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terça-feira, 29 de outubro de 2019

O Benfica joga hoje... está tudo bem!


Aparentemente parece que nada se passa. Que tudo funciona bem e que os graves problemas da sociedade, naqueles pilares essenciais, saúde, educação e segurança social (na esteira destes muitos outros de acordo com a "pirâmide das necessidades" de Maslow), são falsas questões geradas por uma oposição política acéfala! Mas o que dizer de 31% da população pobre ou em risco de pobreza? O que dizer de 65% da população apenas possuir até ao 9º ano de escolaridade? O que dizer do abandono e do insucesso escolar? O que dizer da ausência de capacidade profissional de resposta às necessidades? O que dizer da mentalidade e cultura, entendidas como conhecimento sustentado e adequado às múltiplas situações? O que dizer de quem deseja ter um emprego mas que não deseja "trabalho"? O que dizer dos baixíssimos salários e dos impostos pagos? O que dizer de gentinha que, à socapa, insiste em "roubar" as riquezas naturais, daí fazendo fortunas mal explicadas? O que dizer do paleio político promíscuo, de uma falsa concorrência, da exploração dos mais vulneráveis e da fome tornada paisagem? Certamente, tudo invenções de quem não deseja o bem-estar que, repito, parece existir. 


Vivem-se tempos conturbados, assentes em uma lógica de mentira e do salve-se quem puder. O resvalar é suave e contínuo. Toma-se conhecimento da aldrabice, de actos indiciadores de corrupção, de situações absolutamente chocantes e, apesar de alguns acórdãos da Justiça, continua a luta pela conquista de dinheiro fácil. A degradação das instituições é evidente e poucas escapam ao desnorte. Fazem às escâncaras, sem pudor quase tornando normal a anormalidade. A mediocridade ascende pela via partidária e perdeu-se o sentido de assumpção das responsabilidades. Substituem-se pessoas de valor por outras sem qualquer percurso. Colocam-se pessoas por amizade e relações familiares, porque a competência deixou de ser relevante. Uns saem de um posto, mas logo aparecem em um outro, criado à medida, sem qualquer preparação específica para o seu cabal desempenho.

Andam pelas escolas a enaltecer a "meritocracia", mas, em contraponto, mais tarde, entregam o desempenho político a pessoas sem currículo e sem mérito. A família deixou de ser central na estrutura da sociedade. Em tempo devido não houve o cuidado de (re)organizar a sociedade em função da entrada da mulher no mundo laboral. O défice demográfico é preocupante. O endividamento dispara. A violência anda à solta. Mata-se. O sistema educativo está de pantanas, sem rumo, desadequado, quizelento, burocrático e angustiante para quem trabalha. O medo faz parte do dia-a-dia. O número de suicídios é assustador. 

No sistema de saúde prolifera o caos, a desordem, os atrasos e a falta de adequado financiamento. Tudo funciona pelas pontas. A Justiça continua mais amiga dos ricos do que dos pobres. O sistema empresarial está sobrecarregado em custos de contexto, mas face a tudo isto, repito, aparentemente, parece que nada se passa. Continuam a ser sensíveis peitos cheios de "ar poluído", discursos ocos e subtilmente elaborados, visitas aqui e ali que não trazem nada de novo, tampouco a esperança, porque deixámos de ter estadistas, mas políticos que apenas olham para a eleição seguinte. Chegou-se ao ponto de uma execrável "corrupção partidária", onde um cidadão não sendo militante, porém, cheio de ambição, querer liderar um partido ultrapassando todas as fases estatutárias. Ah e continua aquela lengalenga do "inimigo externo" para justificar múltiplas incapacidades de governação. Aparentemente, parece que nada se passa. Tudo decorre com normalidade!
Pessimismo? Não, a realidade. Não sei a quem perguntaram aquilo mesmo e a resposta veio célere: "pessimista, eu? Não, apenas sou um optimista com alguma experiência".
O Benfica joga hoje... está tudo bem!
Ilustração: Google Imagens.

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