A ODE AO DESPORTO, de Pierre de Coubertin, constitui uma súmula de valores inatacáveis. Uma leitura aconselhável para dirigentes desportivos que não o não sabem ser.
Pierre de Coubertin (1863/1937) |
Na semana em que um Jornalista do DN foi agredido por um dirigente do desporto, fui reler o livro "O Desporto e as Estruturas Sociais" do Professor José Esteves. Reli e compaginei a Ode ao Desporto, de Pierre de Coubertin, com um outro notável texto do Professor e meu Amigo Manuel Sérgio (1982), quando, a páginas tantas, sublinha que, infelizmente, o Desporto já não é nada daquilo que a Ode destaca. Porque o capitalismo "unilateriza a visão do Homem, olhando-o como factor de rendimento, como cavalo de corrida. O Deporto já não é Alegria, porque tende a que o Homem seja igual à máquina; já não é Beleza, porque afugenta do belo; não é Justiça, porque o objectivo da estrutura desportiva é manter uma sociedade radicalmente injusta. Talvez, por isso mesmo, surjam as atitudes grotescas que só mancham quem as pratica.
De qualquer forma, aqui fica a ODE AO DESPORTO, numa semana marcada por uma agressão a um Jornalista do Diário. Talvez fosse importante o dirigente em causa passar os olhos e meditar sobre os princípios e os valores inatacáveis que caracterizam o desporto, mesmo na área profissional e mesmo que o tivessem desvirtuado substancialmente.
I
"Ó Desporto, prazer dos Deuses! Essência da vida (...)
II
Ó Desporto, tu és a beleza! És o arquitecto deste edifício que é o corpo, que pode tornar-se abjecto ou sublime, se degrada na vileza das paixões, ou saudavelmente se cultiva no esforço. (...)
III
Ó Desporto, tu és a Justiça! A equidade perfeita, em vão perseguida pelos Homens nas instituições sociais, estabelece-se, por si própria, à tua volta. (...)
Ó Desporto, tu és a Justiça! A equidade perfeita, em vão perseguida pelos Homens nas instituições sociais, estabelece-se, por si própria, à tua volta. (...)
IV
Ó Desporto, tu és a audácia! Todo o sentido do esforço muscular se resume numa única palavra: ousar. (...)
V
Ó Desporto, tu és a Honra! Os títulos que tu conferes não têm qualquer valor se adquiridos por meios diferentes da lealdade absoluta. (...)
Ó Desporto, tu és a Honra! Os títulos que tu conferes não têm qualquer valor se adquiridos por meios diferentes da lealdade absoluta. (...)
VI
Ó Desporto, tu és a alegria! Ao teu chamamento o corpo alegra-se, os olhos sorriem e o sangue circula. (...)
Ó Desporto, tu és a alegria! Ao teu chamamento o corpo alegra-se, os olhos sorriem e o sangue circula. (...)
VII
Ó Desporto, tu és a fecundidade! Por vias indirectas e nobres, encaminhas ao aperfeiçoamento. (...)
Ó Desporto, tu és a fecundidade! Por vias indirectas e nobres, encaminhas ao aperfeiçoamento. (...)
VIII
Ó Desporto, tu és o progresso! Para bem te servir é necessário que o Homem se aperfeiçoe no corpo e na alma. (...)
Ó Desporto, tu és o progresso! Para bem te servir é necessário que o Homem se aperfeiçoe no corpo e na alma. (...)
IX
Ó Desporto, tu és a paz! Estabeleces relações felizes entre os Povos, aproximando-os no culto da força dominada. (...)"
Ó Desporto, tu és a paz! Estabeleces relações felizes entre os Povos, aproximando-os no culto da força dominada. (...)"
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Senhor Professor
Então,afinal,Desporto não é Trabalho?!
O tal sr. Pierre de Coubertin esqueceu-se desse X mandamento?!
Ninguém é perfeito...
É que sempre que,na TV(nas muitas horas dedicadas ao "pé na bola"),os "artistas" botam faladura,eu só oiço,os ditos cujos,falar em Trabalho!!!
Eu cá julgava que isso (o Trabalho) era uma actividade penosa
e que o Desporto(no qual eu pensava incluir-se o jogo da bola)era tudo aquilo que o tal sr. francês escarrapachou de I a IX...
Aprender até morrer, lá dizem os meus compadres,e,desta vez,se calhar, com muita razão!
Um bom Domingo para o Senhor Professor.
Obrigado pelo seu comentário.
Sempre a aprender consigo!
Um grande abraço.
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