Desde há muitos anos, 1993, por aí, criámos uma salutar empatia. Apesar de não convivermos, isto é, de sermos pessoas que diariamente se cruzam, a nossa proximidade acaba por ser enorme. Nutro por ele uma grande consideração e respeito sobretudo a dois níveis: primeiro, pela sua inegável luta, com sacrifício pessoal, é preciso dizê-lo, quando desde sempre se colocou ao lado dos "descamisados" da vida. As periferias sociais sempre foram uma preocupação maior e isso, aos olhos de algumas hierarquias, foi sempre visto com desconfiança. Pouco se ralou e continuou; em segundo lugar, pela sua cultura, pelo Homem que sabe produzir as sínteses necessárias no cruzamento dos caminhos e nelas mergulhar e defender. Basta ler os livros que publicou ou passar os olhos pelo seu currículo de vida. Quem não se lembra, entre outros, dos projectos Arco, MAC (escola aberta), a luta contra a exploração sexual e o trabalho infantil!
Aquando da minha passagem pela Assembleia Legislativa, não me lembro de uma única vez, uma proposta minha, sobretudo no sector da Educação, tenha sido chumbada pela sua bancada. Sempre foi sensível aos argumentos de um Sistema Educativo ancorado num pensamento que nada tinha de partidário, mas de visão sobre o futuro. Não esqueço essas suas atitudes que muito me orgulhavam.
O agora Doutor Edgar Silva, depois do grau de Mestre em Teologia Sistemática, atingiu o mais alto grau da formação académica com uma tese "Vendaval de Utopias" - do catolicismo social ao compromisso político em Portugal (1965/1976). Desconheço os traços gerais da sua Tese, mas esta expressão, "vendaval de utopias" trouxe-me logo ao pensamento o diálogo entre o cineasta Fernando Biri e o ilustre escritor e pensador Eduardo Galeano: a utopia está no horizonte. Dou dez passos e o horizonte distancia-se dez passos; dou cem passos e o horizonte distancia-se cem passos. Para que serve, então, a utopia? Serve exactamente para isso, para caminhar.
Parabéns meu Caro Amigo, continue com as exigências das múltiplas utopias face a um Mundo turbulento, assimétrico e de pornográfica pobreza.
Ilustração: Google Imagens.
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