E aqui vamos. A agressividade gratuita continua, esquecendo-se os seus mentores que esse foi um chão que deu votos, por comodismo de uns e medo por parte de outros. Creio que uma larga maioria já não aprecia expressões do tipo: "Eles deveriam ser presos" (...) "Foi dar trabalho a um palerma" (...) Não queremos jovens com perguntas ou dúvidas" (...) Que o vento leve as almas que atrapalham" (...) O Funchal não precisa de vocês" (...) "Um bando de impreparados" (...) "Talibães da incompetência" (...) "Calar a voz do governo é um desrespeito à democracia, à Autonomia, à Madeira e a sua cidade"... quando se esquecem que, até 2013, nenhum partido tinha voz no Dia da Cidade!
Sobre os cursos técnicos superiores li o que disse o candidato Dr. Pedro Calado: "(...) São cursos de dois anos. Há uma grande lacuna nesse área. Há muitos jovens a procurarem as áreas técnicas com alguma especialização de ensino profissionalizante e a nível superior que, neste momento, não têm qualquer financiamento, nem atribuição de bolsas de estudo. Será um compromisso nosso e é uma das áreas que queremos muito investir". Não quero comentar alguns lapsos conceptuais (e confusos) que esta declaração contém, mas comento dois aspectos: primeiro, a responsabilidade da política educativa não pertence às autarquias; segundo, da declaração depreende-se que o Dr. Calado, candidato à presidência da Câmara Municipal do Funchal, está contra o Dr. Calado que até há poucos dias foi vice-presidente do governo da Região com a pasta das Finanças. E está contra o secretário regional da Educação que nunca propôs bolsas de estudo com tal finalidade.
É evidente que todos percebemos que o tempo é de feira das promessas. Vive-se, diariamente, um "quem dá mais" no sentido de, por faixas etárias, tentar a conquista do voto. Só que há princípios que não deveriam ser pervertidos, porque existem responsabilidades atribuídas aos governos e às autarquias, daí que considere muito pouco sensato confundir as obrigações de uns e de outros. Se as autarquias garantirem as responsabilidades que lhes incumbe no âmbito dos estabelecimentos de aprendizagem do 1º ciclo, enfim, já é muito bom. O pior é que, tendencialmente, enveredaram pelos manuais escolares e já vão na atribuição de bolsas de estudo. Só o Dr. Calado, julgo eu, deve saber que protocolos fará com o governo no sentido de ter um gigantesco saco de notas para pagar todas as promessas.
O que os munícipes esperam da autarquia do Funchal é muito trabalho nos sectores, áreas e domínios fundamentais para o desenvolvimento e bem-estar dos cidadãos (tanto que há a dizer sobre isto!), o que implica um sentido de missão muitas vezes protocolarizado com o governo regional (a Região é tão pequena!) em total respeito pelas opções político-partidárias dos cidadãos, jamais de pessoas que chumbam orçamentos "por dá cá aquela palha", que cortam financiamentos, criticam e rebaixam malevolamente os outros, quando os próprios apresentam um currículo pouco abonatório. Fazer oposição exige profundo conhecimento das matérias, bom-senso, sentido de oportunidade e elevação discursiva. Tudo o resto é paleio.
Julgo que é tempo de trazer para a política, por um lado, a sensatez e o respeito pelos eleitores, por outro, a negação da agressividade como testemunham as frases com as quais iniciei este texto.
Ilustração: Google Imagens.
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