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quarta-feira, 9 de maio de 2012

MILHO FRITO E OUTROS MILHOS...


A minha interlocutora tinha e tem razão, quando me disse que detestava ser tratada como tonta. A mim já não me aquece nem arrefece. Passado todo este tempo, das duas uma, ou fico em silêncio ou solto uma gargalhada. Depende dos dias. Às vezes fico com o sentimento de comiseração política, em outros momentos assemelho as declarações à anedota do dia. Mas, o que é mais espantoso é o facto de, trinta e tal anos depois, repetir o mesmo processo, denunciar a mesma atitude, por aproximação ao futebol, fazer a mesma finta, quando já são conhecidas as suas manobras, neste caso, no terreno político. Insiste na mesma tecla, com o mesmo formato, a mesma lengalenga, a mesma receita, como se fosse possível jogar areia para os olhos das pessoas durante todo o tempo, sem que ninguém se interrogue. Tal como a minha interlocutora, também aqui repito, "detesto que me tratem como tonto".

"Detesto que me tratem como tonta", esta a frase que logo pela manhã ouvi de uma cidadã. Falávamos sobre a empresa que se dedica à produção de milho para fritar e, a propósito, vieram as declarações do presidente do governo regional, feitas à margem de uma inauguração de uma empresa que se dedica ao milho para fritar. 
A páginas tantas perorou sobre o Dr. Mário Soares, criticando-o em função das suas últimas declarações, "(...) a obrigação do PS ser fiel ao acordo da Troika chegou ao fim (...) Não tenho dúvidas de que as coisas se encaminham para haver uma mudança também em Portugal"), nem se dando conta que, estando em causa a "austeridade", no essencial, as suas posições convergiam com as do ex-Presidente da República. Só que ele continua a falar por falar, diz coisas, como é seu hábito, tem uma ilimitada tentação para confundir as pessoas, como se todos fossem tontos e não percebessem que o objetivo é sempre o de desviar as atenções relativamente aos problemas locais. Depois, numa outra peça do TJ, falou do relatório do inquérito à operação "Cuba Livre" e lá disse que o relatório foi elaborado por uma pessoa "isentíssima", como se fosse crível que um relatório elaborado  pelo Diretor Regional da Administração Pública, não tivesse, obviamente, que ser um fatinho à medida dos interesses do governo. Não estou a dizer que o diretor regional não seja uma pessoa de bem, o que está em causa é a posição política assumida, não por uma pessoa ou instituição independente, mas por um "político da casa". Coitado dele se não fosse "isentíssimo"!
Portanto, a minha interlocutora tinha e tem razão, quando me disse que detestava ser tratada como tonta. A mim já não me aquece nem arrefece. Passado todo este tempo, das duas, uma, ou fico em silêncio ou solto uma gargalhada. Depende dos dias. Às vezes fico com o sentimento de comiseração política, em outros momentos assemelho as declarações à anedota do dia. Mas, o que é mais espantoso é o facto de, trinta e tal anos depois, o ainda presidente repetir o mesmo processo, denunciar a mesma atitude, por aproximação ao futebol, fazer a mesma finta, quando já são conhecidas as suas manobras, neste caso, no terreno político. Insiste na mesma tecla, com o mesmo formato, a mesma lengalenga, a mesma receita, como se fosse possível jogar areia para os olhos das pessoas durante todo o tempo, sem que ninguém se interrogue. Tal como a minha interlocutora, também aqui repito, "detesto que me tratem como tonto". Até porque, um número crescente da população começa a estar mais interessada, como por aí se diz, no milho frito, isto é, no que se esconde para além das palavras e interesses.
Ilustração: Google Imagens.

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