Nota prévia: sou socialista e militante. Fui um participante activo, ao longo de muitos anos, até ao ponto de, livremente, assumir que tudo tem um tempo e que o meu deveria terminar. Hoje, sou um mero observador e amigo de muitos com quem tive o prazer de colaborar na defesa da carta de princípios pela qual sempre me regi. Este distanciamento permite-me, hoje, um olhar descomprometido, mais sereno e menos emotivo. E é por isso que escrevo.
Começo com três palavras: obrigado Carlos Pereira. Finalmente, o Partido Socialista, sob a sua égide, regressou aos seus bons e relevantes tempos idos. Por razões que me dispenso analisar, muito menos criticar, até porque também estive envolvido, o PS mergulhou em uma situação deveras preocupante. Perdeu credibilidade política, perdeu notoriedade social e perdeu eleitores. Por isso dirijo-me a si, Carlos: foi com o seu persistente trabalho, extremamente mobilizador de equipas, estrategicamente bem gizado em várias frentes, que penso ser claro que, no plano regional, com todo o respeito pelas outras forças, a política está bipolarizada. Está o PSD, por um lado e o PS pelo outro. As iniciativas políticas, no quadro de um sentido propositivo muito sério e obstinado, quer na República, quer na Região, disso dão conta. E o que me leva a escrever estas linhas é o facto de ter o sentimento que a população não vai perdoar qualquer desinteligência ou tentativa de desestabilização. A Madeira precisa de um poder alternativo regional politicamente forte, consistente, aberto à sociedade, propositivo, credível, respeitado e capaz de uma ruptura com o rotineiro pensamento dominante. Espero, perdoem-me a expressão, que cada "macaco fique no seu galho" e contribua para o sucesso colectivo. Eu diria que não faz qualquer sentido a existência de olhares enviesados, passos superiores à perna, declarações intempestivas ou campanhas silenciosamente pensadas e orquestradas. Sempre que isso aconteceu acabou por ser aniquilador da esperança.
Carlos Pereira, a quem se deve o facto de ter denunciado a "colossal" dívida da Madeira quando todo o poder a negava, e a quem se deve uma grande parte das propostas no âmbito da economia e das finanças, sectores de centralidade absoluta da Região, o político que ninguém ousa contestar os seus argumentos porque são fundamentados em estudos (vide o livro "A Herança"), tem, indiscutivelmente, a responsabilidade de apresentar, em 2019, um programa que rompa, nesse ano, com 43 anos consecutivos de uma política que conduziu a Madeira a uma dupla e severa austeridade por dívidas absolutamente tresloucadas, ao desemprego e à pobreza. Finalmente, há por aí gente preocupada com a sua acção, inclusive na comunicação social. Há que surfar os interesses instalados porque a qualidade acabará sempre por vencer.
Ilustração: Google Imagens.
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