E quanto à comunicação social, obviamente que percebi, gostaria de não ter oposição, que todos lhe dissesem ámen, que todos fossem subservientes, mas isso não é possível nos tempos de hoje, onde o sistema educativo, tal como outros, está em permanente observação. É a vida, meu Caro. Sinceramente, preferia um Secretário que não fosse do CONTRA, mas de PROJECTO portador de futuro.
Quem, ao longo de todo o tempo não tem estado ao lado dos docentes? |
É assim que se enganam as pessoas. O Secretário da Educação utilizou o Jornal da Madeira para a sua propaganda. O tema, naturalmente, o sistema educativo. Todos os que abordam a Educação nada dela percebem, de políticos a sindicalistas. Tudo ignorantes. É o que temos na governação, dirão outros em contraponto! Pareceu-me um artigo de opinião carregado de desespero, de cabeça perdida, de não saber para que lado se há-de voltar, de como justificar o caos que está, alíás, aos olhos de todos, desde os resultados ao financiamento das escolas. Infelizmente, ao contrário de, serenamente, analisar a situação, resolveu partir para o ataque ao mesmo tempo que tentou passar por "amiguinho" dos professores. Vamos a isto.
Sublinhou: "não contem comigo para estar CONTRA as escolas da Madeira e do Porto Santo, contra os professores que aqui trabalham e contra os respectivos alunos! Vou estar sempre do seu lado, CONTRA todos os que os quiserem denegrir, seja com opiniões, "estudos", rankings ou com peças e programas jornalísticos destinados a dar palco às vozes do costume". Lindo!, digo eu. Então não foi este Secretário que deixou os professores durante cinco anos sem progredirem na carreira? Não foi este Secretário que ditou o Bom administrativo que não valeu para nada? Não foi este Secretário que andou com uma Comissão para estudar as questões da avaliação de desempenho e que até hoje não resultou em nada? Não foi este Secretário que passou ao lado de 4000 asssinaturas de educadores e professores que solicitaram a contagem integral do tempo de serviço, tal como aconteceu, nos Açores, e com sucesso? Não foi este Secretário que fez do Estatuto da Carreira Docente uma manta de retalhos? Afinal, quem é que tem estado contra a classe docente? Os professores que reflectem, os sindicatos que avisam ou a própria Secretaria Regional da Educação?
Passemos ao segundo parágrafo daquele longo texto que nada explica: "Sou CONTRA, como sempre fui, da simplificação das escolas a um mero lugar numa lista enviesada, feita com critérios sempre diversos, reduzindo o saber e as competências dos alunos a um exame anual que vale apenas 30% da nota final e que, no ensino básico, se resume a duas disciplinas". Esta não. Esta não é para um governante. Começo a perceber que a Madeira tem um Secretário que é do CONTRA!
É preciso, politicamente, acordar para que os alunos não durmam. |
Repito, pela enésima vez, os exames são finais e nacionais, são corrigidos com o mínimo de discrepância entre correctores, portanto, constituem um INDICADOR, apenas isso, porque situa as nossas posições no contexto nacional. Temos de olhar para eles, repito, como um INDICADOR que, em conjunto com outros, não podem nem devem ser escamoteados. Pobres, Senhor Secretário, existem aqui aos milhares, como lá existem às centenas de milhar. E se as realidades são distintas (não as explicitou) a pergunta que se coloca é a de saber o que é que o seu governo tem feito no sentido de combater a pobreza, as assimetrias sociais e culturais.
Depois, partiu para outra, para o ataque político que, confesso, para mim, escorreu-me como a água nas penas de um pato. Diz o secretário: "sou CONTRA os que, pensando que com isso granjeiam adeptos políticos, optam por esgrimir argumentos que mais não visam que destruir a Escola da Madeira, diminuir os seus professores e menorizar os seus alunos, os mesmos que, quando tiveram oportunidade de o provar, pouco ou nada fizeram pela Escola que agora a atacam e acusam de todos os males". Novamente, lindo, eu diria, uma tirada espectacular mas inconsequente. Numa "batalha naval, aquele jogo que muito se joga na adolescência (jogava eu), eu diria que os tiros do Secretário foram para a água. Ao contrário de se mostrar empenhado em perceber as razões, bom, os outros é que são burros! Um ataquezito directo às minhas posições, como se me incomodasse as suas balelas.
É preciso saber ler a pauta da Educação. A música será outra. |
Fique o douto Secretário a saber que sempre fui professor e só, excepcionalmente, político. Sei do que falo porque, humildemente, estudo (não tenho jeito para escrever livros para crianças, por isso, gabo-lhe essa veia e, provavelmente a isso devia dedicar-se) e porque nunca ocupei lugares públicos (por isso, nunca pude provar) que não estivessem directamente ligados à minha função profissional. É por isso que tenho uma carta de louvor da minha escola, quando de lá saí, pelo trabalho realizado (dos Colegas por quem nutro uma amizade e carinho especial) e, no desporto, não vou aqui enumerar o trabalho e os resultados obtidos. Aliás, nunca gostei de falar do passado porque a vida continua. Mas nesse campo deve o governo se ter enganado quando me entregou a medalha de "Mérito Desportivo", no regresso dos Jogos Olímpicos de Seoul/Coreia do Sul.
Mas vamos mais adiante:"sou CONTRA um sistema de ensino alternativo que vise eliminar as retenções, que quer os alunos de "bibe" até ao secundário, que pugne pelo fim do apoio ao ensino privado, que defende rácios irrealistas na composição das turmas e na dimensão das escolas e no planeamento da rede, que defenda uma acção social sem critério de rendimento, que queira destruir a Escola a Tempo Inteiro, que pretenda provocar a falência das instituições provadas e o desemprego dos docentes e não-docentes lá empregados, que seja absolutamente irresponsável do ponto de vista da gestão dos recursos públicos".
Reconheço que há muita carga, isto é muitos problemas para solucionar. Daí o desequilíbrio. |
Mas regressemos aos "ranking's", pelos quais não tenho qualquer fixação obsessiva. Olho-os como um INDICADOR. Que os há para todos os gostos, senhor Secretário? Faça como eu, por uma questão de aferição, sigo apenas um único protocolo, sempre o mesmo jornal, por que os critérios de análise são os mesmos. Não me ponho a perder tempo se, aqui, a escola A ficou em 150º lugar e, no outro jornal, em 160º. Para além das variações não serem significativas, o que deve estar em causa não é posição em si mesma, mas o grau de grandeza. Alias, vamos ser claros, se a Madeira apresentasse 15 escolas entre as 100 primeiras, o discurso do Secretário seria de empolgamento, de satisfação pelo trabalho realizado, de aplauso e esmagamento do que a oposição tem vindo a equacionar. O problema é que não é isso que acontecesse. Infelizmente.
Todos podem ver o jogo político que está por detrás da palavra. |
Da minha parte estarei sempre atento e estou sempre disposto para confrontar os seus posicionamentos com os meus. Sem verdades absolutas, apenas como contributo pelo que vou lendo e aprendendo com quem sabe mais do que eu. Não me refugiu atrás de uma secretária, senhor Secretário! Sinceramente, preferia um Secretário que não fosse do CONTRA, mas de projecto portador de futuro, capaz de assumir os problemas e de negociar as soluções. A política é isso mesmo, a arte do possível da negociação a caminho do óptimo social.
Ilustração: Google Imagens.
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