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domingo, 22 de janeiro de 2017

MARQUES MENDES, O COMENTADOR DO ÓBVIO


Pela primeira vez, ontem, consegui seguir até ao final, o comentador da SIC Marques Mendes. Terminada a "sessão" questionei-me: com tanta capacidade "vidente" e com tantas certezas, como é que este senhor não vingou? É que ele foi presidente do PSD! Dei, inclusive, uma gargalhada quando se referiu a Donald Trump dizendo que no seu discurso de tomada de posse "tinha entrado com o pé esquerdo". Na verdade, politicamente, Trump entrou com o pé direito e em riste, aliás, outra coisa não seria de esperar, se considerarmos o seu posicionamento político.


Eu espero, sempre, que um comentador me traga o desconhecido, a descodificação daquilo que muitas vezes não conseguimos perceber por ausência de dados contextuais. Repetir o óbvio, o que vem nos jornais, com algumas "buchas" conseguidas através dos amigos e dos "bons telefones", é evidente que não tem, pelo menos para mim, qualquer interesse. Politicamente, é demasiado fraco, porque demasiado óbvio. Um comentador sério não fala, por exemplo, de "geringonça" relativamente à esquerda parlamentar, como não deve fazer abordagens catalogando de "caranguejola" (dita por Carlos César em contraponto a Paulo Portas) relativamente à direita que governou o País. A palavra "geringonça" não é que me chateie, como vulgarmente se diz é para o lado que melhor durmo, mas considero-a um disparate, pelo seu sentido pejorativo e até de ilegitimidade democrática, simplesmente porque é tão aceitável um entendimento à esquerda como à direita. Para Marques Mendes e outros parece que o povo cometeu um "crime" ao colocar na Assembleia da República uma maioria, desta vez à esquerda. Outros ciclos políticos virão com maiorias com outro enquadramento. Marques Mendes nem conta se dá que a tal máquina, depreciativamente apelidada, tem funcionado bem ao ponto de ter conseguido o défice mais baixo (2,3% do PIB) desde há 42  anos. Apesar deste resultado vaticinou um ano "crispado" e radical". Com o défice a baixar, com a economia a crescer, embora devagar, com mais postos de trabalho, com a devolução do roubo que fizeram aos portugueses durante quatro anos, digo eu, oxalá que continue a crispação e o radicalismo no conceito de Marques Mendes. "Ganda noia"!
Ilustração: Google Imagens.

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