Quem acompanha a política lembra-se, certamente, do caso Miguel Relvas, "ex-ministro" do governo de Pedro Passos Coelho. Descobriram que ele precisava de 180 créditos e 36 cadeiras para obter o grau académico de Licenciado. A Universidade Lusófona concedeu-lhe, de imediato, 150 créditos, tendo o "aluno" Miguel Relvas concluído a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, em cerca de um ano, realizando, apenas, quatro "cadeirinhas". Nota final, entre equivalências e os quatro "exames", onze valores. Era, doravante, o senhor Dr.!
As equivalências foram concedidas pela "experiência e formação profissionais". Até uma passagem por um rancho folclórico contou, como destacou o jornal Público na edição de 27 de Outubro de 2012. Levantado o problema, Relvas perdeu o título, confirmado pelo Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa. Entretanto, o antigo ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares do governo de Passos Coelho decidiu não recorrer. Miguel Relvas fez então, segundo o Sol, as duas disciplinas para substituir as que a Justiça tinha considerado irregulares. Relvas obteve 13 em Direito Administrativo e 16 em Teoria das Relações Internacionais. Doravante, é, novamente, o senhor Dr.!
Não me parece irrelevante discutir este assunto. As equivalências só deveriam ser concedidas, não mediante currículo profissional, mas através de uma análise comparada entre exames já realizados e as disciplinas que alguém pretenda realizar para obtenção de uma outra licenciatura. Tudo o resto é perverso, indigno e imoral, sobretudo para a instituição que confirma o título académico. Os candidatos só fazem aquilo que as instituições permitem, através dos seus regulamentos internos. Milhares de jovens pagam propinas, pagam livros e todo o material necessário, estudam, submetem-se a exames, sofrem com os encargos que reconhecem estar nos limites das possibilidades dos pais, muitos desistem por essa mesma razão e, enquanto isto, surge um sujeito que pela "experiência e formação profissionais" atinge a meta em um abrir e fechar de olhos. Pode ser, para alguns, o senhor Dr., para mim e, certamente, para muitos, não passará, no plano académico, de ser o Senhor Relvas!
Ilustração: Google Imagens.
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