COM QUE ENTÃO...!
REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA - UM LONGO CAMINHO PARA A DEMOCRACIA
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terça-feira, 19 de novembro de 2024
A contextualização da Palavra
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
PADRE JOSÉ MARTINS JÚNIOR - Festa de aniversário e lançamento do livro "O Canto do Melro"
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
"A Igreja perdeu o inferno, o céu vai pelo mesmo caminho" - JLR
Nunca simpatizei com as atitudes de subserviência, porque sempre destrincei o respeito, mesmo o que se prende com a hierarquia, com a atitude de submissão, por bajulação, medo, calculismo e, pior ainda, por demissão relativamente ao mister que desempenhamos. Aquela atitude que configura "o não vale a pena", os braços caídos, a incapacidade de dar voz aos que não a têm, mexe comigo, porque mexe com o meu entendimento do que é a liberdade de pensamento. Não tenho qualquer afinidade pela rotina, pelo marasmo e pelo deixa andar. Serve-se de corpo inteiro, com as convicções que nos alimentam, com os princípios e os valores que nos animam, jamais através dos múltiplos e estratégicos silêncios que conduzem à ausência do poder da reflexão.
Sobre o que aqui me traz, diz-se que "o silêncio ajuda a ouvir a palavra de Deus", mas quando o contexto em que se vive é, deliberadamente ou por omissão, ofensiva da Palavra, daquela Mensagem que emana de Cristo, só há um caminho a seguir, a da reflexão libertadora em alta voz.
É claro que o poder político adora a humilhação da Igreja, trazendo-a pela trela. E a Igreja, ao invés de o colocar em sentido, amocha, faz-lhe vénia, autocensura-se ou assobia para o lado. É, por isso, que do púlpito, muitas vezes vejo braços a se abrirem ao jeito de quem assume: "em verdade vos digo que não acredito no que digo". O que significa negar-se, passando ao lado da desumanidade e dos direitos do Homem. Porque não existe nem interessa debater ou alertar para uma outra dimensão no quadro de um projecto colectivo que aglutine o conjunto do corpo social.
Perguntar-me-ão, mas onde quero chegar com estas palavras? A resposta é simples: aos padres e aos leigos que, batendo no peito, gerem o silêncio cúmplice que ajuda a afundar os princípios e os valores pelos quais Cristo se bateu. Felizmente, não é o caso do Padre José Luís Rodrigues. Eu li a sua "Carta Aberta aos padres e leigos da Diocese do Funchal" . Não é a primeira nem será, certamente, neste contexto e em outros que o meu Amigo Padre levantará a sua voz, contundente, assertiva, provocadora ou melhor, despertadora de almas adormecidas no seio "da casta dos privilegiados".
Eis as suas palavras, qual grito que vem das entranhas ao serviço da sua missão: que saltem os "(...) metidos por aí na betonagem do social da religião e da região (porque) tornamo-nos massa da mesma massa e encaixamo-nos na engrenagem das dependências do poder político e religioso dominantes. Não esclarecemos ninguém, não dizemos não quando a dignidade humana também se faz com a proclamação do dizer não diante do que não serve a justiça e o bem comum. E diante das coisas deitamo-nos à preguiça do pensamento para deixar a obediência cega comandar os nossos passos. (...) Este cancro é um veneno que alimenta o clericalismo. A assunção das diferenças são combatidas e levam ao isolamento, ao descarte e à falta de fraternidade. E são poucos os que resistem a este estatuto. Não devemos aceitar esta lógica. Porque se pregamos que as qualidades do ver, do ouvir e do falar, são dons maravilhosos concedidos por Deus, na realidade, a larga maior se demite de os usar com alegria e entusiasmo corajoso. (...) Que cristãos e que sacerdotes tem Jesus diante de Si neste tempo histórico que vivemos? – Se lhes falta coragem e a ousia, que Reino pode ser vivido e anunciado... A meu ver andamos fora do essencial. E se almejando ser um corpo como se prega, deve implicar sermos todos iguais nas circunstâncias, sem deixar de valorizar a personalidade própria, assumindo sem medo a liberdade de pensar pela sua própria cabeça. (...)"
Pois é, Padre. Vivemos um tempo difícil, de grandes assimetrias, de corrupção, de múltiplas pobrezas, de suicídio, de jovens à nora e de continuadas iliteracias. Um tempo onde olhamos em redor e vemos tanta canga e baile pesado com os narizes quase colados ao joelho. Não basta a tese do "Cristo comunicador perfeito", mas a consequência de uma ruptura com esta vidinha acomodada, porque silenciada, onde as homilias não agregam, antes são geradoras de pena e desalento.
Parabéns meu querido Amigo Padre José Luís Rodrigues. São pessoas como o Senhor que ainda nos fazem acreditar que é possível um mundo melhor nesta nossa curta passagem pela vida. Lembro-me ter escrito que "A Igreja perdeu o inferno e que o céu vai pelo mesmo caminho". A hierarquia certamente que percebeu a sua mensagem, porém, preferiu refugiar-se nos penosos labirintos de um Paço sem pensamento!
Ilustração: Google Imagens.
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
Porque hoje é Sábado... tudo está a funcionar!
Triste sina a dos insulanos da Madeira. Quando escutei as declarações do Senhor Representante da República sobre uma eventual crise política, em função de uma "moção de censura" apresentada por um partido, passou por mim aquele notável poema de Vinicius de Moraes, "O Dia da Criação".
A variante política do Senhor Representante da República traz um pouco os sons e o canto de Vinicius:
Porque hoje é sábado
E há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado (...)
quinta-feira, 7 de novembro de 2024
Brasil e BRICS+
O Brasil e a Índia são muito reticentes sobre a composição futura dos BRICS e não alinham numa “aliança anti-Ocidente”, privilegiando a qualidade à quantidade.
sexta-feira, 1 de novembro de 2024
Memórias de Abril (2): A ocupação do seminário e o bispo da Diocese
A queda do regime fascista em 25 de Abril de 1974 desencadeou em todo país, no ano lectivo subsequente (74-75), um aumento substancial no número de alunos inscritos nos diferentes estabelecimentos de ensino. Um facto que também se verificaria na Madeira.
Na edição de 17 de Outubro de 74, o “DN” local noticiara que as aulas começariam na semana seguinte, com 3.314 alunos matriculados no Liceu e 2.970 na Escola Industrial e Comercial do Funchal. Porém, no dia 30 desse mês, o matutino funchalense publicaria um comunicado da Comissão de Gestão do Liceu, no qual “lamenta que, ao contrário do que foi anunciado, a abertura das aulas não poderá realizar-se na data que foi indicada”, apontando como razões: “a) a impossibilidade de ser cedido o edifício do Seminário Menor, apesar de todos os esforços realizados pela Junta Geral do Distrito no sentido do seu aluguer; b) a negativa do Colégio de Santa Teresinha ante o pedido de cedência de algumas salas de aula; c) após a elaboração dos horários ter-se verificado não serem suficientes as várias salas do edifício do Liceu, conforme estabeleciam as normas da Direcção-Geral da Administração Escolar” (faltavam salas para 6 turmas na parte da manhã e para 7 à tarde).
terça-feira, 29 de outubro de 2024
O desperdício de trunfos
Quando o exercício da política é levado a sério, e este a sério significa ao serviço da comunidade, desgasta de uma forma incontrolável. Só quem por lá passa! Deixa as marcas das preocupações diárias, as das incompreensões, as das percepções de andar a agitar, quase ingloriamente, uma bandeira de princípios, valores e projectos que poucos compreendem ou as circunstâncias e os egoísmos impedem de os compreender, enfim, essa amálgama gera um rol de preocupantes angústias sem fim. Um quadro que exige uma homeostasia, uma notável capacidade de equilíbrio interno face a todos os agentes stressores.
E um dia lá vem o aviso, a resposta do corpo, do aparentemente saudável, surge o alerta: cuidado, porque há limites. Não apenas no exercício da política, mas em todas as funções empresariais onde tudo é para ontem!
quarta-feira, 23 de outubro de 2024
Ridículo
Segui o essencial de uma entrevista ao Senhor Jorge Nuno Pinto da Costa. Já é a segunda vez que vem com aquela história da morte e de quem deseja ou não no seu funeral. E a TVI, em horário nobre, no decorrer de um espaço de informação, oferece aos espectadores a lengalenga de um cidadão, como se não tivesse assunto de maior relevância para abordar.
Há aqui qualquer coisa de estranho neste comportamento. O livro, com o título de capa "Azul até ao fim", surge debruçado sobre um caixão coberto com a bandeira do Porto. Só isto tem um traço macabro, sinistro que qualquer bom-senso devia evitar. O Senhor Jorge Nuno Pinto da Costa pode até estar doente, o que lamento, profundamente, que a sua avançada idade lhe dite que o fim se aproxima, mas como Herman imortalizou, "não havia necessidade"!
São sempre as pessoas que caracterizam o passado de cada um e que elogiam ou não. Quanto ao mentor desta história, penso que só lhe ficaria bem PERDOAR a quem considera que lhe fez mal ou não foi totalmente leal. Ele que, segundo afirmou, é Cristão e, semanalmente, participa nos actos litúrgicos da Igreja Católica, não devia expor-se a esta ridícula situação de uma historieta que, julgo eu, não entretém sequer a maioria dos adeptos.
Ilustração: Google Imagens.
PS fabricou o seu encurralamento
O governo de Montenegro reúne condições para uma “governação” equilibrada, por algum tempo, embora com equipa ministerial fraca, sobretudo em ministérios-chave.
Este, um artigo, um tanto fora da caixa, pois não tenho por hábito entrar nas guerras e guerrinhas, entre políticos e partidos. No debate de ideias sobre políticas económicas e sociais, tendo em vista maior desenvolvimento e uma distribuição mais equilibrada da riqueza criada, procuro estar presente.
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
OE2025, filosofias sobre o IRC
Mais do que as taxas, o que conta mesmo é a estabilidade fiscal. Isto não significa que não se proceda a ajustamentos, nomeadamente no sentido da sua comparabilidade e compatibilidade com a Europa.
A ideia de que o imposto sobre os rendimentos das empresas (IRC) é um instrumento de primordial importância na captação de investimento já foi abordada neste jornal num artigo de opinião, aquando de divergências na praça pública, entre ministros do último governo de António Costa, sob o título “Por favor acertem a manga do casaco” (3 Outubro 2022), a propósito da “baixa transversal” versus “descida selectiva” no IRC.
terça-feira, 1 de outubro de 2024
O PR e a democracia
estatuadesal
Por entre vichyssoises, passeios noturnos ao Beco do Chão Salgado, gelados e moscatel quente, o dissolvente PR arruinou irresponsavelmente as instituições democráticas.
Sabia que o crescimento robusto da economia e a folga orçamental do Estado podiam prorrogar o poder ao PS por mais uma legislatura e conduzir o PSD ao declínio. E, não lhe permitindo o ego a irrelevância a que a maioria absoluta do PS o remetera nos anos que ainda faltavam para o fim do seu mandato, entrou em desespero.
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
Vias rápidas e vias de morte
Ontem foram mais dois jovens que morreram. E a pergunta que fica é esta: quantas mais mortes serão necessárias para que se entenda que alguma coisa tem de mudar? Estas vias, ditas "rápida" ou "expresso" tornaram-se vias de morte. Há uma genérica cultura da pressa à qual se associam a irresponsabilidade de uma condução forçada, quando estas vias, apesar de mantidas com qualidade, pelas suas características, exigem uma condução extremamente cautelosa. Em suma, não são propícias à velocidade.
Como se isto não bastasse, por aqui "inventaram" aquele sinal de permissão de +10 km com o piso seco, que constitui um convite à velocidade em estradas que, na sua estrutura, não beneficiam de espaço para qualquer manobra de recurso.
Há uma nova cultura a interiorizar, de serenidade na condução, respeito e responsabilidade, ao mesmo tempo que o acto fiscalizador tem de ser assumido com tolerância zero, com marcas nas estradas que impliquem o distanciamento entre viaturas. Ora bem, reconheço a minha ignorância em matéria de trânsito. Apenas sei conduzir, mas não me conformo com mais duas mortes de jovens que bem podiam ter sido evitadas.
Ilustração: Google Imagens.
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
"Ao Deus-dará"
Desabafo? Talvez. Mas sabe-me a "chuva no molhado". Todos, não direi, mas muitos, conhecerão o estado de alguma degradação da sociedade. Assiste-se à crescente ausência de confiança nas instituições públicas que contaminam a sociedade. O povo, sentimento meu, sente-se defraudado. O que lhes chega às mãos é-lhes retirado ao virar da esquina. As propaladas melhorias esfumam-se e permanece o estado de luta de milhares pela sobrevivência. E, entretanto, os escândalos (os conhecidos) continuam, as sucessivas vagas de suspeição e as atitudes subterrâneas permanecem no quadro de um jogo forjado que falsifica as regras da ética e fabrica fortunas. Há um sentimento de engano e de fraude política.
E, hoje, olhamos em redor e vê-se o desencanto, uma crescente tendência para o salve-se quem puder, graves limitações na capacidade profissional de resposta às necessidades da sociedade, empresariais e outras, iliteracias e dependências múltiplas, actos de alegadas corrupções que conspurcam a democracia, emigração forçada, milhares de jovens que não estudam nem trabalham e um insensato foco no turismo e na indústria da construção civil, desprezando outros sectores de importância vital no equilíbrio do desenvolvimento.
Tem alguns anos e um Amigo dizia-me: "estão a fazer muitos túneis na cabeça das pessoas". A velha e ridícula história do "povo superior" compaginada com a ideia que o madeirense tem de pertencer a uma "máfia boazinha" ou, então, a provinciana, sistemática, intencional e inconsequente atitude contra "Lisboa", fugindo à negociação sensata e profícua, conjugado com uns pozinhos locais de perseguição e medo, hoje, conclui-se, que se trataram de actos de má fé política, mas que surtiram efeito no controlo da sociedade. E, agora, somos o que somos, com a cidadania a níveis muito baixos, onde se cochicha mas não se enfrenta. Em qualquer parte, mesmo considerando a presunção de inocência, as dúvidas suscitadas pela Justiça seriam suficientes para acabar com este sistema pantanoso.
Emerge, por isso, a necessidade de uma nova organização social sustentada em princípios e valores, que relegue mentalidades abstrusas, que caminhe para a democracia e a liberdade vividas na plenitude, fundada no respeito, na tolerância, na inteligência e na cultura. Isso leva anos, muitas legislaturas alicerçadas em políticos bem formados, animados no serviço público à comunidade, que consigam ver para além dos corredores partidários. Simplesmente porque esta e talvez as próximas gerações estejam hipotecadas.
Ilustração: Google Imagens.
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
Orçamento 2025, do que se conhece
O quadro macro apresentado é pobre, porque destituído de fundamentação técnico-económica e, por isso, sem interesse, como guia das potencialidades evolutivas da economia para 2025, para os agentes económicos, privados e públicos.
O fecho do orçamento2025 resultará de um jogo rocambolesco com muitas nuances. Não é o interesse nacional que comanda o processo da sua elaboração e discussão. O que move os agentes políticos causadores da instabilidade, ao contrário do que muitas boas almas, por vezes genuinamente apregoam, não é o evitar uma crise política ao País. O que os move é sair deste imbróglio de cara limpa e imagem retocada.