Li e reli partes desta entrevista e projectei-a muito para além do contexto dos conflitos que um Embaixador tem de gerir quando os portugueses são apanhados em situações de conflito e de guerra onde trabalham. No exercício da política a "agressividade" muitas vezes também vem da "ignorância". A ausência de conhecimento, de estudo, a ambição desmedida, o egoísmo, a ausência das próprias limitações, os interesses pessoais em detrimento dos colectivos, conduzem, mor das vezes, a um sinal de intolerância e de agressividade que se explicam nessa ausência de conhecimento. É por isso que achei interessante a síntese do Dr. António Monteiro: "quanto mais se conhece mais se tolera. É preciso essa educação para perceber os outros".
Tenho tido essa felicidade e privilégio, enquanto português, pelo menos uma vez por ano, de sair da Região. Razão tinha Jorge de Sena (1968): "os portugueses deviam ser obrigados a viajar para fora das fronteiras nacionais. Não para chegarem a Paris ou a Bruxelas e aí se comprazerem numa tasca tipicamente portuguesa ouvindo fados e comendo sardinhas assadas. Mas para verem como era a Europa além fronteira e adquirirem assim a consciência real do povo que eram e do país que tinham". Li este excerto de uma entrevista à BBC, no livro de Leonel Cosme, Os Portugueses - Portugal a Descoberto".
Há dias, no regresso de Viena de Áustria, li, na revista de bordo, uma interessante entrevista ao Embaixador Dr. António Monteiro, carinhosamente apresentado como um profissional das viagens, julgo que assim estou a interpretar bem. A páginas tantas, dizia: "Viajar é sempre uma aprendizagem. E uma das grandes lições que tirei da minha vida profissional e das situações de conflito com que tive de lidar é que a agressividade vem da ignorância. Quanto mais se conhece mais se tolera. É preciso essa educação para perceber os outros". A posição de Jorge de Sena compagina-se com as do Embaixador António Monteiro. Por um lado, viajar, implica conhecer, meter o nariz em tudo ou quase tudo, de catedrais a museus, meter-se na idiossincrasia de um povo, na sua cultura, na estrutura social e não passar horas, por exemplo, em restaurantes comprazendo-se com actos gastronómicos (é verdade que também é cultura, mas não a essencial). Pessoalmente, prefiro entrar em um supermercado pegar em uma sandes, numa peça de fruta, numa água e toca a andar. Quando se opta pela viagem, sinónima de enriquecimento pessoal, damos razão a Jorge de Sena, esse notável poeta, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário. Complementarmente, vamos de encontro à síntese do Embaixador António Monteiro, quando sublinha que a "agressividade vem da ignorância".
Li e reli partes desta entrevista e projectei-a muito para além do contexto dos conflitos que um Embaixador tem de gerir quando os portugueses são apanhados em situações de conflito e de guerra onde trabalham. Projectei-a no exercício da política onde a "agressividade" muitas vezes também provém da "ignorância". A ausência de conhecimento, de estudo, a ambição desmedida, o egoísmo, a ausência das próprias limitações, os interesses pessoais em detrimento dos colectivos, conduzem, mor das vezes, a um sinal de intolerância e de agressividade que se explicam nessa ausência de conhecimento. Achei, por isso, interessante a síntese do Dr. António Monteiro: "quanto mais se conhece mais se tolera. É preciso essa educação para perceber os outros".
Ilustração: Google Imagens.
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