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domingo, 9 de fevereiro de 2020

Diálogo, obviamente que sim. E se não resultar?


A avaliar pela comunicação social, a situação no SESARAM é muito complexa. Não quero fazer excessivas considerações sobre um assunto que não domino em toda a extensão, até porque, neste processo, existem muitas zonas sombrias. O "bas-fond" não é conhecido. Porém, nas razões mais profundas que opõem um significativo número de médicos ao governo regional da Madeira e, no meio do diferendo, o nomeado director clínico, transparece a existência de um quadro confuso e, notoriamente, de difícil saída para todas as partes envolvidas. Permito-me, apenas, entrar em "modo" de pura especulação.


 Admitamos que os directores de serviço levam avante o que têm manifestado através dos seus porta-vozes. Admitamos, ainda, subtil ou frontalmente, que se negam ao diálogo e endurecem as suas posições. É admissível que assim aconteça porque, é público que se opõem à nomeação do director clínico. Não me parece crível que, agora, estejam dispostos a passar uma esponja sobre as palavras ditas. Se assim não acontecer, muito naturalmente cairão na zona do descrédito. E se as suas posições forem mantidas, obviamente, como corolário, deixarão em xeque o presidente do Governo e o secretário da Saúde, por ausência de negociação consequente. 
E aqui chegados, continuo no domínio da especulação política, a situação complica-se: pode o director clínico, por iniciativa própria, sair de cena evitando uma insanável brecha na coligação político-partidária; ou, mantendo-se no lugar, os directores de serviço são dispensados e nomeados outros elementos com currículo adequado. Situação bem possível, porque há sempre quem esteja na fila a aguardar uma oportunidade. A solidariedade já teve melhores dias. Em qualquer um destes quadros é óbvio que, nos próximos tempos, a estabilidade no sistema será muito difícil de manter.
Bom, e há uma outra hipótese que não é de excluir: que tudo isto seja uma farsa bem orquestrada. Isto é, que a questão em redor do director clínico tenha sido fabricada e, portanto, na prática, vise uma outra intenção: no limite, por razões várias (desgaste e crítica severa ao governo) a sua queda, a marcação de eleições antecipadas e a tentativa do partido maioritário, ao mesmo tempo que sacode o parceiro de coligação, tentar, por essa via, uma maioria absoluta, responsabilizando o actual parceiro pela situação criada. Perverso e por tão pouco? Já assisti na política a situações muito semelhantes. Raramente o que se apresenta na montra transmite o que se reserva em armazém. 
Trata-se, apenas, de uma especulação, repito. De qualquer forma, politicamente, parece existir uma mãozinha por detrás dos arbustos. Ou várias mãozinhas interessadas!
Ilustração: Google Imagens.

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