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terça-feira, 8 de novembro de 2011

TOLERÂNCIA DE PONTO


Dispensa para quê? Para ouvir a mesma lengalenga, o discurso de circunstância, as palavras redondas e sem significado, folhas digitadas de paleio que não enchem a barriga dos pobres, dos desempregados e dos empresários? Ouvir a picardia com os de lá, a mentira dita com tom sério e assistir aos salamaleques entre os da corte? Poupem-nos!


Se há rali, logo há tolerância de ponto, se o governo toma posse, obviamente, que se impõe a tolerância. Este Dr. Jardim não tem emenda. Rali e governo compaginam-se, sempre em alta velocidade, "sempre prà frente" até ao "estampanço" final. E sempre com os funcionários públicos a assistir.
Já não falo sequer da necessidade de cumprir os horários trabalho, mas de uma região em falência que precisa, no mínimo, de oferecer, nos planos interno e externo, uma imagem de rigor e de responsabilidade. Ficarão a funcionar os "serviços mínimos" e obrigatórios, aliás, à imagem deste governo perene cujos serviços assim também podem ser caracterizados. Por outro lado, dispensa para quê? Para ouvir a mesma lengalenga, o discurso de circunstância, as palavras redondas e sem significado, folhas digitadas de paleio que não enchem a barriga dos pobres, dos desempregados e dos empresários? Ouvir a picardia com os de lá, a mentira dita com tom sério e assistir aos salamaleques entre os da corte? Poupem-nos!
O povo da Madeira, aquele povo sofredor que dia-a-dia aumenta e desespera, dispensa os discursos de circunstância, as palavras mil e uma vezes ditas embora sem significado prático. O que essa gente, esses milhares que lutam pelo pão que o diabo anda por aí a amassar, precisa é de atitudes políticas que, a prazo, resolvam ou minimizem os seus problemas. Não precisam de se pespegar frente ao ecrã para ouvir alguns a parolar inutilmente. Simplesmente porque é assim há trinta e tal anos e tanto assim é que, hoje, os 75.000 pobres não são uma ficção, os 20.000 desempregados não constituem uma criação dos partidos da oposição e a dívida pública, na ordem dos oito mil milhões, constitui a pesada herança que todos, inclusive os vindouros, terão de suportar.
Ora, os discursos irão de encontro a estas realidades? Obviamente que não. Os discursos terão em consideração as dificuldades e como delas sair? Obviamente que não. Se, na campanha eleitoral, nem uma palavra foi dita, se o Senhor Representante da República escondeu-se atrás de um biombo ignorando a existência dos partidos, se dele nunca se ouviu uma atitude no quadro da sua magistratura de influência, uma vez que representa o Senhor Presidente da República, pergunto, que discurso poderá fazer amanhã que não seja o de circunstância?
Ora, eu sempre fui contra as intervenções políticas "insípidas, incolores e inodoras" qual água que passa nas penas de um pato. Não molham, não chegam a dentro! Aprecio a frontalidade com elevação e o discurso sereno mas acutilante. Sentar-me à frente da televisão para ouvir os do costume quando sei que a embalagem não corresponde ao conteúdo, alto, nessa não caio. Prefiro, à noite, ouvir a síntese, no telejornal. É mais curto e menos enfadonho. Daí que, tolerância de ponto, para quê? Para conquistar os funcionários públicos, quando, desde há muito, não se assiste a uma única atitude de compreensão? Tenho presente os PEC's e o que o governo dos Açores, ao contrário do da Madeira, fez no sentido de atenuar as consequências das medidas de austeridade de então. E lembro-me, por exemplo, dos funcionários públicos e dos professores em particular que viram contados os 28 meses (congelamento) para efeitos de reposicionamento e progressão nas suas carreiras bem como o pagamento dos retroactivos. Lembro-me do que se passou na Madeira em que o governo os desprezou. E agora vêm com esta tolerância de ponto! É preciso ter muita lata.
Ilustração: Google Imagens.

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