Guio-me, apenas, por factos e, desde logo, sublinho, que pouca relevância atribuo que seja este ou aquele "director clínico" no SESARAM. Esse é um assunto entre pares, de reconhecimento profissional e relacional, cuja esfera não domino, nem minimamente!
Mas porque defendo que com a Saúde não se brinca e talvez, por assim alguns não entenderem, o sistema, todos os dias, transmite a existência de um permanente jogo, eu diria, um péssimo "divertimento" de natureza partidária, há muito que me é preocupante que os assuntos deste importante sector tenham uma matriz marcadamente partidária. Uma coisa é discutir o programa de governo para a legislatura ou o orçamento e o plano anual, as opções políticas a que tais documentos se subordinam; outra, bem diferente, é a administração e gestão concreta, no seu dia-a-dia, onde a causa primeira é o utente do serviço regional.
Neste pressuposto, o sistema não deveria pois ficar refém de jogos partidários, dependente da contabilidade dos votos, ao jeito de "tens a minha vénia política se me deres isto e aquilo". Porque, quando o utente passa a vítima dos interesses partidários, obviamente que o sistema, tendencialmente, entra em uma espiral de contra-sensos e de jogos de sombras de difícil retorno. Acaba sempre por transmitir a existência de uma intensa actividade de bastidores onde subsiste uma silenciosa engenharia de golpes e de contragolpes, com perdas de tempo para o que é essencial.
Vou ao facto: através de um extenso artigo que li, assinado pelo Dr. França Gomes, publicado na edição do DIÁRIO de 05 de Dezembro de 2019 - "E agora Mário Pereira?" - entretanto compaginado com os avanços e recuos de natureza partidária, no essencial, em redor de quem assume a direcção clínica do SESARAM, tal leva-me a dizer que a "brincadeira" está a ser levada longe demais. O mínimo que o Dr. França Gomes assumiu nesse texto foi:
"(...) Não sei se farás parte da História e francamente borrifo-me nisso, mas penso que se isso acontecer, será do lado negro!".
Esta posição, em um artigo todo ele frontal e duríssimo na esfera do relacionamento, poderia ou deveria conduzir ao recuo do Dr. Mário Pereira (ex-deputado do CDS) relativamente à sua indicação para líder da referida direcção clínica. Até porque não sei se o artigo em causa corresponde a uma posição isolada ou se ele traz no seu bojo um escudo de protecção de outras figuras do partido maioritário da coligação. Apenas achei estranho, por não ser normal, entre médicos, uma tão frontal e cáustica posição.
Mas não, pelo que foi tornado público, o Dr. Mário Pereira aceitou o lugar. Terá vencido a razão da força partidária ou a força da razão dos argumentos? Não sei. Só quem está por dentro poderá ter uma opinião mais próxima da realidade.
Parece-me, no entanto, conjugada toda a teia já tecida, que se poderá estar em presença de um inevitável ajuste de contas. Na política, diz-se, que a "vingança serve-se fria". Por um lado, a ideia política que resta é a de salvar as aparências de uma coligação muito frágil na desproporção entre forças que a integram; por outro, um contra-ataque ao jeito de "não perdes pela demora", onde nem será necessário escrever um artigo subordinado ao título "E agora França Gomes?".
Que fique claro que tenho com os dois um relacionamento muito cordial.
Ilustração: Google Imagens.
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