Para tudo é preciso ter competência. No exercício da política, acrescento, jeito! Quando ambas falham, primeiro, começo a torcer o nariz e, depois, começo a interrogar-me. Vem isto a propósito da Senhora secretária regional da Inclusão e Assuntos Sociais. Vejo-a completamente perdida no labirinto do governo. Umas visitas aqui e outras ali, sobretudo de casa do povo em casa do povo, tendencialmente de sorriso aberto, e aquilo que é estrutural no domínio da verdadeira inclusão e dos assuntos sociais, onde há tanto e tanto para fazer, por mais que leia e acompanhe, não consigo descobrir onde quer chegar e que passos está a dar para lá chegar.
Trata-se de um sector muito sensível e de uma complexidade extrema. Por isso, não basta uma política de subsídios, uns discursos razoavelmente bem enfeitados sobre a igual de género, umas declarações sobre a diminuição do desemprego que, registe-se, tem outras causas que não suas, umas tertúlias e uns projectos para empreendedores, dinheiro e palavrinhas contra a violência doméstica, etc., ora isto não chega para que a Senhora secretária caminhe, de passo firme e assertivo, no sentido de uma mudança sentida pela sociedade. É evidente que qualquer transformação não se opera com um simples estalido de dedos. Leva anos, sabe-se. Pior é não percebermos que caminho está ou quer tomar, mantendo-se na encruzilhada, marcando passo, olhando para os vários caminhos sem saber por onde optar. Enquanto cidadão é isso que me custa aceitar.
Caminho pela ilha, contacto pessoas, observo-as nos seus estilos de vida e expectativas, reparo na pobreza e exclusão, nos queixumes, nas conversas sobre o nada, e facilmente descubro o quanto há a fazer pelo futuro, que não passa, obviamente, por visitinhas de circunstância. Ah, oiço e leio que o programa de governo está a ser cumprido! E o que é isso, questiono-me. Umas linhas de base eleitoralista, comicieiras, para consumo imediato e que não alteram a substância? Convenhamos que isso é pobre, muito pobre. No exercício da política exige-se mais, muito mais. Exige-se visão, compromisso, inteligência, decisões portadoras de futuro, rigor, absoluta definição de prioridades estruturais, capacidade para uma transformação graduada no tempo, sentido de auto-sustentação do sistema e de participação das comunidades locais, respeito pelos princípios da continuidade funcional, da interacção e da integração, noção da situação real e da configuração da situação ideal. Tudo isto não me parece existir. Vejo uma navegação pelas estrelas, secundarizando os instrumentos. E o tempo passa, célere. O que fica é a espuma dos dias.
NOTA
Posição meramente política, até porque não conheço pessoalmente a secretária em causa, nem alguma vez com ela, circunstancialmente, me cruzei.
Ilustração: Google Imagens.
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