Depois, aquela sua declaração à chegada ao aeroporto constitui, ela própria, uma claríssima desautorização e secundarização do Secretário da Saúde e dos Assuntos Sociais. Coloca o Secretário como uma figura sem relevo na administração da Saúde. A declaração trata o Secretário como um mero funcionário e, nesta perspectiva, pergunto, como é que um governante permite ser assim enxovalhado?
O Governo está a colher a tempestade que semeou na Saúde. |
Interessante. O Presidente do Governo chegou e disse mais ou menos isto: na Saúde manda o Governo e no governo mando eu. Pois bem, coisa que não se soubesse e há muito. Mas só em teoria, porque, na prática, não se vê, não me apercebo que ele mande. Não completou a frase, ficou em branco, porque até no governo já tenho dúvidas que mande alguma coisa. Aliás, em branco anda há tanto tempo, pois não se ouve a sua voz em circunstância alguma. Ou melhor, ouve-se, mas em assuntos menores e, normalmente, de longe, de cima do palco, sem confronto político e apenas para atacar e confundir as pessoas que o ouvem. Daí que o complemento directo lhe seja difícil de pronunciar.
De facto, no caso em apreço, não manda nada na Saúde e, penso eu, em muitas outras coisas. Os lóbis, talvez mandem! Se mandasse ou estivesse interessado em resolver os gravíssimos problemas, já teria assumido as suas responsabilidades de governante. Já teria pedido explicações ao Secretário, já teria, ele próprio, falado à Ordem dos Médicos, à Ordem dos Enfermeiros e até mesmo já teria falado com a Ministra da Saúde. Mais, ainda, já teria procedido a uma remodelação no seu governo, em uma espécie de refresh no computador governamental, abrindo espaço para aumento da memória cujos megabytes, pelo que se vê, esgotaram. Depois, aquela sua declaração à chegada ao aeroporto constitui, ela própria, uma claríssima desautorização e secundarização do Secretário da Saúde e dos Assuntos Sociais. Coloca o Secretário como uma figura sem relevo na administração da Saúde. Aquela declaração acaba por tratar o Secretário como um mero funcionário e, nesta perspectiva, pergunto, como é que um governante permite ser assim enxovalhado? Como é que, esta manhã, entrou ou entrará na Secretaria que "lidera"? Que leitura fazem os "subordinados" dos vários serviços relativamente à secundarização a que o presidente o vetou?
Como diz o Povo, "Deus me livre" de estar numa situação destas. Esta mesma manhã o Presidente tinha uma cartinha a colocar o lugar à disposição, dando, apenas, 24 horas para substituir-me. Mandava a dignidade e o respeito por mim próprio que assim fizesse. Sem conversas e sem confusões. Eu fazia assim, porque prezo muito a minha coluna. É o que se chama "dar-se ao respeito".
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Caro André Escórcio
Respeito!?!
O que é isso!?!
Obrigado pelo seu comentário.
Tem toda a razão... perdeu-se a vergonha ao ponto do nariz andar muito próximo do joelho.
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