Adsense

segunda-feira, 25 de março de 2019

QUANDO A POLÍTICA DESCE AO CANHÃO DA FECHADURA DAS PORTAS...


Esta última semana foi negra para a Saúde e para a Educação. Dois profissionais foram suspensos da sua actividade profissional. Como já aqui referi, não comento as situações no sector da Saúde porque não as domino. Isto, pese embora quem não tenha currículo no sistema de saúde seja presidente do conselho de administração do SESARAM (!). Lamento, isso sim, em uma terra tão pequena, com um governo autónomo, não tivesse sido possível, ao longo dos anos, resolver, tendo por base o diálogo e a concertação de esforços, as situações que têm vindo a público. Certamente que o médico suspenso, por exemplo, não é o culpado pelo atraso de dezenas de milhar de actos médicos, por três secretários nesta legislatura e pela "fuga" de médicos para o sector privado! O resto não comento, porque não sei. Já no sector da Educação, não me tenho coibido de comentar a pouca-vergonha da suspensão de um professor, para além de toda a ausência de orientação política para este sector. E continuarei a fazê-lo. E sendo assim, peçam um bússola para melhor orientação!


O que aqui me traz, não tem a ver com os sectores ou pessoas visadas, mas com os sinais de desnorte que o governo evidencia. A perseguição nunca resolveu nada, antes, sempre revoltou as pessoas. Se não aprenderam isso durante quarenta e tal anos, compaginados com a História de outros quarenta e oito de péssima memória, já lá vão 93 anos, presumo que já não vão a tempo de corrigir. Não é mudando o canhão das fechaduras das portas que os problemas se resolvem. Não é retirando o pão da boca de um professor que atenuarão a revolta. Eu sei, faz parte da matriz. Antes prendiam e para não ficar sujeito à prisão, à tortura e à deportação, a via era a da clandestinidade. Hoje, genericamente, nada disso é necessário, bastando, apenas, suspender aqui ou ali, subtilmente, perseguir este ou aquele com veladas ameaças, retirar meios de subsistência e no bas-fond determinar: "para os amigos tudo, para os inimigos nada e aos restantes aplique-se a Lei". Grave. 


Cheira-me que o poder, esvaindo-se, não tendo mais para dar, escolheu o caminho da rédea curta, do controlo sobre os cidadãos e instituições, gerando um clima de receios ao jeito de, "tá quieto, aguenta, desabafa em casa e no dia D diz-lhes como é".

Cá fora apresentam-se de sorriso largo, com um discurso meloso, de promessas e de ódio de estimação ao inimigo externo; lá dentro, alto e parem o baile, qualquer ovelhinha fora do rebanho que seja colocada de "quarentena". Um empresário criou o slogan "olho no preço"; entre a maioria política (e não só, convenhamos) o slogan é "olho nele(a)". Um governo ou um partido que entra por estes ínvios caminhos não tem futuro. Tempos houve que impuseram o medo; hoje, dão a entender que têm medo. Caso para dizer que a criatura gerada está a engolir o criador.
Ora bem, quando a estratégia é a mudança do canhão das portas ou a suspensão por seis meses de quem não se gosta (e aqui vamos), parecem-me óbvios os tremeliques da idade com indícios de "alzheimer político", sobretudo pela incapacidade de tomar decisões.
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: