Mais um que tenta apresentar credenciais académicas que, alegadamente, não as tem. Parece ter virado moda. Como se, para demonstrar competência, neste caso, política, fosse necessário ser Licenciado, Mestre ou Doutor em qualquer coisa. Conheço licenciados com fragilidades e conheço cidadãos de mancheia, com quem se aprende.
Tive um Amigo, não licenciado, que faleceu com 92 anos, que foi "meu professor" durante mais de 40 anos. Era possuidor de uma cultura muitíssimo acima da média, falava de política, de economia, de jazz, aliás, de cultura em geral, tinha passado a pente fino todos os clássicos da literatura e que fez despertar em mim as lacunas que, enquanto estudante, a minha formação não tinha oferecido. Na esteira de Vinicius, a sua benção Franklim. Quantas viagens fizemos, passando a pente fino a História, a Arquitectura das cidades e todos os locais onde nos sentimos esmagados pela monumentalidade. Adiante. Fica-me a memória.
Este meu Amigo, um dia, quando falávamos de um determinado "Lente" (título que era dado aos professores, sobretudo da Universidade de Coimbra), olhou-me e disse com elegância: sabe, André, o que posso dizer é que "há lentes de aumentar e lentes de diminuir". Percebi que o dito era menos qualificado.
Pois, é isso, será necessário ser licenciado para ser secretário-geral de um partido? Que raio leva um sujeito a inscrever no seu currículo uma coisa que não é? Confere-lhe mais importância ou é a competência que está em causa? É patético!
Ilustração: Google Imagens.
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