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sexta-feira, 26 de abril de 2024

25 de Abril - três notas



1. Miguel Sousa Tavares considerou que o Senhor Presidente da República está "fora de controlo" e com "incontinência verbal", tornando-se um "problema" para o país. Concordo. Nos últimos tempos assistimos a situações que não são fáceis de aceitar, quando se trata da principal referência do País: as declarações sobre o seu filho Nuno, sobre a Procuradora Geral da República, sobre o Primeiro-Ministro, sobre o ex-Primeiro-Ministro e, entre outras, sobre um acerto de contas com as ex-colónias portuguesas. Junta-se a isto aquele injustificável parágrafo do comunicado do MP que fez cair o governo e a complexa instabilidade daí gerada. Situações que criaram um generalizado desagrado quer entre os cidadãos quer do ponto de vista político. Um país a braços com tantos problemas por resolver e com o debate político tendencialmente extremado, ao Senhor presidente da República pede-se recato, bom senso e um extremo cuidado com o que diz.

2. O 25 de Abril não tem dono. Nem aos militares que o realizaram. Pertence ao Povo e a sua comemoração é do povo para o povo. Ora bem, que raio de mania esta que sempre que alguma coisa acontece, elementos do governo ou das autarquias têm de subir ao palco para falar ao Povo ali presente? É na "festa" da cebola, do pero, do limão, da castanha, da banana, da uva ou da lapa, eu sei lá... Não há encontro que um qualquer suba ao palco para ali "botar faladura". No espectáculo comemorativo do 25 de Abril, desta feita o Povo não gostou e, por isso, apupou! Escutei com desagrado a assobiadela, mas não deixo de admitir que foi a resposta a uma nova investida política, ainda por cima em um momento onde não deveria existir uma certa "apropriação" de uma data que não é de alguns... é de todos! Parem com essa obsessão, porque o Povo já começou a dizer que não aprecia.



3. Na passagem dos 50 anos de Abril de 1974, a Região deve um pedido de desculpas ao Padre José Martins Júnior. A Região e a Diocese, melhor dizendo. Durante, salvo erro, 42 anos, ele esteve suspenso "ad divinis" através de um maquiavélico processo perpetrado através dessa "santíssima" união da Igreja (Bispos Santana, Teodoro e Carrilho) e os sucessivos governos. Não foi julgado em Tribunal Eclesiástico por qualquer acto atentatório dos seus deveres, tampouco, julgado e condenado por qualquer "crime" cometido. De onde se conclui a perversidade política de uns e de outros. Repito o que há cinco anos aqui deixei: "(...) Eles conhecem todo o enredo montado, os interesses políticos que estiveram em jogo, as manobras de bastidores no sentido de abafar uma voz verdadeira e dissonante, perigosa para os desígnios do poder absoluto. Inventaram, conflituaram e espezinharam um Homem que utilizou a Palavra no sentido da construção de uma sociedade de justiça social em todos os quadrantes. Não pregou a fé e a caridade, mas as causas e os valores para uma vida feliz com direitos e deveres (...)". Como ele bem disse "(...) Ninguém pode servir a dois Senhores. Ou se serve a Cristo ou se serve o Poder (...)".

Neste 25 de Abril teria sido o momento de assumirem um "mea culpa". Andaram quarenta anos a triturá-lo, a mantê-lo em lume brando, mesmo sem qualquer PIDE, contra a vontade do povo da Ribeira Seca, perseguindo um Homem culto, de uma enorme sensibilidade e humanidade. Tomara que muitos líderes seguissem o seu exemplo, o exemplo de um Homem cujo "pecado" foi o de se ter colocado ao lado do Povo, seguindo o ideário do 25 de Abril.

Já que o poder político nunca o fará, Bispos Teodoro e Carrilho peçam perdão!

Ilustração: Google Imagens.

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