIÁRIO, vai arrancar nova operação de dragagem nos próximos meses. É que a navegabilidade das embarcações fica comprometida e, sobretudo as de grande dimensão, em risco durante as manobras de atracagem. Em 2016, João Baptista juntou-se ao Comandante João Bela, do Lobo Marinho, para avaliar a que distância o navio navegava das areias profundas: "No mínimo, exigem-se quatro metros de coluna de água entre a quilha do barco e o fundo da bacia portuária. Em 2016 estava a 1,9 metros e agora já está a 1,4 metros", revela o investigador. Solução: engordar a duna com areia do desassoreamento".
Sugiro a leitura de todo este trabalho, nas páginas 2 e 3 da edição de hoje, mas de tantas considerações que, a este propósito, me apeteciam fazer, apenas deixo uma pergunta final: e ninguém é responsabilizado?
Ilustração: Google Imagens.
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