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terça-feira, 5 de março de 2019


FACTO

"O governo regional vai gastar 8,3 milhões de euros para destruir e construir de novo a canalização do troço final da ribeira da Madalena do Mar (...) o que se sabe é que aquela solução técnica falhou redondamente nos cálculos da hidrodinâmica ao ter subestimado o histórico de fenómenos de cheia (...) decorrentes de acontecimentos pluviosos intensos e de curta duração (...)" - Fonte: DN-Madeira, edição de hoje.

COMENTÁRIO

Aparentemente a questão central está na segurança de pessoas e bens. Por aí tudo bem. O que me custa aceitar e, certamente, a todos os madeirenses que terão de pagar esta obra, é o facto dos cálculos terem "subestimado o histórico de fenómenos de cheia". Por outras razões, mas na mesma linha de secundarização, temos a Marina do Lugar de Baixo onde o mar levou muitos milhões de euros até ao seu abandono total. Está também, entre outras, a permissão de edifícios na marginal da Calheta, os quais, por precaução e bom senso, não deveriam ser licenciados, face ao perigo decorrente de uma escarpa visivelmente agreste e instável. Agora, chorou-se mais uma morte por exposição ao risco! São, apenas, exemplos, ao correr do pensamento. 
Não é necessário ser técnico para olhar e perceber que não se deve brincar com o risco. Que há zonas extremamente perigosas e que a história deve ser considerada. E como a sabedoria popular nos diz: "a culpa morrerá solteira". Nos casos em apreço, recentemente, uma jovem morreu e, no caso da ribeira, vamos pagar em duplicado. Ninguém é responsabilizado pelos seus actos técnicos e políticos, uns por inaceitável tolerância, outros que acreditaram que "vai dar tudo certo" e outros, ainda, por ausência de rigor.
Ressalvo que não sei de quem é a responsabilidade técnica, quem deu ou não os pareceres, mas li na Missão do Laboratório Regional de Engenharia Civil (acreditado deste 1997) que são suas atribuições: 
"a) Realizar, promover e coordenar estudos de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico nos seus domínios de atuação e cooperar com outras instituições científicas e tecnológicas afins, nacionais e estrangeiras (...)". Esta instituição terá sido considerada? Não sei. Julgo que não!
Seja como for seria interessante vasculhar este processo para esclarecimento da população. Ao fim e ao cabo somos nós, os contribuintes, que vamos pagar 8.3 milhões por uma obra cuja "solução técnica falhou redondamente nos cálculos da hidrodinâmica ao ter subestimado o histórico de fenómenos de cheia (...)". A questão central é esta.
Ilustração: Google Imagens.

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