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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

UM SECRETÁRIO DO CONTRA, ASSIM A EDUCAÇÃO NÃO VAI LONGE!



E quanto à comunicação social, obviamente que percebi, gostaria de não ter oposição, que todos lhe dissesem ámen, que todos fossem subservientes, mas isso não é possível nos tempos de hoje, onde o sistema educativo, tal como outros, está em permanente observação. É a vida, meu Caro. Sinceramente, preferia um Secretário que não fosse do CONTRA, mas de PROJECTO portador de futuro.


Quem, ao longo de todo o tempo
não tem estado
ao lado dos docentes?
É assim que se enganam as pessoas. O Secretário da Educação utilizou o Jornal da Madeira para a sua propaganda. O tema, naturalmente, o sistema educativo. Todos os que abordam a Educação nada dela percebem, de políticos a sindicalistas. Tudo ignorantes. É o que temos na governação, dirão outros em contraponto! Pareceu-me um artigo de opinião carregado de desespero, de cabeça perdida, de não saber para que lado se há-de voltar, de como justificar o caos que está, alíás, aos olhos de todos, desde os resultados ao financiamento das escolas. Infelizmente, ao contrário de, serenamente, analisar a situação, resolveu partir para o ataque ao mesmo tempo que tentou passar por "amiguinho" dos professores. Vamos a isto.
Sublinhou: "não contem comigo para estar CONTRA as escolas da Madeira e do Porto Santo, contra os professores que aqui trabalham e contra os respectivos alunos! Vou estar sempre do seu lado, CONTRA todos os que os quiserem denegrir, seja com opiniões, "estudos", rankings ou com peças e programas jornalísticos destinados a dar palco às vozes do costume". Lindo!, digo eu. Então não foi este Secretário que deixou os professores durante cinco anos sem progredirem na carreira? Não foi este Secretário que ditou o Bom administrativo que não valeu para nada? Não foi este Secretário que andou com uma Comissão para estudar as questões da avaliação de desempenho e que até hoje não resultou em nada? Não foi este Secretário que passou ao lado de 4000 asssinaturas de educadores e professores que solicitaram a contagem integral do tempo de serviço, tal como aconteceu, nos Açores, e com sucesso? Não foi este Secretário que fez do Estatuto da Carreira Docente uma manta de retalhos? Afinal, quem é que tem estado contra a classe docente? Os professores que reflectem, os sindicatos que avisam ou a própria Secretaria Regional da Educação? 
Passemos ao segundo parágrafo daquele longo texto que nada explica: "Sou CONTRA, como sempre fui, da simplificação das escolas a um mero lugar numa lista enviesada, feita com critérios sempre diversos, reduzindo o saber e as competências dos alunos a um exame anual que vale apenas 30% da nota final e que, no ensino básico, se resume a duas disciplinas". Esta não. Esta não é para um governante. Começo a perceber que a Madeira tem um Secretário que é do CONTRA!
É preciso, politicamente, acordar
para que os alunos
não durmam.
Repito, pela enésima vez, os exames são finais e nacionais, são corrigidos com o mínimo de discrepância entre correctores, portanto, constituem um INDICADOR, apenas isso, porque situa as nossas posições no contexto nacional. Temos de olhar para eles, repito, como um INDICADOR que, em conjunto com outros, não podem nem devem ser escamoteados. Pobres, Senhor Secretário, existem aqui aos milhares, como lá existem às centenas de milhar. E se as realidades são distintas (não as explicitou) a pergunta que se coloca é a de saber o que é que o seu governo tem feito no sentido de combater a pobreza, as assimetrias sociais e culturais.
Depois, partiu para outra, para o ataque político que, confesso, para mim, escorreu-me como a água nas penas de um pato. Diz o secretário: "sou CONTRA os que, pensando que com isso granjeiam adeptos políticos, optam por esgrimir argumentos que mais não visam que destruir a Escola da Madeira, diminuir os seus professores e menorizar os seus alunos, os mesmos que, quando tiveram oportunidade de o provar, pouco ou nada fizeram pela Escola que agora a atacam e acusam de todos os males". Novamente, lindo, eu diria, uma tirada espectacular mas inconsequente. Numa "batalha naval, aquele jogo que muito se joga na adolescência (jogava eu), eu diria que os tiros do Secretário foram para a água. Ao contrário de se mostrar empenhado em perceber as razões, bom, os outros é que são burros! Um ataquezito directo às minhas posições, como se me incomodasse as suas balelas.
É preciso saber ler
a pauta da Educação.
A música será outra.
Fique o douto Secretário a saber que sempre fui professor e só, excepcionalmente, político. Sei do que falo porque, humildemente, estudo (não tenho jeito para escrever livros para crianças, por isso, gabo-lhe essa veia e, provavelmente a isso devia dedicar-se) e porque nunca ocupei lugares públicos (por isso, nunca pude provar) que não estivessem directamente ligados à minha função profissional. É por isso que tenho uma carta de louvor da minha escola, quando de lá saí, pelo trabalho realizado (dos Colegas por quem nutro uma amizade e carinho especial) e, no desporto, não vou aqui enumerar o trabalho e os resultados obtidos. Aliás, nunca gostei de falar do passado porque a vida continua. Mas nesse campo deve o governo se ter enganado quando me entregou a medalha de "Mérito Desportivo", no regresso dos Jogos Olímpicos de Seoul/Coreia do Sul.
Mas vamos mais adiante:"sou CONTRA um sistema de ensino alternativo que vise eliminar as retenções, que quer os alunos de "bibe" até ao secundário, que pugne pelo fim do apoio ao ensino privado, que defende rácios irrealistas na composição das turmas e na dimensão das escolas e no planeamento da rede, que defenda uma acção social sem critério de rendimento, que queira destruir a Escola a Tempo Inteiro, que pretenda provocar a falência das instituições provadas e o desemprego dos docentes e não-docentes lá empregados, que seja absolutamente irresponsável do ponto de vista da gestão dos recursos públicos".
Reconheço que há muita carga,
isto é muitos problemas
para solucionar. 
Daí o desequilíbrio. 
Ora bem, aqui o secretário (intencionalmente com letra minúscula) bate no fundo. Politicamente, os tiros não foram para a água, mas de pólvora seca, daqueles que fazem ruído mas são do tipo "timex", não adiantam nem atrasam. No plano educativo não sabe o que diz, pois nega a Autonomia da Madeira, nega um sistema que combata o insucesso escolar através da intervenção precoce, ignora, completamente, que o número de alunos por escola e por turma está indissociavelmente ligado ao sucesso/insucesso, ignora, totalmente, o que grandes investigadores dizem, negativamente, sobre a Escola a Tempo Inteiro (não sou eu que o digo - tive esse cuidado) e sobre a organização do mundo do trabalho, não percebe que o problema da Acção Social Educativa não pode assentar nas migalhas que dão aos alunos, mas numa política de família e social de outra dimensão para que a escola não assuma o papel de remediadora social. Desconhece e, politicamente, não percebe que "não há professores a mais, mas sistema educativo a menos. Não aceita que a Escola Pública está em primeiro lugar e que a Escola Privada, que tem a sua razão de ser, deve ser vista como supletiva, como uma alternativa da livre escolha dos pais. Ah, quanto à história do "bibe", queria, certamente, dizer bata escolar, aí, pergunte a muitos professores e leia os pareceres que existem sobre essa matéria. Vá às escolas privadas que tanto defende e pergunte porque é que as usam ou, então, porque exigem uma farda! Pergunte. Mas entrar na pequenez da "bata" face à dimensão do problema chamado EDUCAÇÃO, apenas significa que não percebeu o significado do "Regime Jurídico do Sistema Educativo da Região Autónoma da Madeira" que apresentei na Assembleia e que o PSD chumbou. Não percebeu ou não quis perceber. Um dia, nele vão pegar (como é costume), pintam-no e apresentam-no como seu.
Mas regressemos aos "ranking's", pelos quais não tenho qualquer fixação obsessiva. Olho-os como um INDICADORQue os há para todos os gostos, senhor Secretário? Faça como eu, por uma questão de aferição, sigo apenas um único protocolo, sempre o mesmo jornal, por que os critérios de análise são os mesmos. Não me ponho a perder tempo se, aqui, a escola A ficou em 150º lugar e, no outro jornal, em 160º. Para além das variações não serem significativas, o que deve estar em causa não é posição em si mesma, mas o grau de grandeza. Alias, vamos ser claros, se a Madeira apresentasse 15 escolas entre as 100 primeiras, o discurso do Secretário seria de empolgamento, de satisfação pelo trabalho realizado, de aplauso e esmagamento do que a oposição tem vindo a equacionar. O problema é que não é isso que acontecesse. Infelizmente.
Todos podem ver o jogo político
que está por detrás da palavra.
Salienta, ainda, o secretário: "Defenderei sempre o rigor, a exigência, o trabalho, a disciplina, o estudo, a investigação, a aferição, os exames, mesmo que isso nos custe descer uns lugares nas famigeradas tabelas com que, anualmente, a oposição e a comunicação social se entretêm dias a fio". Pois, aqui já dá a entender que, lá no fundo, os "ranking's" dizem-lhe alguma coisa. Mas não é sobre isso que quero escrever. Não passa de uma boa intenção essa do rigor, da exigência, etc., só que os resultados não testemunham isso. A indisciplina existe e por todo o lado com os professores a se queixarem, a falta de estudo é gritante, o sentido de investigação, até junto dos professores, foi negado pelo PSD, quando propuz um paradigma de avaliação de desempenho. E quanto à comunicação social, obviamente que percebi, gostaria de não ter oposição, que todos lhe dissesem amén, que todos fossem subservientes, mas isso não é possível nos tempos de hoje, onde o sistema educativo, tal como outros, está em permanente observação. É a vida, meu Caro.
Da minha parte estarei sempre atento e estou sempre disposto para confrontar os seus posicionamentos com os meus. Sem verdades absolutas, apenas como contributo pelo que vou lendo e aprendendo com quem sabe mais do que eu. Não me refugiu atrás de uma secretária, senhor Secretário! Sinceramente, preferia um Secretário que não fosse do CONTRA, mas de projecto portador de futuro, capaz de assumir os problemas e de negociar as soluções. A política é isso mesmo, a arte do possível da negociação a caminho do óptimo social.
Ilustração: Google Imagens.

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