II ENCONTRO DE BANDOLINS DE MACHICO
PADRE JOSÉ MARTINS JÚNIOR
Foi uma noite de emoções muito fortes. A música tem esse condão, toca-nos fundo, desde a sua sua beleza ao relaxamento que provoca. Basta que se goste das sonoridades e nos deixemos embalar na harmonia. Foi isso que eu senti. Parabéns à Câmara Municipal de Machico por este II Encontro de Bandolins.
Uma palavra para a excelência da orquestra bandolinística ribeirabravense e para o exemplar e emotivo desempenho do Duo Norberto Gonçalves da Cruz e Jorge Vidal. Um momento sublime.
Mas não é o espectáculo propriamente dito que aqui me traz. É outra a história. Tal como há livros e textos intemporais, ontem, uma vez mais, concluí que o Padre José Martins Júnior é uma daquelas figuras que jamais a História da Madeira apagará. Todos nós, tarde ou cedo, desaparecemos do palco da vida. Porém, a obra fica, neste caso, imortal. Ao contrário das obras físicas, ainda há dias, por aí foram destacadas 500 obras lançadas pelo governo, o Padre José Martins Júnior tem, ao longo da sua vida, uma só obra quase concluída: a da celebração do ser humano. Aos 84 anos continua, através da música, da poesia, da excelência dos seus textos, da humildade, das reflexões que produz, da lucidez, da racionalidade do pensamento e da sua abertura ao mundo, juntando a sua voz aos muitos desconfortos sentidos, que tornam a pobreza numa paisagem, aos 84 continua, dizia eu, a celebrar a VIDA, enquanto outros apenas "obram".
Não pelo facto de ser seu Amigo, dos nossos diálogos terem o tempero saboroso que o prazer da escuta proporciona, mas por aquilo que ele realmente é. Já aqui o disse uma outra vez que as suas preocupações com o ser humano não são dali, do vale de Machico, da Ribeira Seca, mas de toda a Madeira, de todo o País, porque é uma voz para o Mundo. Que bom seria que as vozes se multiplicassem e produzissem efeitos! Ainda ontem, subtilmente, no dia do miserável e tenebroso ataque a Bucha (fez um ano), pediu que todos, de pé, escutassem o Hino da Ucrânia.
Ele é um Homem atento, um Ser Humano excepcional que não morrerá, apesar de alguns ares enviesados que lhe deitam. Sobretudo os que confundem o exercício da política, pelos interesses que defendem, com a "honestidade intelectual, pedra angular do discurso ético" - Louis M. Guenin.
Convido-vos a seguir este excerto do espectáculo de ontem.
Vídeo: Arquivo próprio
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