Raramente reflicto sobre assuntos do futebol, particularmente, o do sector profissional. Porém, as últimas semanas, aguçaram-me o apetite. Ligo a televisão ou a rádio e só oiço milhões, muitos milhões para este e para aquele. Milhões a rodos por transferências, na esmagadora maioria dos casos ascendendo a valores absolutamente pornográficos. Desde há muito que tenho consciência que se ultrapassou o limite do razoável e do bom senso. Porém, as "vendas" continuam em crescimento. Abordo esta questão de uma forma livre, em jeito de desabafo, sem qualquer... eu sei lá como hei-de de me expressar, vou pela palavra mais fácil, sem qualquer inveja, apenas guiado pela observação da loucura total que está aos olhos de todos.
Dir-me-ão que se trata de empresas de natureza privada. Eu sei que a generalidade funciona segundo tais princípios. O talento do futebol é, desde há muito, mercadoria transacionável. É o negócio que comanda tais empresas. Mas também não é menos verdade que uma grande parte dos clubes apresenta sinais de falência ou se encontram sob a alçada das instituições internacionais para cumprirem o designado fair-play financeiro. O que me leva a pressupor que não sabendo quando se verificará o estoiro, certamente, para lá caminham. A bola vai rebentar!
O problema é que toda esta azáfama que polariza as atenções da generalidade dos canais de comunicação, com "debates" estéreis, em horário nobre, normalmente, em redor do nada, acabam por ser ofensivos face a tantos dramas vividos na(s) sociedade(s), particularmente, no quadro da pobreza. Não quero entrar em comparações despropositadas (serão?), por exemplo, trazendo para cima da mesa os míseros salários de cientistas, de investigadores e, entre outros, aqueles que lutam contra o relógio do tempo no campo da ciência que conduz à solução para muitas doenças; tampouco quero entrar no campo dos laureados com um Prémio Nobel, dos artistas, escritores ou, então, dos que participam ao mais alto nível em outras modalidades desportivas. Mas pela minha cabeça passam, forçosamente, as disparidades, os desequilíbrios, a alucinação colectiva pelo espectáculo, a especulação de uns que reduzem a competição desportiva, leia-se campeonato(s) nacional(is) de futebol, a três equipas, com as restantes a comporem o ramalhete dos interesses.
Creiam, que este é, apenas, um desabafo, onde muito fica por equacionar!
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário