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sábado, 5 de dezembro de 2015

HIPERACTIVIDADE E DÉFICE DE ATENÇÃO. OS GOVERNOS E A ESCOLA É QUE DEVERIAM TOMAR "RITALINA!


ESCOLA DOENTE
Um artigo de Luís Goucha
"Há milhares de crianças – e todos os dias o número aumenta – que iniciam o seu dia a tomar um comprimido para poderem assistir às aulas, a estar sossegados nas aulas, a estar com atenção nas aulas, a estar na Escola sem reacção, apenas para puderem lá estar! Devia isto ser um sinal de alarme, mas os pais e os professores fazem orelhas moucas como bons entendedores que são. Genericamente, as crianças tomam «ritalina» (palavra curiosa e duplamente feminina: Rita e Lina), medicamento caríssimo e de consequências devastadoras, que ao deixar de ser tomado deixa reaparecer toda a sintomatologia e um conjunto de efeitos secundários daí decorrentes: medo, pânico, insónias, tensão... A «ritalina» é prescrita para uma doença inventada: a PHDA, Perturbação de Hiperactividade e «Deficit de Atenção». Deu nome a esta «doença» um famoso psiquiatra americano, Eisenberg, que acabou por se retratar antes de morrer, por todos os males que provocou sem intenção, pois imediatamente a ter enunciado o «mal» os laboratórios apressaram-se a dizer que já tinham medicina para a cura. 


O negócio estava montado: uma doença nova e já um medicamento! Os diagnósticos, difíceis neste caso, quase nunca eram (são) fiáveis, e o ónus recai sobre os rapazes, pelos sinais mais evidentes e marcantes de agitação e agressividade, que são parte normal do seu desenvolvimento, e que passaram pois, a ver tratado química e selvaticamente no seu processo de desenvolvimento. Tudo para que alguns neurónios funcionem melhor. Referem os números que nos EUA (pátria de mais esta desgraça) que entre 1989 e 2001 os número de «casos» aumentou 400 vezes. Só os laboratórios Novartis, em 2012, produziram 1.800 toneladas desta substância, facturando 464 milhões de dólares! Um excelente negócio, à custa da saúde milhares de crianças, futuros doentes e clientes de mais fármacos, outras doenças e lucros de laboratórios... Eisenberg, ainda teve tempo de dizer no seu «testamento», que nunca tinha tido conhecimento de que as crianças, sofrendo da «doença» que ele definira, tivessem pelo menos sido questionadas pelos seus comportamentos, ou tido outra forma de acompanhamento nas escolas para além dos comprimidos. A Escola tornara-se dispensável, em todo este processo, que deveria assumir como seu. Depois de ter aceitado esta situação e observando as suas consequências, muitos paí- ses europeus começaram a «arrepiar caminho», fazendo marcha atrás na utilização desta medicação assassina. Por acaso, ou talvez não, Portugal foi líder europeu em 2013 no consumo de psicofármacos por parte de crianças e adolescentes: termos sido mais eficaz na detecção dos sintomas? A tentação de controlar a personalidade através de medicamentos foi um desejo de todos os poderes, políticos e outros. Nos anos 50, João dos Santos dizia, na sua bonomia e desdém, que aqueles comprimidos que davam às crianças, para puderem estar melhor na Escola, só eram eficazes na queda do cabelo ou nos calos. Hoje é o neuropediatra Pedro Cabral que nos diz que «ao aumentarmos a capacidade de concentração, com estas substâncias, estamos a diminuir às crianças a capacidade que têm em viajar no seu mundo inteiro e a limitar-lhes a criatividade... podendo o remédio robotizar a criança transformando-a numa simples marioneta, não as ajudando em nada no seu crescimento». Na Suíça, em Novembro de 2011, a Comissão de Ética para a Medicina Humana, manifestou-se publicamente contra a utilização destas substâncias por "influenciarem os comportamentos das crianças, sem que elas para tal tivessem sido convocadas. É a sua liberdade que fica reduzida e o desenvolvimento da sua personalidade limitado". Depois conclui, criticando o facto de não existirem resultados sobre os efeitos desta medicação. A falta de emprego, a falta de habitação, a falta de felicidade, não se resolve com nenhum comprimido, apesar de algumas «aflições» puderem ser atenuadas, com eles. É urgente que a «teia» que envolve as crianças e implica os professores, que muitas vezes são parte deste processo errado de diagnóstico, seja desmantelada. É urgente que nos envolvamos, num processo educativo consistente, na resolução de um problema que estas substâncias agressivas apenas disfarçam, numa cura apenas ilusória. A nada ser feito, continuaremos a assistir ao «sucesso» e à «eficácia» de todas estas pastilhas mágicas, devastadoras, que todos procuramos para tudo, em detrimento da procura de solução do problema que, a maior parte das vezes porque tão simples e tão à vista, não conseguimos ver. E o «mundo» seria melhor, e viveríamos felizes, quase sempre …"
Fonte
https://sites.google.com/site/agoragaia/opiniao-artigos

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